Apaixone-se pelo seu trabalho…


Mesmo que não tenha sido amor à primeira vista ainda podem amar-se para sempre. Não, não falamos da sua cara-metade, mas sim do seu trabalho. É bizarro, mas quase todos os princípios e regras que costumamos usar para descrever as relações amorosas podem ser transpostos para o emprego. Sim, visto desta forma é assustador, mas agora que o sabe, nada como aproveitar a informação para mudar a forma como encara o seu ganha-pão. Claro que o que vamos dizer a seguir só se aplica aos que andam insatisfeitos com o que fazem, se tem a sorte de nunca ter estado num trabalho que execrável ou, no mínimo, maçador, parabéns, caso contrário, as dicas que se seguem são mesmo para si.





Passar os dias num trabalho que sente como insuportável, sem poder deitar tudo às urtigas e ir fazer outra coisa qualquer não é apenas frustrante, mas afecta a sua saúde de forma negativa. Há muitos estudos que relacionam desmotivação laboral com problemas de saúde, absentismo, baixo rendimento, sofrimento emocional e até violência no local de trabalho; e outros que mostram a ligação da motivação ao aumento da produtividade. Muitas depressões têm origem na desmotivação, sobretudo quando a insatisfação se arrasta por longos períodos de tempo. O que lhe estamos a dizer é que mudar a forma como encara o seu trabalho é também uma questão de saúde. Sim, é mais importante do que tomar vitaminas, por isso comece já a ver o que pode fazer para alterar esta situação.





psicólogo sul-africano Peter Frost ‘inventou’ o conceito de "emoções tóxicas" e de "ambientes tóxicos" que basicamente quer dizer que a insatisfação no trabalho, além de causar stresse e poder arruinar-lhe a saúde, costuma gerar sentimentos de raiva acumulada e humores ‘venenosos’ capazes de acabar com a vitalidade e a auto-estima que eventualmente lhe reste. Porque é que isto é assim? A culpa, explica o professor de comportamento organizacional, é das atitudes e acções insensíveis dos líderes e das políticas das organizações. Muitas vezes, chefes e organizações, submetem, deliberadamente, os subordinados ao sofrimento por meio de pressões desnecessárias e de falta de apoio porque vêem isso como uma ferramenta de controlo, mesmo que o efeito acabe por ser o oposto.



Mas claro que é irrealista esperar ambientes isentos de frustração. O que fazer então? Se está numa situação destas precisa de criar formas de lidar com isto. Se não pode mudar já de emprego, a única solução é aprender a encarar o que faz de forma diferente. Precisa de ajuda? Fizemos um mini inquérito e recolhemos dicas que lhe pode úteis para usar no seu caso concreto. Tem é de aplicá-las, não se limite a ler, por isso, se for preciso recorte a página e cole-a na porta do frigorífico em jeito de lembrete.







Manual de sobrevivência

– Você não é o seu trabalho. "Quanto mais as pessoas se identificarem com o que fazem mais vulneráveis vão estar a eventuais fases de insatisfação no emprego", lembra o psicólogo Mário Rui Santos. O emprego não deve ser o centro da nossa vida. Os workaholics são os mais propensos a stresse derivado do trabalho, se está nesta categoria certifique-se de que cultiva uma vida fora do emprego para além da rotina diária da casa e dos filhos. Sim, é difícil, implica muito esforço mas a recompensa é a sua saúde mental.





– Arranje um escape para a frustração. Assim evita que ela se acumule e gere úlceras, hérnias discais e indisposições inexplicáveis que se agudizam sempre no domingo à noite. O desporto é o escape de eleição, além de que queima calorias e frustrações ao mesmo tempo. Se não lhe der jeito ir para um ginásio, pelo menos tente fazer alguma actividade física, nem que seja andar. Canalizar a energia reprimida evita que perca a cabeça no escritório e que descarregue no marido, nos filhos e no cão quando chegue a casa. Se a coisa estiver muito grave inscreva-se no boxe.





– Areje. Não fique o dia todo dentro do escritório. Faça umas pausas higiénicas e vá dar um passeio à hora do almoço. Ver outras pessoas e lugares é uma forma de colocar os acontecimentos do escritório que umas horas antes podem parecer gigantescos na sua devida dimensão, aconselha a psicóloga Elsa Félix. Veja montras, leia umas revistas, escreva cartas e e-mails, ponha a conversa em dia com as amigas.





– Embeleze o contexto. Já que não pode mudar o que faz pelo menos torne mais agradável o espaço que a rodeia enquanto o faz. Um vaso com uma flor, fotografias dos filhos e das férias ou um local paradisíaco são pequeninos focos de boa energia que pode ter à sua disposição na secretária. Se puder trabalhar e ouvir música, arranje uns headphones e escolha músicas que a inspirem e ajudem a melhorar o seu dia.





– Relativize. Muitas vezes, o mal-estar com o chefe e os colegas de trabalho pode ser uma forma de sofrimento de estimação, nas palavras do psicólogo Mário Rui Santos. Isto quer dizer que "é vulgar que as pessoas transfiram uma série de outros problemas e frustrações pessoais, de forma inconsciente, para o trabalho porque assim o sofrimento parece mais fácil de gerir". O chefe ou um colega acaba por funcionar como bode expiatório.



