Foto Pexels/Alleksana

1 Pessoas com quem andámos ao colo… já têm bebés ao colo. Quando não a estudar frações. A última vez que vimos a Ritinha ela tinha 6 anos e estava numa birra monumental porque queria um coelhinho cor-de-rosa no hipermercado. Agora tem 28 e já nem sequer está na universidade, já acabou o MBA em Direito Fiscal (foi do trauma do coelho) e trabalha para o SIS (achamos nós, embora ela não assuma).

2 Pensamos três vezes antes de dizer que sim a qualquer coisa que acabe depois da meia noite.
Claro que às 10 da noite já estamos a cair de sono e com olheiras e a pensar que era muito mais divertido estar no sofá a ver a 56.ª reposição do ‘Titanic’, e depois das 11 já aceitávamos tudo, qualquer coisa que viesse acoplada a sofá e casa. Dantes a vida não era tão cansativa e tínhamos mais paciência para coisas que não mereciam a nossa paciência.

3 Toda a gente nos trata por “minha senhora”. Até os taxistas. Isto é o fundo do poço. Quando até já os taxistas olham para nós e nos chamam automaticamente “minha senhora” em vez de “ó menina” a vida deixou de valer a pena.

4 Os nossos pais com a nossa idade já tinham filhos adultos. É verdade que os tempos eram outros, mas ‘antigamente’ era-se adulto muito mais cedo… Pensar que a sua mãe com 20 anos já era mãe, é uma coisa que a põe doente. Com 20 anos, andávamos a pensar se o Vasco gostava mesmo de nós, se nos deixariam ir acampar ao Algarve e que nota teríamos a, sei lá, artes gráficas.

5 Gente que nasceu nos anos 90 já é trilionária. Tipo o Justin Bieber ou a Selena Gomez. É ainda mais deprimente do que a alínea dos que já estão na universidade (ou mesmo dos que já saíram da universidade), porque a essa ainda conseguíamos habituar-nos, ou aos que já têm filhos e ainda há tão pouco tempo tinham deixado o coelho cor-de-rosa. Adenda: gente que nasceu em 2004 também já é milionária, como a Millie Bobby Brown. Adenda 2: achamos que alguém que nasceu em 2004 é bebé e em 1990 tem 10 anos.

6 Achamos os homens da nossa idade velhíssimos. As mulheres também. Nós é que estamos fantásticas.

7 Só aceitamos no Facebook gente que conhecemos bem. “Olá, Maria Cristina, Zé Manel quer ser teu amigo”. Olha que bom para ele. Pois também eu queria muita coisa que não tenho. E quem és tu, Zé Manel Pinto? Desculpa, Marques? Temos 308 amigos em comum? Não chega. Apresente-se, conte uma anedota, dê-me uma receita de cocktail e diga-me o seu livro preferido e depois talvez possamos conversar. Talvez. Adenda: ainda continuamos no Facebook e por mais que façam não nos habituamos ao Instagram. Tok tok nem sabemos o que é. Ai não é Tok tok. Não interessa.

8 Achamos que já temos amigos suficientes. Não é que eles sejam muito bons amigos ou muito presentes, mas é que fazer amigos novos dá imenso trabalho. Temos que ir a sítios, depois temos que dizer o nosso nome, depois são pessoas que não nos conhecem de lado nenhum, é preciso dizer-lhes tudo, que gostamos de alheiras, que a maionese nos cai mal, que um dia quando tínhamos 5 anos íamos morrendo mas não queremos explicar, que gostávamos de ter sido cabeleireiras, que a nossa relação com o pai é complicada, e que assim a meio da noite nos dá uma dor nas cruzes que agora também não interessa. Aos amigos velhos não temos de explicar nada. É um descanso.

9 Os festivais têm muito pó, muito calor e música chunga. Como é que alguém acha graça a uma coisa em que é preciso estar de pé durante 3 horas, com os decibéis a destruir-nos os tímpanos? Festivais só na Gulbenkian ou no CCB, onde pelo menos há lugar sentado, respeitam a anatomia interna do ouvido e não é preciso um dia para recuperar.

10 Sentimo-nos secretamente orgulhosas de saber trabalhar com o iphone. E quando não sabemos, quem nos ensina tem 11 anos e boné com a pala virada para trás. Temos um iPhone porque nos dá a ilusão de sermos iguais aos outros, mas 95% das capacidades de um iPhone são um desperdício em cotas como nós, que não estão para perder o seu precioso tempo a matar a cabeça com ‘apps’ que daqui a seis meses estão desatualizadas.

11 Já não temos paciência para certas conversas. Gente a contar as suas histórias de amor, a relatar a última gracinha da criança ou a dizer que antigamente é que havia valores e agora já ninguém sabe o que isso é. Já não há pachorra. Adenda: a gracinha da criança às vezes já é o rico netinho. Isto então mata-nos. Adenda 2: Claro que quando somos nós a contar gracinhas, não conta. É giro. As nossas têm mesmo graça.

12 Rimo-nos de piadolas que só os maiores de 40 percebem. Tipo aquela do “Há três polos: o polo norte, o polo sul e o polilon”. Se não sabe o que é, ok, ainda é nova.

13 Gastamos o que for preciso a aquecer a casa. E em Portugal não é dizer pouco, porque a maioria das casas são difíceis e caras de aquecer (também gostamos de comparar métodos de aquecimento, tipo a bomba de calor. O deprimente é chegarmos sempre à conclusão que, tenhamos a idade que tivermos, não tmos dinheiro para aquilo).

14 O que é realmente importante nos sapatos é que sejam confortáveis. E nos homens também.

15 A nossa colega mais nova tem idade para ser nossa filha (e daqui a nada nossa neta). Tratamo-la como às outras, achamos que é vagamente mais nova que nós, mas de repente fazemos as contas e percebemos que ela podia ser nossa filha. E nem sequer tínhamos sido mães adolescentes.

16 Pode-se viver sem sexo mas não sem óculos. Podemos viver sem sexo mas não sem uma data de outras coisas que de repente se tornaram mais importantes: óculos, séries de jeito, chocolate biológico, horas de sono, paz de espírito, vizinhos sossegados.

17 Ouvimos a nossa canção preferida na rádio. Estamos a ajeitar as madeixas ou a mexericar nas chaves e ouvimos ‘Nikita’ do Elton John, que era uma pirosada mas a gente gostava do ‘teledisco’, e dos soldados russos, e dela que era soldada, e pensamos que Nikita quer dizer qualquer coisa como Tonico em russo, na altura ninguém pensava que aquilo tinha um subtexto gay, e depois pensamos, espera lá, a primeira vez que eu ouvi isto foi há, quê, 30 anos? Ah, e as Spice Girls já começaram a cantar há quase 30 anos. E nós já éramos velhas…

18 Continuamos a achar que o George Clooney é um sex symbol. E que o DiCaprio tem 25 anos. E que o Cumberbatch idem (já tem 46, para que saibam). Não consguimos lembrar-nos de nenhum com menos de 46. Lembramo-nos vagamente do Robert Pattinson, ex-vampiro. Depois percebemos que temos idade para sermos mãe dele (e também já não éramos mães adolescentes.) Mas pelo menos estaríamos milionárias.

19 Sentimos que temos o direito de dizer o que quisermos a qualquer pessoa. Claro que isto pode simplesmente querer dizer que somos malcriadas e não que somos velhas. Às vezes, é mais o direito de ficar calada e não se chatear com coisas que não merecem que se perca tempo a discutir.

20 Lembramo-nos do casamento da princesa Diana. E é melhor nem pensarmos que já seria avó…

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