As relações entre pessoas com grandes diferenças de idade não são um fenómeno recente. Porém, a sociedade moderna ainda tem dificuldade em compreendê-las, muitas vezes rotulando-as como “uma fase passageira” e usando termos preconceituosos (caçadora de fortunas, encostado, etc.) para descrever as partes envolvidas.
“Ao mesmo tempo, há um movimento crescente que exige mais respeito e inclusão nas relações que não se enquadram nos moldes tradicionais, à medida que a forma como imaginamos e definimos a ‘relação ideal’ se expande a um ritmo acelerado”, explica a assistente social clínica Tara Denneny à revista “Psychology Today”.
Então, o que podemos aprender com a investigação científica sobre as nuances deste tipo de relações? Eis três verdades, segundo a perita:
Há um contexto evolutivo
No que diz respeito a qualquer conversa científica sobre sexo e relações, é importante considerar a sua função evolutiva: perpetuar a espécie. Deste ponto de vista, não é surpreendente que os homens tendam a ter preferência por mulheres no auge da idade reprodutiva. Também não é de estranhar que as mulheres tenham preferência por homens que consigam investir recursos na criação dos filhos.
A faixa etária considerada aceitável é bastante ampla
Quando olhamos além da idade “ideal” do parceiro de um indivíduo e, em vez disso, perguntamos o que ele considera aceitável, as coisas ficam mais interessantes. Por exemplo, um estudo de 2012 descobriu que os homens, em média, aceitam relações com mulheres até 10 anos mais jovens e 4,5 anos mais velhas. As mulheres, por outro lado, aceitam relações com homens até oito anos mais velhos e cinco anos mais novos.
“À medida que os homens envelhecem, aceitam mulheres ainda mais jovens, mas a faixa etária tolerada relativamente à parceira mais velho que aceitariam não está relacionada com a própria idade”, afirmam os investigadores. “Por outro lado, as mulheres tendem a aceitar homens mais jovens à medida que envelhecem, mas o parceiro mais velho que aceitam diminui à medida que envelhecem.”
Segundo os autores, as mulheres são menos propensas a iniciar relações com homens mais velhos à medida que envelhecem porque a longevidade favorece as mulheres e não os homens.
Qualquer diferença de idades pode levar a uma relação feliz
Talvez a questão-chave gire em torno da felicidade dos parceiros. A primeira e mais convincente descoberta é que, sob as circunstâncias certas, qualquer tipo ou modelo de relação pode ser feliz. No entanto, a Ciência oferece pistas sobre as combinações que parecem funcionar melhor.
Um estudo publicado na revista científica “Journal of Population Economics” descobriu que tanto os homens como as mulheres parecem ser mais felizes com cônjuges mais jovens. No entanto, esta vantagem pode durar pouco.
“A satisfação conjugal diminui com a duração do casamento tanto para homens como para mulheres em casais com idades diferentes relativamente aos casais com idades semelhantes. Estes declínios relativos apagam os níveis iniciais mais elevados de satisfação conjugal”, escrevem os autores.
Para explicar isto, os investigadores sugerem que os casais com grandes diferenças de idades podem ser menos resilientes aos obstáculos. No entanto, outras pesquisas sugerem que, quando permanecem juntos, estes sentem menos ciúmes e exibem uma forma de amor mais altruísta do que casais com idades semelhantes.