MUITO BEM!
Claro que se deve elogiar, mas se for um ‘elogio vazio’ perde força e significado.
O que dizer: Elogie, sim, mas seja específica: ‘Gostei muito do teu desenho, encheste bem a página e usaste todas as cores’, ou ‘Adoro quando ajudas a tua irmã a vestir o casaco’.
O IMPORTANTE É PARTICIPAR
Claro que é importante participar, mas já é tempo de voltarmos à coragem e às lições da competição. Todas as crianças são intuitivamente competitivas desde pequenas: é vê-las quando perdem um simples jogo de ‘Monopólio’. Desvalorizar essa tristeza é, como dizer, anti-pré-histórico, e soa-lhes a falso. A mesma coisa para o que está agora muito na moda, ‘o importante é que te esforçaste’. Pois, de facto é, mas toda a gente gosta de ver resultados, e as crianças não são exceção.
O que dizer: Ele perdeu? É uma chatice, mas há coisas piores na vida. ‘Eu sei, é chato perder, sentimo-nos mal.
Mas o que é que perdeste de facto, de ti? Uma perna? Um olho? Nada. na vida é assim: umas vezes ganhamos, outras vezes perdemos. O importante é continuar a lutar e não perder a coragem. ‘Uma má nota? ‘Acontece a toda a gente, não é nenhum drama. Vamos ver o que correu mal, vou ajudar-te e vais ver que no próximo teste vais conseguir melhorar.’
PORQUE É QUE FIZESTE ISSO?
Saber as razões porque fazemos isto ou aquilo é psicologia complexa: às vezes nem nós sabemos responder a isso, quanto mais uma criança. Fazem as coisas porque fazem. Sabem lá porquê. Porque lhes apeteceu, porque estavam chateados, aborrecidos, com fome, furiosos ou fartos de ali estar. Chagá-los com isto é só uma forma de culpabilização, e ao contrário do que se costuma pensar, a culpa nunca ajudou ninguém a melhorar.
O que dizer: Tentar perceber e manter as linhas de comunicação abertas. “Bateste no João porque ele queria o teu carrinho? Porque estavas enervado? E agora o que podemos fazer para ele ficar menos triste?” Tente reparar sem culpabilizar.
NÃO CHORES!
Pelo menos logo ao princípio. O coitado acaba de se estatelar de nariz no cimento duro, e ainda queremos que não chore? Teve uma má notícia e está compreensivelmente abalado? Está a meio de uma birra? Não é fácil ouvir chorar um filho, mas é o que há a fazer. Deixe-o chorar um bocadinho.
O que dizer: Console-o o melhor que conseguir. Quando o grosso da tempestade tiver passado, tente perceber os sentimentos dele: ‘Estás desapontado por não podermos ir ao parque, é isso? Mas agora não dá, já expliquei porquê. Podemos ir amanhã, e entretanto brinco contigo a qualquer coisa, pode ser?’
NÃO HÁ DINHEIRO PARA TE COMPRAR ISSO
Pode parecer uma frase bastante prática e pedagógica que lhes ensina que não se pode ter tudo, mas na prática pode assustar as crianças, fazendo-as crer que a família está na miséria total.
O que dizer: A mesma coisa mas de maneira diferente: “Este mês estamos a poupar dinheiro para o gastar em coisas de que precisamos mais.” Pode parecer uma picuinhice, mas é a diferença entre gastar sabiamente e entrar em pânico.
TU CAIS!
Às vezes sai-nos da boca sem que se possa fazer nada contra, é verdade. Mas não é uma boa ideia, primeiro, porque geralmente é dita em situações em que ele pode de facto cair, e o que acontece é que vai desconcentrá-lo e adivinhe lá: ele pode mesmo cair. Depois, porque ninguém aprende nada na vida sem cair. Tudo bem, que nenhuma mãe quer andar a levar a criança às urgências, mas deixe-o explorar o universo em segurança. E terceiro, porque nunca nenhuma criança pensou ‘é verdade, posso mesmo cair, deixa-me lá ter mais cuidado’.
O que dizer.:Antes da brincadeira, mostrar-lhe o que pode ser perigoso. Se mesmo assim se sente ansiosa, chegue-se perto para poder ajudar se for preciso. E se o sítio for mesmo perigoso (há parques infantis muito pouco seguros) é simples: não o leve lá.
SE OS OUTROS CONSEGUEM, TU TAMBÉM CONSEGUES
Pode parecer um grande incentivo, mas sabe o que é que ele vai pensar? ‘Eu não sou os outros.’ Além disso, o facto de os outros conseguirem não é mesmo garantia de nada porque todos somos diferentes. A mim se me mandassem saltar de uma prancha de 5 metros, mesmo que todos os outros conseguissem, garanto que não era eu.
O que dizer: Às vezes o melhor mesmo é estar calado e procurar soluções práticas: se ele tem uma dificuldade, em vez de o enervar ainda mais, é melhor procurar logo ajuda. Um tio, um primo ou um explicador são sempre melhores opções do que o pai ou a mãe, que tendem a perder a paciência mais facilmente.
TOMA LÁ O IPHONE
Quem nunca recorreu aos jogos do iPhone para manter a sanidade mental e ter alguns minutos de sossego que atire o primeiro carregador, mas tente estabelecer momentos de uso.
O que dizer: O que quiser, mas diga. Converse com as crianças. Crie-lhes o hábito do pensamento. Ponha-lhes os neurónios a mexer. Não é preciso falar de CMI (Coisas Muito Importantes). Basta falar com ele do dia a dia, e aprender a ouvir o que ele tem para dizer de volta: antes que ele se transforme naquele ser adolescente que guarda todos os seus segredos e todas as suas preciosas palavras para os amigos.
NÃO FALES COM ESTRANHOS
Sejamos realistas: é muito mais comum que ele se perca e recuse a ajuda de uma pessoa simpática do que venha a ser raptado por uma rede pedófila. De qualquer maneira, prevenir continua a ser muito importante.
O que dizer: Sempre que estiver num lugar com muita gente, combine com antecedência um sítio para se encontrarem caso haja um desencontro. Isto não é mau agoiro nem uma desculpa para tirar os olhos dele, é simplesmente prevenção.
Emoções
|Páre de dizer às crianças…
São coisas que dizemos com a melhor das intenções, mas temos uma triste notícia: não só não funcionam como podem ter o efeito contrário.