![jogar telemóvel](https://images.trustinnews.pt/uploads/sites/4/2024/04/240426_GettyImages-1445187515-1600x900.jpg)
Desde que os smartphones nos vieram parar às mãos que um novo mundo de facilidades se abriu, não só a nível de comunicação, mas também de entretenimento. Se abrirmos uma funcionalidade que permita o download de aplicações, como é o caso da Play Store, no sistema Android, ou da Apple Store, no sistema iOS, depressa encontramos muitas sugestões, com as dos jogos muitas vezes a saltarem à vista.
É difícil encontrar alguém que não tenha um jogo instalado e que, pelo menos de vez em quando, não se entretenha a jogá-lo. Contudo, também é verdade que pode haver muito julgamento ligado a esta forma de entretenimento, o que pode levar ao aparecimento do sentimento de culpa e à ocultação desta atividade (até de quem nos é mais próximo!).
São muitas as pessoas que reconhecem dar a estas aplicações mais tempo do que aquele que deveriam ou que pode ser considerado saudável. Diane Barth, psicoterapeuta que exerce em Nova Iorque, EUA, diz que não há qualquer problema em jogar no smartphone, desde “que se saiba quando se deve parar”. Mas porque é tão difícil parar? Segundo esta especialista, os estudos mostram que estes jogos estão “configurados com recompensas que fazem querer voltar para mais”.
Jason N. Lider, psicoterapeuta de San Diego, explica que estes jogos podem ajudar o cérebro a libertar dopamina, uma substância química que desencadeia a sensação de prazer e que está associada ao vício.
Catherine Price, autora do livro ‘How to Break Up With Your Phone’ explica que estas aplicações estão feitas para “consumir tempo e nos prenderem, pois é assim que quem as cria ganha dinheiro”.
Temos de deixar de jogar de vez?
É certo que os jogos estão associados ao vício, mas, como em tudo, a palavra-chave para uma boa prática é o equilíbrio. “Algumas pesquisas mostram que jogar com moderação pode ser bom, pois estimula o cérebro e melhora o funcionamento cognitivo. Também pode ajudar a distrair em momentos difíceis, angustiantes e stressantes”, contrapõe Barth.
Então porque jogar nestas aplicações, mesmo nas que são instrutivas, nos fazem sentir vergonha? Barth explica: “Vivemos num mundo que valoriza o comportamento produtivo e orientado para objetivos. Fomos condicionados a acreditar que passar algumas horas ‘a fazer nada’ é, na melhor das hipóteses, improdutivo e, na pior, auto-indulgente ou autodestrutivo. Esse é um dos principais motivos pelos quais nos sentimos mal quando alguém nos apanha a jogar”.
Agora pense numa coisa: fazer atividades que podem ser consideradas “perda de tempo” pode ser benéfico para a saúde. “Tendemos a ser mais produtivos e mais criativos quando tiramos uma folga das nossas atividades focadas e orientadas para objetivos”. Por isso mesmo, da próxima vez que sentir vergonha do tempo que gasta a jogar, questione se, na verdade, tratou-se ou não de tempo perdido. “Terá sido antes uma pausa que o tornou mais capaz de enfrentar a pressão e as exigências da vida?”, interpela Barth, a convidar para uma auto análise.
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