O chairman da rede de cafeterias norte-americana Starbucks, Howard Schutz, anunciou, num evento em Washington na última semana, que as casas de banho de todas as lojas da marca nos Estados Unidos estão disponíveis para o uso público, independente de ser ou não consumidor.
“Não queremos que as casas de banho se tornem públicas, mas vamos tomar a decisão certa em 100% das vezes, que é dar a chave da casa de banho às pessoas. Não queremos que as pessoas na Starbucks sintam como se não tivessem recebido acesso à casa de banho porque são ‘menos que as outras’. Queremos que todos se sintam ‘maiores’.”
O anúncio vem na sequência do polémico caso em que dois homens negros foram presos numa loja em Filadélfia, no início de abril. Rashon Nelson e Donte Robinson são sócios e estavam na Starbucks a aguardar por uma reunião de negócios. Nelson pediu para usar a casa de banho mas teve o acesso negado porque não havia consumido no local. Mais tarde, os dois foram abordados por um funcionário, que lhes perguntou se precisavam de ajuda.
A situação ficou ainda pior quando as autoridades chegaram ao local. “Foi quando eu percebi que a gerente havia chamado a polícia”, contou Nelson à Associated Press. Rashon Nelson e Donte Robinson foram algemados, retirados da loja e levados para a esquadra. Nenhum deles tinha antecedentes criminais.
Um vídeo da detenção tornou-se viral na internet e o caso ganhou proporções maiores, já que a questão racial é muito forte nos Estados Unidos. As imagens mostram que os homens não resistiram à prisão. Nelson falou sobre como o episódio afetou sua vida: “sempre que encontro polícias, honestamente é o pensamento que vem à cabeça. Nunca sei o que vai acontecer.” O Presidente da Câmara de Filadélfia disse que o caso “parece exemplificar o que é a discriminação racial em 2018.” Os dois homens chegaram a um acordo com a Câmara e receberam um dólar de indemnização. Outros 200 mil foram investidos num programa de incentivo ao empreendedorismo entre jovens de escolas públicas.
Outro exemplo de discriminação já tinha decorrido em janeiro, numa Starbucks na Califórnia. Um vídeo mostra os funcionários da loja a negar acesso à casa de banho a um homem negro, enquanto um homem branco recebeu a chave. Nenhum dos homens havia consumido no estabelecimento.
A Starbucks já havia anunciado que fecharia todas as suas lojas no país por um dia. O motivo? Uma formação que abrangia mais de 175 mil funcionários sobre o combate a práticas racistas.
“Estamos empenhados em ser parte da solução. Fechar nossas lojas para um treinamento contra práticas racistas é apenas um passo num caminho que demanda dedicação em todos os níveis da empresa, sócios e comunidades”, disse o CEO da Starbucks, Kevin Johnson.