A comunicação eficaz é vital para uma relação forte entre pais e filhos, abrangendo tanto a quantidade como a qualidade das interações.
Num cenário ideal, as famílias são refúgios de segurança e consolo, mas as crianças, especialmente durante fases de transição, podem procurar fontes alternativas de conforto ou afastar-se dos pais devido ao medo de serem julgadas (ou a desentendimentos frequentes).
Embora seja benéfico para as crianças encontrarem formas de expressão, segundo a revista “Psychology Today”, as relações tensas entre pais e filhos podem ter consequências prejudiciais como, por exemplo:
- Discussões sufocantes sobre assuntos delicados;
- Aumentar a vulnerabilidade de uma criança ao abuso de substâncias;
- Corroer a confiança e a segurança;
- Causar dúvidas e baixa autoestima.
Criar um espaço aberto e recetivo onde a comunicação possa prosperar é crucial. Para garantir que a relação entre pais e filhos seja nutrida e continua a ser um vínculo resiliente e harmonioso, aqui ficam três passos para construir um vínculo inquebrável com os filhos:
Reduzir o caos e aumentar a partilha
Um estudo de 2023, publicado na revista científica “Journal of Family Psychology”, lança luz sobre os desafios enfrentados pelas famílias imersas no caos, revelando que estas têm uma dificuldade notável em estabelecer conversas significativas com os seus filhos.
“Experiências stressantes, como viver num ambiente doméstico caótico, podem esgotar as habilidades regulatórias dos pais, tornando mais difícil para eles permanecerem recetivos e envolvidos positivamente com os filhos ao longo do dia”, explica Jackie Nelson, psicólga e autora principal do estudo.
A investigação sublinha a importância de implementar consistência e rotina no ambiente familiar como um meio de facilitar conversas frutíferas e sem esforço, promovendo, em última análise, o desenvolvimento de ligações significativas. Eis algumas estratégias que podem ajudar, uma vez que visam criar um ambiente familiar estável e previsível, o que demonstrou reforçar a comunicação eficaz e fortalecer o vínculo entre pais e filhos:
- Fazerem refeições juntos;
- Designar um “dia de família” recorrente a cada poucas semanas;
- Reservar tempo de qualidade dedicado diariamente a interações.
Ser ‘autoritativo’, não autoritário
Embora não exista um manual perfeito sobre parentalidade, uma lição importante que aprendemos com décadas de estudos é que nem todos os estilos “eficazes” são saudáveis. Entenda a diferença entre ser autoritário e ‘autoritativo’.
- Parentalidade autoritária: exibe um comportamento rígido e controlador, enfatizando o domínio e a aplicação de regras.
Paternidade ‘autoritativa’: incorpora uma postura que prioriza a estrutura, mas também estimula a autonomia.
Um estudo de 2018, publicado na revista científica “Journal of Child and Family Studies”, destaca os resultados favoráveis associados à parentalidade ‘autoritativa’. Ao adotar esta abordagem, os pais podem preparar os filhos para uma vida de maior bem-estar. Conheça alguns benefícios:
- Ajuda os filhos a alcançarem independência emocional;
- Concede-lhes a liberdade de expressarem os próprios pensamentos e partilharem as suas experiências;
- Ajuda-os a desenvolver uma sensação de segurança e resiliência emocional;
- Promove uma autoexpressão saudável;
- Ajuda-os a cultivar perspetivas únicas.
Ao equilibrar autoridade com cordialidade, compreensão e definição cuidadosa de limites, os pais cultivam um ambiente que promove o bem-estar emocional dos filhos e promove uma cultura de comunicação aberta.
Demonstrar confiança e paciência, mesmo quando não se quer
Um estudo de 2015, publicado no “British Journal of Developmental Psychology”, descobriu que as crianças começam a demonstrar preocupação com a própria apresentação logo na idade pré-escolar e são mais propensas a divulgar informações positivas e negativas em ambientes de apoio. Isto tem implicações reais na forma como pensamos sobre a vulnerabilidade dos mais novos.
Para alguns pais, lidar com essa necessidade de os seus filhos se apresentarem através da divulgação pode ser um desafio. Por um lado, investir emocionalmente nos filhos pode, às vezes, levar a conflitos sobre como desejamos que eles se comportem e como eles desejam comportar-se.
No entanto, no interesse de promover linhas de comunicação abertas e criar um espaço seguro, os pais devem exercer confiança e paciência, restringindo-se a reações impulsivas ou sondagens intrusivas.
Esta contenção não só promove uma atmosfera de confiança, mas também abre caminho para as crianças confiarem informações pessoais sensíveis, permitindo que os pais as orientem eficazmente e garantam o seu bem-estar.