No mundo real da prática clínica, os pacientes com transtornos de ansiedade não costumam apresentar perfis de sintomas que se encaixam perfeitamente nos diagnósticos do DSM-5. Quem o diz é o psicólogo John G. Cottone, em declarações à revista “Psychology Today”, fazendo referência ao Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais.
A publicação é um guia prático estatístico e de diagnóstico criado pela Associação Americana de Psiquiatria para definir como é feito o diagnóstico de transtornos mentais. “Os transtornos de ansiedade do DSM-5 têm critérios muito específicos, o que é necessário para estabelecer validade e confiabilidade nas investigações de pesquisa, mas, muitas vezes, isso dificulta o diagnóstico na prática clínica”, explica.
Para preencher a lacuna entre a apresentação no mundo real dos transtornos de ansiedade e os diagnósticos do livro, o especialista criou um esquema simples, baseado no próprio trabalho com pacientes e em experiências pessoais. “Embora esse esquema não represente um modelo formal de diagnóstico, acredito que possa ser útil, especialmente para leigos, para comunicarem melhor o que estão experienciar e obter a ajuda e validação de que precisam”.
Segundo o Dr. Cottone, a ansiedade pode ser:
- Situacional: é normal sentir-se ansiosa, mesmo por períodos longos, em resposta a ameaças reais à sua sobrevivência ou objetivos;
- Biológica: em alguns casos, um desequilíbrio nos neurotransmissores ou hormonal pode levar diretamente a sentimentos de ansiedade. Aqui, as condições médicas também podem desempenhar um papel;
- Psicológica: regra geral, isto acontece quando a resposta de medo de uma pessoa é desproporcional a uma ameaça real ou imaginária;
- Existencial: uma pessoa pode ficar sobrecarregada com temor ao pensar na própria mortalidade, mas há ajuda disponível para combater esses pensamentos.