Foto Pexels/Ekaterina Bolovtsova

As outras mães não vão ser babysitters do seu filho, e vice-versa. Mas podemos encontrar boas ajudas e a vida de todas seria mais fácil se decidirem apoiar-se. Lembre-se: não têm de ser amigas, só têm de ser aliadas.

... a mãe PICUINHAS
Toda a gente ou teve uma mãe picuinhas, ou é uma mãe picuinhas (pois, às vezes é mais forte do que nós) ou conhece pelo menos uma. É aquela que parece não ter outra vida senão atazanar os outros pais no Whatsapp lá da turma. Manda 1928464 mensagens por dia, ou é porque a escola está fria, ou porque está quente, ou porque há pais que isto e aquilo, ou porque é incrível que isto ou aquilo. A missão dela na vida é aquela: atazanadora de whatsapp.
Se fica com o filho dela, a mãe picuinhas quer um relato passo a passo daquilo que vai acontecer ao seu rico filho.
Quer saber onde é que vão, se a ASAE já fiscalizou o restaurante, se vão comer gelado porque ele já comeu uma bolacha e não convém abusar dos doces até porque ele tem um tio que é obeso, graças a Deus que é da parte do marido dela, que na família materna não há maus exemplos, tirando o tio Alfredo, que deu em trolha, mas mesmo trolha era magro que nem um espeto. Também não pode beber coisas geladas porque pode apanhar uma amigdalite, nem sair sem gorro porque pode apanhar uma otite, aliás, é melhor nem pôr os pés fora de casa, seja em que tempo for, porque pode apanhar qualquer coisa acabada em ite, como por exemplo grite, ai, gripe, a começar logo pela A, que, afinal, não era pandemia como o covid mas nunca se sabe, e ir ao parque nem pensar, porque pode cair e partir a cabeça ou as pernas (as duas). Às tantas, você desliga e diz-lhe a tudo que sim.
O QUE FAZER: Se puder, não lhe responder. Se tiver de responder, concordar com ela: cala-se mais depressa. Se começar a contrapôr e a dizer-lhe o que pensa sobre tudo, nunca mais vai sair da li, porque a mãe picuinhas adora uma boa luta.

... a mãe MELGA
É uma picuinhas, mas sem a desculpa da preocupação, porque fala de tudo e mais alguma coisa. Quando ferra, não larga: apanha-a à porta e não descansa enquanto não lhe conta o que é que ele comeu, quantas doenças teve desde pequenino, o que é que fizeram na semana passada e nesse dia desde que se levantaram e em toda a sua vida. Socorro!

O QUE FAZER: Não entre em pânico: tal como na mãe picuinhas, vá dizendo que sim a tudo. Nem pense em interrompê-la, porque ela desconcentra-se e depois começa a história toda do princípio. Tenha planeado um plano de ataque: dê-lhe dois minutos de atenção, depois olhe para o relógio e diga que está atrasadíssima para uma reunião.

… a mãe BETA
Recebe o seu filho porque se gaba que o filho dela se dá com ‘todo o tipo de gente’. Portanto, lá condescende em acolher o seu Luisinho no condomínio, um pouco como os reis acolhiam pobrezinhos desvalidos, mas mal olha para si, não vá você entusiasmar-se e pensar que já é amiga íntima dela porque, de repente, sabe-se lá, pode desatar a pedir-lhe dinheiro emprestado ou a atirar as pratas para dentro da piscina. Isto nunca se sabe o que esperar de gente que não é do tipo dela. É simpática ma non troppo, porque a ensinaram que não se pode dar confiança a ninguém e além disso as betas que não são verdadeiras betas são super-inseguras, sempre à espera que alguém descubra que tinham um avô merceeiro. Não é que exiba a casa, o jardim e o BMW, mas é óbvio que se sente superior e que não se esforça para que você se sinta à vontade. O Luisinho vem de lá a tratar toda a gente por você, mas também lhe passa depressa. Ao menos isso.
O QUE FAZER: Não se esforce muito para lhe agradar e muito menos para ser igual a ela, falar como ela ou vestir-se como ela. Seja exatamente como é e tente ser simpática como tenta ser simpática com toda a gente (enfim, depreende-se). Ah, e se trata o seu filho por tu, trate o filho dela também por tu. My house, my rules.


