1. A Corinne foi hairstylist durante 23 anos e tem um conhecimento do mundo de beleza muito extensa. Em todos estes anos, o que considera que foi mais interessante no seu trabalho?
Bem, diria que o meu lado empreendedor tem sido o mais importante em tudo o que tenho conseguido. Sempre tive um lado muito criativo. A minha formação inicial e o meu trabalho foram na área do cabelo e da maquilhagem. Mas as minhas capacidades de empreendedora surgiram muito cedo e decidi abrir a minha própria marca, com uma visão elevada em mente.
O design de interiores e a decoração foram sempre um grande interesse meu. Através dos anos, enquanto estava a desenvolver a minha marca C&F (Corinne & Friends), fui aprendendo mais e mais sobre isso, especialmente porque estava envolvida na renovação dos meus salões. É tudo sobre a cor, silhuetas e forma. Aprendi muito com uma das minhas mentores Lotta Hagelin (a minha ex CEO), que me falou muito sobre feng shui e sobre aquilo em que devo pensar quando disponho os moveis e é tão bom quanto vemos uma divisão mudar, ao mexer apenas em algumas coisas ou ao recorrer a pequenos enfeites como flores e velas.
Acredito que todos nós estamos a passar por tempos diferentes que afectam os diferentes caminhos que escolhemos na vida. Agora, eu tenho a oportunidade de desenvolver o meu interesse pelo design de interiores e uma coisa leva a outra.
2. Foi a responsável pela decoração do Hotel Inglaterra, no Estoril. Qual foi sua inspiração? A parte de ser um hairstylist está incluído de alguma forma na decoração?
Na verdade não. Tenho viajado muito com meu trabalho como hairstylist e make-up artist, mas não diria que influencia o meu gosto ou o meu conhecimento no que diz respeito à decoração.
A minha inspiração vem do facto de viajar. Sempre tive uma paixão por ver a decoração de diferentes hotéis. Gosto de sair em ambientes do hotel. Muitos dos melhores restaurantes e bares estão localizados em diferentes hotéis em todo o mundo. Alguns dos meus hotéis favoritos são, naturalmente, o Hotel Inglaterra, mas também o Hotel Costes, em Paris, a Chiltern Firehouse, em Londres, o Chateau Marmot, em Los Angeles, e o Delano, em Miami, que faço sempre questão de visitar quando tenho a oportunidade. Também obtenho inspiração do que vejo na rua, assim como a observar outras pessoas em diferentes ambientes.
3. Tem sido uma hairstylist e está no mundo da moda desde há muito tempo. Se você não fosse uma hairstylist, o que acha que seria?
É difícil dizer – acho que ainda estaria no negócio da moda/lifestyle de alguma forma. Provavelmente seria uma Directora Criativa, mas ainda estaria muito envolvida no lado do negócio, que é muito emocionante. Não posso imaginar-me a pintar sem pensar em como poderia vender. A parte do negócio é tão grande interesse como a parte criativa. Mas não estaria interessado em vender um produto com o qual não pudesse relacionar ou que não me inspirasse.
4. Tem a sua própria marca. Acha que a indústria da moda está melhor com os anos?
Não acho que a moda esteja a ficar melhor ou pior. As décadas voltam em ciclos e desenvolvem-se em diferentes formas. Diria que é sempre em processo. Às vezes posso ficar um pouco cansada de tanto consumo! Mas acho que mais pessoas querem produtos de boa qualidade ao invés de apenas uma quantidade de mais baixa qualidade.
5.Como hairstylist precisa de seguir as tendência de acordo com aquilo que as pessoas querem. Como tem a certeza que as está a seguir?
Nunca fiquei ansiosa, o que me permite ficar com o meu gosto e com o que eu acredito que é fresco e agradável. Acho que é uma das maiores tendências – manter as coisas pessoais e não apenas copiar o que as outras pessoas fazem. De alguma forma, sempre fui muito boa em ‘agarrar’ as tendências com antecedência, não me pergunte como. Mas, claro, devemos sempre pesquisar um pouco para nos mantermos atualizados sobre o que está acontecendo na indústria. Gasto imenso tempo em aviões, o que me dá uma boa oportunidade para recuperar o atraso com muitas revistas populares.
6. Na sua carreira fez tantas coisas! Mas qual foi a mais difícil de todas? A sua vida pessoal foi afetada de alguma forma?
Diria que afeta definitivamente a nossa vida pessoal. Pelo menos, afectou bastante a minha. O trabalho que vai para a criação de uma empresa e de uma marca é muito difícil. Se soubesse o quão difícil seria, não acho que o teria feito. Mas, por outro lado, não acho que ficasse feliz ou satisfeita a ser empregada de outra pessoa. Agora, finalmente estou num período onde tenho mais liberdade e qualidade de vida, porque o negócio e a marca C & F está a funcionar tão bem. Então, estou feliz por não ter desistido!
7.Tem viajado muito por todo o mundo. O que acha do povo português? Nós tratamos do nosso cabelo?
Absolutamente! As pessoas são uma das razões pelas quais achei tão inspirador viajar para aqui! Também depende (como acontece em todos os lugares) da zona estamos em Portugal. O Estoril e Cascais são zonas muito chiques, mas muito conservadores. Lisboa é mais atualizada e onde vemos maiores variações de estilo e desenvolvimentos fortes no cenário da moda. Por exemplo, a H&M escolheu para produzir um dos seus mais recentes filmes com David Beckham a cidade de Lisboa.