
Rita Leitão
Os próximos dias 28, 29, 30 de dezembro e 1 de janeiro, marcarão, pelas 21h30, momentos de muito humor no Palácio de Congressos do Algarve, em Albufeira. Isto porque são estas as datas da 13ª edição do festival Solrir, que conta com um cartaz ‘famoso’ – Quim Roscas e Zeca Estacionâncio, Fernando Mendes, Nilton e Rita Leitão.
E foi precisamente com esta última humorista, que se destaca num mundo tipicamente associado a homens, que a Activa esteve à conversa. Desde os limites do humor, ao significado do ‘pseudo-vegetarianismo’, os temas não poderiam ser mais diversos.
Ser uma mulher num meio dominado por homens tem mais desvantagens ou vantagens? Quais?
No meu caso ainda não me trouxe desvantagens. Efetivamente até já trouxe a vantagem de haver alguma curiosidade em relação à minha prestação. Por vezes, o facto de (ainda) sermos poucas faz com que haja algum destaque, quer dizer, é um pouco como quando aparece uma mulher a pilotar aviões ou a conduzir camiões TIR. Um dia, espero eu, seremos só comediantes, sem género.
O que é que é significa ser pseudo-vegetariano?
Quando digo às pessoas que não como carne chamam-me vegetariana, o que não é inteiramente verdade, porque como peixe, ovos e laticínios. É quando descobrem isso que me chamam “pseudo-vegetariana”.
Esse modo de vida tem implicações nas piadas que faz?
Tem algumas. O facto de alguém chamado Leitão não comer carne já suscitou muitas piadas, e eu guardei-as todas! A minha apresentação nunca está completa sem misturar o Leitão e a ausência de carne na minha vida.
É importante rirmos de nós mesmos? Da a nossa própria forma de ser e dos nossos maneirismos?
Nem consigo imaginar a vida de outra maneira. Se nós próprios encararmos as nossas fraquezas, as nossas especificidades como algo que faz de nós únicos e se olharmos para elas com leveza, ninguém poderá fazer o contrário. Muitas vezes, em palco, fragilizamo-nos perante o público, falando de defeitos nossos ou de inseguranças, mas é a nossa maneira de dizer “eu estou aqui, sou assim, riam-se comigo de mim”.
O humor tem limites?
É o ser humano que tem limites. Os humoristas têm os limites dos temas que abordam, não tocando num ou noutro que considerem mais sensível ou simplesmente porque não faz sentido que o abordem. O público tem o limite daquilo a que acha piada, e tem todo o direito. Acho que aquilo que deveria acontecer mais é termos a perceção de que, por vezes, a piada não é má nem ofensiva, a pessoa é que não achou piada. De igual forma, as nossas vivências e o momento em que estamos quando ouvimos determinada piada influencia imenso. Se há uma piada sobre uma doença qualquer, por exemplo, é provável que alguém que esteja ou a passar por isso ou a acompanhar alguém próximo, sinta a piada de maneira diferente. Isso não quer dizer que não ache hilariante. É aí que entra a capacidade de cada um de rir de si próprio e das suas “desgraças”.
Qual o melhor conselho que poderia dar a alguém que quer vingar na área do humor mas que ainda não teve coragem de o fazer (quer por timidez, falta de confiança…)?
Daria um conselho que gostaria que me tivessem dado quando comecei… “Não percas mais tempo! Se achas que pode resultar, se tens um amigo, a prima, a avó, etc, que dizem que tens “jeito para a coisa”, tenta! Vai a todos os Open Mics que conseguires, pratica, escreve, pratica, escreve! E não te esqueças: não há formulas infalíveis.”

‘Meia dose de leitão’ – Espectáculo de Stand Up Comedy de Rita Leitão