Quando falamos de dinheiro, não há certo ou errado, especialmente se considerarmos a pluralidade de culturas em todo o mundo. A Revolut, a plataforma global financeira com mais de 16 milhões de clientes, reuniu alguns hábitos financeiros curiosos de países onde opera, na Europa e na Ásia, e encontrou diferenças desde a forma como a conta do restaurante é paga, à reação perante gorjetas.
Sorte ou Azar
Encontrar uma moeda no chão e guardá-la é sinónimo de boa sorte em vários países, como na Polónia e nos Estados Unidos da América. Na Lituânia, o som de um cuco, na primavera, tem de ser acompanhado do som de moedas no bolso para trazer boa ventura. No Reino Unido é habitual colocar-se dinheiro no bolso de roupas novas para atrair a sorte. Em países como Espanha, Lituânia, Itália ou Portugal, a sabedoria popular diz que dá azar colocar a mala no chão, por simbolizar que afasta o dinheiro, pelo que não é incomum ver as malas pousadas em cadeiras ou penduradas. Os espanhóis levam também a sério a expressão de que o dinheiro cresce nas árvores – ou nas plantas -, já que é frequente oferecer-se a amigos e familiares a planta do dinheiro (Plectranthus verticillatus), para atrair abundância. Comprar a planta para o próprio ou deixá-la morrer é encarado como sinal de mau augúrio.
Contas no restaurante e gorjetas
Na Polónia é garantido: se for convidado para um jantar, é o anfitrião que paga a conta. Em Itália ainda é comum o homem assumir sempre a despesa e pagar pela mulher. Já na Alemanha a frase “Zusammen oder getrennt?” (junto ou separado?) faz parte do menu para todos os funcionários assim que recebem o pedido da conta. Por lá, tipicamente, cada pessoa paga apenas aquilo que consumiu, enquanto os italianos, nos seus convívios, à semelhança de outros países do Sul da Europa, tendem a dividir tudo por igual. Já no que toca a beber, os irlandeses fazem rondas: cada pessoa paga uma rodada e essa despesa toca a cada um dos presentes. Quanto a gorjetas, na Polónia é pouco comum. Para os italianos e para os portugueses também não é regra, a menos que o serviço tenha sido particularmente bom. E também não faz mesmo parte da cultura nipónica. Quando estrangeiros visitam o Japão e deixam uma gratificação em cima da mesa, os empregados reagem até com perplexidade e não será estranho vê-los correr atrás dos clientes para lhes devolver o dinheiro. Isto acontece também porque os funcionários são responsáveis pelo acerto de contas, pelo que saldo a mais na caixa registadora é sinónimo de dor de cabeça. Nos Estados Unidos, as gorjetas são tácitas: fazem parte do serviço e
tendem a representar 15 a 20% da conta.
Dar nome às notas
Os australianos são conhecidos por dar nomes às notas. Uma nota de cinco dólares cor de rosa chama-se prawn, a vermelha de 20 dólares é lobster e a amarela, de 50 dólares, é pineapple. É, assim, possível que ouça “não tenho dinheiro, emprestas-me um ananás?” Também no Reino Unido existem muitos jogos de palavras associados a dinheiro: Archer são 2.000 libras, Bag of Sand são 1.000, Monkey são 500, entre outros. “Quanto pagaste por isso? Foi caro! Um saco de areia” – parece estranho, mas para um britânico é calão e comum.
Italianos e o seu café suspenso de Nápoles
É conhecida em toda a Itália, mas a tradição do café suspenso nasceu em Nápoles durante a II Guerra Mundial e consiste em pagar dois cafés: um para si e outro para alguém que não o possa pagar. É encarado como um gesto de bondade e humanidade.
Candy-Saturday
Na Suécia, as crianças recebem com frequência até cinco euros, aos sábados, para comprar doces – faz parte da tradição “Candy-Saturday”. Este hábito surgiu na década de 50, no âmbito de uma campanha governamental, que tinha como objetivo fazer com que as famílias concentrassem o consumo de doces em apenas um dia da semana, evitando o risco de cáries nas crianças. De acordo com um estudo conduzido pela Autoridade para a Agricultura do país, os suecos têm o maior consumo de doces per capita em todo o mundo: consomem cerca de 15 quilos por ano.