Não vivo bem na desorganização mas, ao mesmo tempo, não sou a pessoa mais organizada à face da Terra. Talvez pelo facto de a minha ansiedade priorizar ver frases inspiradoras no Instagram (ou qualquer outra atividade insignificante) enquanto podia estar a arrumar aquela roupa que está fora do sítio há mais de uma semana.
Sinto, por vezes, um tal “cansaço mental” que, como podem imaginar, tudo o que não me apetece é dedicar-me a qualquer tarefa doméstica. E, por isso, fico no sofá, vejo filmes, vejo séries, vou às redes sociais, o que seja que me tranquilize naquele momento. O problema é que tenho tendência a adiar demasiado tudo o que não me apetece mesmo fazer.
Dito isto, esta semana tive #cartabranca para concluir uma dessas tarefas. Já estava na minha lista há vários meses mas, quando chegou a data estipulada, não pude fazê-lo (juro). E isso serviu de desculpa para adiar ainda mais. Falo de destralhar o meu roupeiro. Já o tinha feito quando mudei de casa, no início do ano, mas agora percebo que não o fiz assim tão bem.
Ora, tudo o que tenho – camisas, T-shirts, tops, camisolas, calças, calções, saias, vestidos, pijamas, casacos – foi para cima da cama. Usei dois sacos grandes e fui colocando lá dentro tudo aquilo que não usava há muito tempo ou mesmo roupa de que até gostava mas que já precisava de uma atualização (numa próxima ida às compras, quem sabe).
Tenho uma certa tendência a ser consumista, sobretudo no que toca a roupa. Não é algo de que me orgulhe (e tento, muitas vezes, contrariá-lo), mas, na verdade, isso até me ajudou nesta tarefa. Sempre que peguei numa peça e pensei “não uso há muito tempo mas até gosto“, substituí o pensamento com “vou comprar algo parecido e de que goste ainda mais“.
Estou a sentir os vossos olhares de julgamento…mas passo a explicar: este foi apenas o mecanismo que encontrei e que me ajudou a desapegar de certas coisas que só ocupavam espaço. Na verdade, não sei quando será a próxima vez que irei às compras nem se me vou lembrar de tudo o que pensei substituir. Quiçá nem precisasse mesmo daquelas peças!
Bom, tudo para dizer que a sensação de ter gavetas e roupeiro vazios é muito boa. Senti que podia organizar tudo melhor, que ia ter mais espaço de arrumação e visualizei a minha roupa e sapatos direitinhos (ao estilo daquelas imagens perfeitas que vemos nos catálogos). Só este pensamento, encheu-me de boas energias.
Curiosamente, o monte de roupa em cima da cama não me pareceu um bicho de sete cabeças – na verdade, até fiquei entusiasmada por poder organizá-lo. Quem sabe se não ia encontrar aquela camisola de que já nem sequer me lembrava! Meter as mãos na massa foi uma melhor terapia do que alguma vez pensei.
Todos sabemos que viver num ambiente desorganizado nos afeta, quase que inconscientemente. E eu tenho plena noção disso. Sempre que, por algum motivo, tenho a casa mais desarrumada, o meu humor sofre, fico mais ansiosa e sempre com a sensação de que há algo para fazer (porque há). E ninguém merece viver com esse peso constantemente!
Por isso mesmo, os principais benefícios que tiro deste (tão necessário) desafio semanal são, sobretudo, ao nível da saúde mental. Destralhar pode mesmo libertar-nos algum stress, deixar-nos mais tranquilos e bem-dispostos. Senti este efeito mal comecei a conseguir encher o primeiro saco de roupa!
Além disso – e tendo em conta o ano difícil que todos estamos a viver -, fazer isto enquanto estamos na contagem decrescente para 2021 deu-me também algum entusiasmo para o futuro. Sei que pode parecer estranho o que estou a dizer, mas libertarmo-nos de coisas de que não precisamos é um primeiro grande passo para um caminho de renovação e leveza.
Aconselho, vivamente, que tentem fazer o mesmo. Libertem-se, ainda em 2020, de coisas que não vos fazem falta – há sempre por onde começar. E entrem com um pé direito esperançoso no próximo ano. Se já o fizeram, contem-nos como isso vos fez sentir. Usem, nas redes sociais, a hashtag #cartabranca e identifiquem a ACTIVA. Até quinta!