… a mãe ABANDÓNICA
É a mãe de filhos órfãos. Não nasceu para ser mãe, nem parece fazer muito para mudar esse estado de coisas. Larga o filho em sua casa sem mais aquelas, sem quase lhe dizer adeus, nem avisa quando vem buscá-lo nem se há alguma coisa que ele não pode comer.
Volta quando volta, geralmente tardíssimo, duas horas depois do horário que combinou consigo, sem uma palavra de desculpas, como se fizesse parte da sua obrigação aturarlhe o filho. Às vezes, larga-o em sua casa para ir às compras durante o fim-de-semana.
Você fica transformada numa espécie de ATL, a usar quando conveniente, mas depois ela nunca retribui: quando se lhe pede para ficar com as crianças, nunca lhe dá jeito, hoje porque vai ao cinema, amanhã porque vem o canalizador, depois porque almoça com os avós. Mas faz um sorriso tão encantador que a pessoa fica desarmada e lá vai tomando conta do Joãozinho, fazendo de segunda mãe do Joãozinho, até ao dia em que se mudam todos para Trás-os-Montes e os únicos que sofrem são o Joãozinho e você, que já se habituara a ele e depois nunca mais o vê. É um pouco como ser mãe de acolhimento. Deixa sempre sequelas afectivas.
O QUE FAZER: Não espere uma palavra de agradecimento e não vale a pena dar-lhe sermões sobre a hora de chegada ou o que combinaram. Ou toma a coisa como um ato de caridade da sua parte em relação à criança, ou se recusa simplesmente a recebê-la. A bola está do seu lado.

... a mãe DESGRAÇADA
É uma passiva-agressiva. A vida dela é um permanente rol de desgraças: ou é o cão que sofre do fígado, o marido que a deixou pela galdéria da chefe dele, o carro que empanou na auto-estrada, o Tiaguinho que sofre de obesidade mórbida porque só come porcarias porque ela não tem coragem de lhe tirar os doces, e como ele come ela também come. Resultado, não é apenas infeliz como gorda!!!! Buáááá! Ela abanca à sua mesa da cozinha e chora-lhe no ombro e você não tem coragem de escorraçar toda aquela má energia pelo elevador abaixo…

O QUE FAZER: Dê colo… com limites. Ouça-a e seja compassiva porque também gostataríamos que fizessem isso connosco se estivessemos num dia mau , mas não é preciso ficar ali a tarde toda a ouvi-la.

… a mãe IDEAL
Até você queria ser filha dela: a Anica é a pessoa mais simpática do mundo.
Desta vez, é você quem larga a criança em casa dela e chega tardíssimo e ela com um grande sorriso. Você pergunta se pode lá deixar o Luisinho na tarde de sábado e ela ‘mas com certeza que sim, o tempo que quiser, uma criança tão simpática e tão bem educada, até pode cá ficar as férias todas’. Ela é a heroína das crianças, as dela e as outras. Deixa-as fazer tudo o que não podem fazer em casa delas: trepar às prateleiras, saltar no sofá, comer porcarias, passar o dia no telemóvel, ir para a cama à hora que quiserem e ficar 15 dias sem tomar banho. Quando o seu Luisinho volta, está um selvagem.
Parece que passou as férias na ilha do ‘Lost’. É preciso arrancarem-no de lá aos gritos e pontapés. Passa o primeiro dia a dizer que quer voltar para casa da Anica.
Enfim, depois passa-lhe… Mas, de vez em quando, ainda lhe atira à cara que ‘em casa da Anica podíamos’!

O QUE FAZER: Perceber que ela não é tão ideal assim. A mãe ideal pode ser uma outra versão da mãe abandónica. Mantenha a sua rotina e os seus ideais.

… a mãe GENERAL

Lá em casa anda tudo nos eixos: as crianças deitam-se e levantam-se à hora certa, comem salada de tofu biológico com quinoa argentina e sobremesa vegan, aprendem mandarim para o caso de terem uma fantástica oportunidade de trabalho na China daqui a 10 anos, não há telemóvel para ninguém a partir das 16 horas, televisão só veem o Canal Panda até casarem (e de certeza que hão-de casar todos virgens) , são de poucas conversas e já deixaram claro que o mundo deve funcionar pelos seus padrões.

O QUE FAZER: Bem, pelo menos o seu filho vai vir de lá educadinho. Depois quando chegar a casa pode voltar ao normal.

E EM SUA CASA?
Quando receber alguma criança, deixe isso muito claro. Claro que, no caso de ele ser alérgica a espinafres, não lhe vai pôr espinafres no prato, mas em sua casa as regras são suas.
Se o ‘convidado’ puser isso em causa, explique simpaticamente que cada família tem os seus hábitos, e que enquanto ele está consigo, os hábitos são os seus. Claro que pode fazer cedências: se o seu filho quer ir ao parque e ele preferia ficar em casa, podem fazer um ‘programa’ à vez, ou tirar à sorte. Tente ser imparcial.

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