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Seth J. Gillihan, professor assistente de psicologia, no departamento de psiquiatria da University of Pennsylvania, notou alguns comportamentos típicos de uma dinâmica destrutiva das relações amorosas. Se pensa que poderá estar a passar por algo semelhante, este artigo, com os conselhos do especialista, é para si.
Gillihan começa por falar nas discussões repetitivas, quer somente com o seu parceiro atual, ou mesmo no que toca a um tema que já tinha debatido com outros companheiros. Porque é que este tipo de situação se repete? O especialista fala em identificação projetiva, isto é, evocar no outro os nossos próprios traços de personalidade.
De modo a simplificar este conceito complicado, Seth oferece um exemplo: imaginemos que teve conflitos com o seu pai, quando este lhe pediu que alterasse as férias para passar tempo com ele e restante família. Ao falar com o seu parceiro, ele não gosta da ideia, e a pessoa fica magoada por considerar que este está a ser demasiado crítico do seu progenitor.
Aqui, o que acontece é que as nossas frustrações não identificadas, no que toca ao nosso pai, influenciam, de modo inconsciente, a nossa cara metade, que acaba por expressar essas mesmas frustrações. Os nossos sentimentos foram, portanto, projetados no nosso companheiro.
Quase todas as relações têm algum “nível” deste tipo de projeção. E não tem mal, desde que não seja exagerada. Mas quando se torna rotina, há que fazer algumas mudanças. Para reconhecer momentos destes, há que estar atenta a alguns sinais:
1. Está presa num “ciclo” e o principal sintoma são conflitos repetitivos, em que o casal diz as mesmas coisas vezes sem conta.
2. Sente-se irritada. Se se sente constantemente irritada com o seu parceiro sem saber bem porquê, talvez seja este o motivo. Se nos chateamos com o nosso parceiro ao mínimo gesto que não nos agrada, podemos estar perante frustrações passadas que não reconhecemos na totalidade.
3. Está confusa. Sentir-se confusa no que toca às reações do seu parceiro pode ser outro sinal de identificação projetiva. Nestes casos, é frequente ficar preocupada com as várias discussões que têm, já que, no fundo, sabe que ambos se amam.
E como lidar com esta dinâmica? Em primeiro lugar, há que reconhecê-la. Em segundo, ser curiosa acerca das interações com o seu parceiro e tentar perceber que fatores do passado poderão estar a interferir no relacionamento. Em terceiro, acalmar. Se não se deixar levar demasiado pelo calor do momento e refletir melhor sobre os assuntos, conseguirá compreender melhor os motivos que levam aos conflitos. Em quarto, investir no seu próprio bem-estar, através, por exemplo, da meditação. Em quinto, estar mais atenta ao que o outro diz. Numa discussão, sobretudo em casos de identificação projetiva, é frequente não ouvirmos praticamente nada do que o outro disse, pelo que parafrasear o nosso parceiro pode ser uma boa forma de melhorar. Por último, e se ambos acharem benéfico, experimentar terapia.