Este mecanismo pode ser desmontado com um exercício simples que o psicólogo sugere: faça uma lista das coisas que a incomodam na vida, além do trabalho. Dê uma classificação (um valor) a cada uma, sendo que o total não pode ultrapassar 100. Pode alterar a pontuação que deu antes quando se lembrar de outras coisas. "Geralmente as pessoas que começaram por dar um valor alto ao problema com o chefe (por exemplo 30 ou 40), acabam por ir diminuindo essa pontuação à medida que se apercebem de que há outras coisas tão ou mais importantes que têm para resolver". O bom disto é fazê-la relativizar o seu drama laboral e dar-lhe uma sensação de controlo da sua vida.





– Veja o lado positivo. Antes de dizer que é tudo mau tente fazer uma lista com todos os pontos bons do emprego em que está. Pode ser a decoração, a cadeira, a localização perto de casa, de lojas ou de um jardim, o facto de lhe permitir fazer outras coisas, etc. Faça outra lista a começar assim "se não tivesse este emprego não poderia…". Depois, sempre que se sentir mais em baixo vá buscar estas listas e use-a como amuleto para afastar os pensamentos negativos.



Siga o exemplo

Vários sobreviventes contam como conseguiram escapar a uma rotina de sofrimento diário e transformar a sua vida. Nem mais, nem menos. Inspire-se!





A abordagem certa para si vai depender da sua personalidade e estilo de vida. Os nossos testemunhos dão conta de alguns tipos de estratégias que pode usar. Dependendo da sua personalidade e estilo de vida, a sua abordagem poderá ser…





… Evasão



"Vou ao ginásio todos os dias. Aliás já tenho pensado que a maioria dos tipos que lá andam deve ter uns empregos muito chatos e usam aquilo como escape, porque, mais do que andar de bicicleta ou fazer flexões, acho que vão todos para lá fazer palhaçadas como se tivessem 12 anos, tipo atirar almofadas de ioga uns aos outros". Cátia Lopes Fontana.





… Preventiva



"A minha estratégia é propor fazer coisas que me agradam antes que sejam eles a dar-me trabalho chato para fazer". Carla Fava.





…Altruísta



"Quando faço uma coisa que não gosto, tento pensar como é que aquilo pode fazer a felicidade de alguém, incluindo a minha". José Almada.





… Gastronómica



"Como bolos de arroz e doces, aliás passo a vida a comer". Carlos Formoso.





"Não almoço na cantina porque é deprimente. Tento almoçar com amigos e passar uma hora a falar de coisas boas e a rir-me. Lava a alma". Elvira Antunes.





"Tomo o pequeno-almoço antes de sair de casa, o que me permite começar o dia com calma, sem stresses". Miguel Soares.





…Filosófica



"Penso que há gente que neste momento está a atarrachar parafusos em fábricas chinesas sem janelas". Catarina Armada.





…Zen



"Tento não andar vestido de preto dois dias seguidos". Almeida Faria.





"Tenho uma ‘fita do stresse’ como os árabes". Celso Feijão.





"Tento dar-me bem com as pessoas". Paula Barradas.





"Rio-me alto quando posso, isto é irritante para os outros mas não me interessa nada. Filipa Mascarenhas".





…Pragmática



"Não me meto em batalhas que já sei que são perdidas". Liliana Palmela.





"Tento falar o menos possível com pessoas que me irritam". Clara Mirante.





"Quando estou cansada meto o cérebro em screen-saver, quando estou farta, vou à Amazon ver livros e quando estou desesperada vou para a casa de banho arrancar cabelos brancos". Alva Silva.





"Começo o dia pelas tarefas que gosto menos". Maria João Silva.




…Humorística



"Tento ver o lado cómico das coisas e visto muitas vezes o papel da "palhaça" de serviço, dizendo piadas e fazendo comentários um bocadinho tontos. Se as pessoas não nos levarem muito a sério, não nos dão também muita importância. E quando trabalhamos num meio hostil, isso pode ser uma mais-valia". Patrícia Barros.





…Sonhadora



Nos dias mesmo maus penso que ao fim de 11 meses terei o meu prémio… as maravilhosas férias… É a minha estratégia! Clara Leitão.





…Musical



Sempre que posso, ponho a minha música a correr e trabalho ao som dos meus álbuns preferidos. Ajuda-me a concentrar no trabalho e o tempo parece passar mais depressa. "Ana Matias".





…Estratégica



"Gastei algum dinheiro em psicoterapia para conseguir gerir a minha irritação e desenvolver estratégias que passaram pela aceitação de que não posso mudar as pessoas à minha volta e irritar-me com isso inútil e que tenho de investir o meu tempo em actividades que me dão prazer". Ricardo Costa.





"Uma coisa ajudou-me imenso: a constatação de que, em último caso, não tinha medo de ser despedida porque a confiança nas minhas capacidades era mais forte. E quando o medo acaba, termina o poder do trabalho nos arruinar a vida". Francisco Gama.







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