O regresso às aulas é uma fase entuasiasmante para os mais novos e, portanto, não é de se estranhar que os pais queiram partilhar este momento especial com amigos e familiares nas redes sociais. Porém, a iniciativa pode abrir a porta para certas preocupações.
“Há uma consciencialização crescente sobre os perigos das partilhas excessivas de fotos e informações de crianças online”, diz Yaron Litwin, diretor de marketing da Canopy, uma aplicação parental que deteta e bloqueia pornografia em todos os sites da Internet.
O perito menciona um estudo britânico de 2020, realizado pela organização Parent Zone. As conclusões mostram que um progenitor publica, em média, cerca de 1500 fotografias do filho online antes de este completar cinco anos. Então, acrescenta, não se trata de um problema mínimo.
“As desvantagens de tais partilhas começam com o potencial constrangimento da criança mais tarde na vida e o ressentimento resultante que isso pode criar relativamente ao pai responsável”, explica. “Mas o roubo de identidade também é uma ameaça muito real quando informações e imagens são obtidas sem esforço por criminosos online”, continua. “Um perigo mais alarmante é que as fotos cheguem a pedófilos e predadores, que até podem usar a imagem da criança em pornografia gerada por inteligência artificial, um fenómeno recente que está a espalhar-se amplamente pela Internet.”
Partilhar fotos dos filhos no primeiro dia de aulas: sim ou não?
Quanto a partilhar fotos do primeiro dia de aulas, Litwin sublinha importância de os pais analisarem cuidadosamente cada imagem antes de publicar.
“Revela demasiada informação, incluindo imagens de fundo e placas de rua, que podem revelar a localização? Isto pode envergonhar o meu filho agora ou mais tarde na vida?” sugere como ponto de partida para essa reflexão. “Tenha muito cuidado com as definições de privacidade”, acrescenta. “Considere limitar quem pode ver as fotografias, publicando em contas ou grupos privados, e desative a geolocalização.”
Em geral, o perito enfatiza que os pais devem conversar regular e abertamente com os filhos sobre a Internet e os seus potenciais perigos, incluindo aqueles em desenvolvimento e os generalizados. Como exemplos, destaca os seguintes termos:
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Sextortion: extorsão em que um perpetrador ameaça expor informações sexualmente comprometedoras (como imagens privadas sexualmente explícitas ou vídeos da vítima), a menos que a vítima atenda a certas exigências.
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Deepfakes: imagem ou gravação alterada e manipulada convincentemente, com recurso à inteligência artificial, para mostrar alguém a fazer ou dizer algo que não aconteceu.
“Os nossos filhos navegam num mundo oline que está a tornar-se progressivamente mais complexo e perigoso. Eles correm constantemente o risco de serem expostos a materiais explícitos, mesmo que não os procurem”, avisa Yaron Litwin. “A saíde mental deles é impactada negativamente por tais conteúdos, pelo tempo de ecrã excessivo e pela utilização das redes sociais”.
Como tal, é melhor limitar o tempo passado em frente a dispositivos eletrónicos ao mínimo indispensável e restringir a utilização dos mesmos em divisões não supervisionadas.