
Toda a gente é psíquica, mas até os músculos psíquicos se treinam. Como? Restabelecendo o contacto entre nós e nós mesmas… Desenvolver a intuição é descobrir a ligação entre os ritmos externos e os nossos ritmos internos. Pronta para começar?
1 Desenvolva os sentidos
Principalmente aqueles que usamos menos, como o olfacto.
Era-nos essencial na Pré-História, mas agora desapareceu praticamente, a não ser quem tenha filhos ou irmãos mais novos com ténis especialmente ‘activos’. Faça esta experiência: feche os olhos o que é que cheira? O que é que ouve? De repente, apercebemo-nos de que até o silêncio está cheio de sons. Se for à piscina, experimente fechar os olhos e sentir como a água fica de repente tão diferente.
2 Saia do telemóvel
A intuição é alérgica ao barulho. Também é alérgica às outras pessoas, porque tudo isto nos arrasta para fora, e a intuição é a reunião de todas as energias como um casaco que se enrola à nossa volta, para nos concentrarmos no nosso interior. Claro que não vamos andar de casaco para sempre, e também não é preciso emigrar para o campo onde só há o som do vento e dos passarinhos, mas esta introspecção é imprescindível a quem quiser treinar para intuitiva.
3 Sinta a energia
É uma coisa que todas nós sentimos, mas nem sempre conscientemente: quem a faz sentir mais alerta? Quem a deita abaixo? Quem a deprime? Lembra-se dos ‘vampiros’ que nos sugam a energia? Afaste-se deles sempre que possível, e passe mais tempo com as pessoas que a fazem sentir feliz.
4 Desvende o código
Os gurus falam muito em ‘sinais’: há quem funcione bem com eles, há quem ache, ao contrário de Margarida Rebelo Pinto, que há coincidências, sim, e que elas são só isso, coincidências. Em todo o caso, não custa estar atenta. Há sinais tão subtis que nem damos por eles. Há os que vêm com neons de todas as cores e nos caem na cabeça. Pode ser uma cantiga, um livro, uma palavra… Mas, como dizia Picasso, é bom que a inspiração te encontre a trabalhar. Aqui também é bom que a intuição a encontre com todos os sentidos despertos.
5 Ouça a sua intuição
Então não é disso que estamos a falar? Pois é: mas, na maioria das vezes, já somos mais intuitivas do que pensamos. Quando pensamos ‘não me apetece!’, isso é um pensamento intuitivo. Faça mais o que lhe apetecer: isso é intuição. Quando não sabemos o que fazer, às vezes na maioria das vezes, já tomámos a nossa decisão, mas por qualquer razão não temos coragem de a levar adiante. Respeitar a sua intuição é respeitar a sua verdade mais profunda.
6 Agarre o presente
Andamos pela vida a ver, cheirar, tocar, mas nunca pensamos de facto naquilo que estamos a fazer. De vez em quando faça uma pausa, tenha noção do que se passa à sua volta.
7 Tenha paciência
Então, e se eu receber um sinal, mas… AHHHHH!!! Não percebo nada do que ele diz! Se isto acontecer, não se preocupe. Não queira saber tudo JÁ! Outra coisa que temos de aprender com a intuição é que ela funciona a um ritmo diferente do nosso. Encoste-se e espere. Enfim, se tiver tempo para isso (se o tigre vier a correr na su direção, o melhor mesmo é fugir). Dizem os gurus que, se for mesmo importante que você perceba a mensagem, e se você permanecer atenta, há-de perceber.
8 Conduza pela direita
O cérebro é um mundo bem organizado.
À direita, bem-vindos ao país da visão global, da entoação e da intuição. Geralmente ele é controlado pelo país vizinho, analítico, verbal e lógico. Imagine que tem de encontrar uma bola amarela entre várias bolas brancas. Se for dominada pelo lado esquerdo do cérebro (como somos quase todos), segue a lógica linear: vai bola a bola até encontrar a amarela. Uma pessoa dominada pelo lado direito espalha as bolas todas para ter uma visão de conjunto. No dia-a-dia, é o lado esquerdo que domina, o que é lógico: muitas vezes a sobrevivência depende disso. Mas há formas de ‘ativar’ o direito. Esta é divertida: pegue num desenho, vire-o de pernas para o ar e copie-o assim mesmo, sem perceber o que está a desenhar…
9 Não censure
Geralmente, a intuição quer falar: nós é que não queremos ouvir.
Lembra-se daquela sua amiga com um casamento pelas ruas da amargura? De certeza que pensámos “ai, mas só ela é que não percebia que ele a enganava com todas até com a rena do Pai Natal”. Pois, provavelmente, ela percebia, mas não queria ver.
Quando as coisas correm o risco de nos magoar, o subconsciente impede-nos de as ver. Por isso, seja forte, tire a venda, tire conclusões. E, se possível, aprenda com os erros das outras.
10 Ponha uma música calma
Deixe correr o ‘filme’ que o seu cérebro quiser passar, mesmo que lhe pareça pateta ou sem sentido.
11 Alimente o subconsciente
A intuição é uma espécie de ‘motor de busca’ subconsciente, que vai procurar em todos os ‘ficheiros’ do cérebro a solução para um dado problema. Por isso, quanto mais bem ‘alimentado’ estiver o seu subconsciente, melhor. Formas de fazer isso: não, não estamos a falar de ómega 3. Leia muito, interesse-se por várias coisas, observe as pessoas, ouça o que lhe dizem, converse, comunique. Lembra-se do canal infinito? Abra a sua mente… Nunca se sabe aquilo que o seu cérebro vai achar útil.
12 Deixe-se ir
Uma das coisas mais difíceis de fazer é escapar ao controlo do cérebro, até porque é a última coisa que o cérebro está preparado para fazer, e, portanto, ele defende-se. Sente-se num sítio sossegado, onde não possa ser interrompida (despensa? casa de banho?), se quiser, acenda uma vela, concentre-se na respiração e durante uns minutos fique no momento presente e tente não pensar em nada. Deixe os pensamentos virem à superfície, como bolhas num copo de água com gás, e desaparecerem.
13 Fale com os outros
A nossa vida não é toda sobre nós: interesse-se pelos outros, encontre nos outros o que faz parte de si, aprenda com o que não faz. Crie laços, faça amizades, desenvolva empatias, fique ligada. O mundo é muito grande para vivermos isolados.
14 Volte para dentro
A nossa vida é toda voltada para fora: é o frigorífico que avariou, o dinheiro que desaparece, o bebé que chora e não se sabe porquê, o relatório para acabar, a sopa para aquecer… Toda a nossa energia é virada para fora, para aquilo que é preciso fazer. De vez em quando, contrarie, trave a fundo, volte para dentro: basicamente, desenvolver a intuição consiste em aperfeiçoar o diálogo entre você e você mesma. Pense naquilo que está a acontecer, naquilo que você quer, naquilo que não quer. Não pense em nada.
15 Deixe-se entristecer
Às vezes também faz falta. Não tenha medo da tristeza. O inverno está no fim. Aprenda com ele. E depois renasça.