
Fotos: Alexandre Bordalo e Paulo Petronilho ‘Casa das Pedras’, Parede
Mesmo não acreditando em fantasmas, eles, tal como as bruxas, existem, pelo menos no imaginário popular, que continua a produzir e a alimentar histórias capazes de meter os cabelos em pé a várias gerações. A jornalista Vanessa Fidalgo compilou em livro (‘Histórias de um Portugal Assombrado’, Esfera dos Livros) histórias e lendas de casas assombradas em Portugal onde supostamente as almas penadas teimam em vaguear. Portas que rangem, objetos que mudam de lugar, correntes de ar inexplicáveis são ocorrências comuns relatadas pelos vivos que têm o infortúnio, ou o atrevimento, de andar por sítios assombrados.
Para a ciência, estes fenómenos não passam de lendas com origem no medo da morte e no que haverá depois. Há quase sempre um acontecimento trágico, geralmente mortes violentas, na história destes locais. De tal forma que o espírito dos mortos pode ficar incapaz de “partir em paz”, dizem os adeptos do do espiritismo. Já para a parapsicologia as assombrações são fenómenos energéticos produzidos pelas pessoas, geralmente em alturas de stresse. Os mais céticos podem sempre alinhar pelas teorias científicas que apostam em explicações como as ondas sonoras de baixa frequência que pelos vistos são capazes de causar mal-estar, calafrios e até pânico.
Seja como for, as histórias existem até em locais inesperados. A Casa Branca, nos EUA, por exemplo, assume a tradição de ser habitada por fantasmas e tem uma página dedicada ao assunto no seu site (whitehouse.gov). O primeiro ministro britânico Winston Churchill foi um dos hóspedes que garantiu ali ter visto fantasmas.
Ruínas do restaurante Boa Viagem, Caxias
Ao lado do semáforo da Marginal, em Caxias, mesmo antes do farol da Gibalta, no entroncamento que dá acesso à A5, está uma casa isolada ao abandono. Diz-se que à noite é possível ali ouvir música, conversas, gargalhadas, sons de copos e pratos vindos do casarão que nos anos 50 era um restaurante de luxo, chamado Boa Viagem. Conta-se que nunca ali nenhum negócio dura, mas a verdade é que o restaurante fechou nos anos 70 e está desde então ao abandono.
Ruínas da Companhia de Comunicações por Cabo Submarino, Carcavelos
Em frente da Praia de Carcavelos, e ao lado do colégio St. Julians, as ruínas da antiga Companhia de Comunicações por Cabo Submarino também já foram palco de encontros do outro mundo. Com o fecho da empresa, a escola permaneceu mas a sede ficou ao abandono. Há pelo menos um relato de um encontro sobrenatural nestas ruínas, com a descrição de uma presença gélida que impede as pessoas de se moverem, sensações de pânico e agonia.
O ‘Castelinho’, São João do Estoril
Esta vivenda particular tem sido alvo de muitas histórias negras e fantasmagóricas. Esteve alguns anos ao abandono e quem por lá passava de carro via luzes a acender e a apagar. O ‘socialite’ José Castelo Branco terá tentado comprar a casa em 83, mas desistiu quando na primeira visita viu uma menina a brincar em cima do muro da propriedade, junto à falésia, e teve um impulso de se atirar. A mãe de Lili Caneças também a quis comprar, até ser informada que as pessoas que lá viviam morriam rapidamente ou os seus negócios estoiravam.
Factos ou lendas, a verdadeira tragédia aconteceu numa outra casa, 260m a poente, quando a filha cega de um casal que ali passava férias caiu das arribas e morreu. Em sua memória a família ofereceu a habitação à Santa Casa da Misericórdia, que a usou como instituição de apoio a cegos até há 10 anos, altura em que ficou votada ao abandono. Já o Castelinho permanece habitado por humanos e livre de queixas por assombrações.
‘Casa das pedras’, Parede
Por vezes, a arquitetura de uma casa pode ser tão sugestiva que esta passa a entrar nos circuitos das casas assombradas, mesmo sem histórias de assombração a assinalar. Foi o que aconteceu com a ‘casa das pedras’, na Parede, uma construção em estilo medieval mandada edificar pelo capitão Manuel Azevedo Gomes no início do século. Os seixos e rochas que cobrem as paredes são simplesmente uma manifestação da sua paixão pelo mar, mas o ar misterioso da vivenda continua a tocar o imaginário popular.