O Dia Mundial da Saúde Sexual foi estabelecido pela World Association for Sexual Health a 4 de setembro para promover uma maior consciência social sobre a saúde sexual globalmente. Este ano, o tema escolhido tem tanto de importante quanto de pertinente: consentimento.
O termo descreve um princípio fundamental nas relações sexuais, refletindo o respeito pela autonomia individual e o reconhecimento do direito de cada pessoa a decidir sobre a própria intimidade.
“A educação para a sexualidade abrangente e compreensiva é fundamental para capacitar as raparigas e mulheres a compreenderem o próprio corpo, desejos, limites e como comunicar sobre a sexualidade. Isso permite que tomem decisões informadas e consensuais”, refere Pilar Ruiz, responsável de marketing da INTIMINA.
Este processo, que deve ser contínuo e voluntário, é, portanto, um elemento crucial de qualquer encontro sexual saudável, sendo que a educação e sensibilização são fundamentais, independentemente do género, idade, cultura e orientação sexual.
“É sempre oportuno relembrar que o consentimento está enraizado no respeito e na comunicação clara. Conhecer e garantir o consentimento é também uma forma de prevenir a violência sexual. A consciencialização sobre os direitos das mulheres, a liberdade humana e a dignidade, são passos cruciais para construir a cultura de consentimento e contribui para as relações sexuais saudáveis, respeitosas e consensuais”, acrescenta Ruiz.
A marca sueca, que oferece a primeira gama de produtos exclusivamente dedicados a todos os aspetos da saúde íntima feminina, visa abordar o assunto de forma inclusiva, clara e esclarecida, apresentando um conjunto de recomendações para construir uma cultura baseada no respeito mútuo:
Antes do encontro
Uma das formas mais saudáveis de estabelecer o consentimento é definir as regras, especialmente com um novo parceiro. Esta é uma boa altura para revelar situações ou traumas que tenha passado e que se sinta à vontade para revelar, e a conversa pode ser amorosa, divertida, até mesmo sensual. A honestidade é excitante.
No momento
Nem sempre dedicamos tempo a dizer explicitamente o que queremos antes de um encontro sexual. Um simples “Isto está bem?” ou “Qual é a sensação?” dá às pessoas uma abertura para dizerem se algo não está bem, ou se o seu sentido de segurança está a ser violado.
Na linha do consentimento, temos sempre permissão total para parar as coisas se nos sentirmos desconfortáveis, não estivermos interessados por qualquer razão, ou se a pessoa com quem estamos parecer não estar confortável.
Linguagem corporal
Outro fator adicional de complicação e ambiguidade é o facto de as nossas palavras nem sempre corresponderem ao que sentimos realmente.
Por vezes, dizemos coisas em que não acreditamos; por vezes, os nossos corpos querem coisas que não sabemos como articular, especialmente no momento. Tornar-se fluente em consentimento significa afinar a capacidade de perceber as nuances da linguagem corporal. Significa conseguir sentir a subtileza da energia de alguém e as muitas formas como comunicamos de forma não verbal.
As pessoas que sofreram traumas sexuais, ou outras formas de abuso e violência, podem ter dificuldade em estabelecer e articular limites — esta é uma resposta normal ao trauma, que infelizmente pode levar a mais traumas quando esses limites são violados.
O consentimento não é apenas sobre sexo
Apesar de ser um ponto de partida importante, a conversa sobre o consentimento pode ser transposta para quase todas as nossas interações. Sempre que tocarmos em alguém que não conhecemos, é importante verificar rapidamente com a pessoa e certificar-se de que ela se sente confortável com isso. Nem todas as pessoas gostam de contacto físico e merecem que a sua autonomia corporal seja respeitada.
Espaço seguro
Outro cenário comum é o termo “espaço seguro” nas interações íntimas. O problema é que cabe a cada indivíduo determinar o que é seguro para si. Embora ninguém tenha a capacidade total de fazer com que outra pessoa se sinta segura, perguntar sobre o consentimento e a clareza pode ajudar a criar este espaço e dar às pessoas a possibilidade de se defenderem.
Saber ouvir
Todos merecem um prazer seguro e confortável. Enquanto nos desenvolvemos para nos tornarmos melhores seres humanos, uma das melhores coisas que podemos fazer é perguntar às pessoas que nos rodeiam o que querem e saber ouvi-las.
Algumas dicas cruciais para o consentimento:
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O facto de alguém ter consentido algo num dia não significa necessariamente que o queira no dia seguinte.
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Se não sabe quais são os níveis de conforto de outra pessoa, nem tem a certeza dos limites dela relativamente ao contacto físico, pergunte. Essa é a forma número um de avaliar como interagir com alguém e definir os limites.
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As substâncias, especialmente o álcool, podem toldar o discernimento e complicar o consentimento. O mesmo acontece com a ansiedade causada por abusos sexuais anteriores, que podem levar a mais traumas.
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Não se trata apenas do que não se gosta, mas também do que se gosta. Ser claro sobre as preferências e pontos de prazer — e perguntar ao parceiro sobre os dele — é crucial.
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Saber dizer não. Pode sair da cama de alguém, ou expulsar alguém da sua, sem uma razão lógica.
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Ser firme. Se alguém não respeita os seus limites, não precisa de lhe dar a cortesia de ser educado. Seja claro, seja enérgico, faça o que for preciso para evitar que a situação se agrave.