Estudos internacionais e também alguns nacionais indicam que as dificuldades de erecção são um dos problemas sexuais mais comuns entre os homens. De resto, hoje em dia, uma das áreas da sexualidade humana que mais tem sido investigada é exactamente esta, a das disfunções erécteis, na sequência do aparecimento de químicos milagrosos que quase sempre resolvem o problema. Ou pelo menos parte dele.
A disfunção eréctil caracteriza-se pela dificuldade em conseguir obter uma erecção durante o tempo e com um nível de rigidez suficientes para realizar a penetração. Em alguns casos, essa situação deve-se a factores orgânicos, como sejam a esclerose múltipla, a diabetes, lesões na espinal-medula ou a certos medicamentos, como os utilizados para doenças do aparelho cardiovascular ou os anti-depressivos. Noutros, a disfunção deve-se a factores psicológicos, como sejam o stresse, o cansaço, o receio de uma infecção ou a falta de desejo sexual, entre outros.
É muitas vezes o primeiro sintoma de que algo não vai bem na relação, nomeadamente nas alturas em que ainda se está à espera que o pénis reaja com entusiasmo perante a parceira, quando o resto do corpo e da mente, em particular as emoções, já não estão para aí virados. Esta é uma das falsas ideias sobre a erecção, que, por sua vez, pode dar origem a alguns problemas. Porque não é por se endireitar o pénis que se endireita a relação…
Associada a esta ideia, surge outra, que muitas vezes contribui para que a disfunção eréctil se torne uma verdadeira dor de cabeça: que a erecção surge sempre que o homem a deseja. Porém, as coisas não são bem assim. Se há alturas em que o homem é capaz de algum grau de domínio sobre a resposta do seu pénis à estimulação, noutras isso não ocorre. Na adolescência, por exemplo, em que a erecção é fácil, ela poderá surgir quando menos se espera e pelos mais variados motivos, como sejam um solavanco do autocarro, um duche morno ou um abraço a uma tia idosa.
No outro extremo encontram-se as situações em que ‘é suposto’ ter uma erecção, em particular quando se está no contexto de uma interacção íntima com uma potencial parceira sexual e em que a erecção não aparece, por exemplo, porque se beberam uns copos a mais.
Ainda outra crença muito comum dos homens (e geralmente das mulheres também) é a de que para haver sexo tem de haver penetração. Nada de mais errado. Sexo é intimidade e partilha, estimulação e prazer, e tudo isso pode perfeitamente dispensar o coito. É claro que o coito também pode ser uma parte agradável e importante da relação sexual, mas não deve ser vista como a única ou a mais importante!
Estas são algumas das crenças erectas na nossa cultura e na nossa mente que fazem com que muitas vezes, quando as dificuldades surgem, acabem por se transformar em verdadeiros problemas, quando na verdade não o têm de ser. Talvez, mais do que encontrar formas de obter uma erecção, a solução passe por encontrar outras formas de encarar a sexualidade, evitando assim muitos problemas desnecessários.