Hotel Tivoli Avenida da Liberdade
À memória de Beatriz
Um dos hotéis mais famosos de Lisboa já conta com mais de 90 anos de história, mas a sua residente mais célebre foi Beatriz Costa, que durante mais de três décadas fez do Tivoli a sua casa. Para sempre recordada graças à ‘Canção de Lisboa’ (lembra-se do ‘ai chega chega minha agulha’?), de 1933, altura em que todas as raparigas portuguesas passaram a usar o seu corte de cabelo com franjinha, Beatriz Costa tornou-se um ícone da cultura portuguesa. A partir dos anos 50, passou a viver no Hotel Tivoli. Ainda hoje o hotel a recorda: inclusivamente, tem uma suite com o seu nome.
Hotel Evelyn
A ‘It Girl’ do século XX
Talvez não saiba quem foi Evelyn Nesbit. É natural: foi uma espécie de ‘it girl’ americana do princípio do século XX, mas tão famosa como as de hoje (embora sem Instagram nem Facebook). Atriz, corista e modelo, foi retratada por todos os fotógrafos de moda do seu tempo. Tornou–se ainda mais famosa por razões dramáticas: em 1906, o marido, o multimilionário Harry Thaw, matou um arquiteto famoso e foi a tribunal naquilo que ficou conhecido como ‘o julgamento do século’. Depois de um interrogatório traumático, Evelyn acabaria por contar que o arquiteto a violara quando ela era adolescente. Hoje, a sua imagem permanece no hotel que tem o seu nome: fica em Nova Iorque, Manhattan, naquele que era o ‘Tin Pan Alley’ e o coração do jazz, e é uma homenagem à ‘art deco’ e à primeira ‘it girl’ da História.
Hotel Ritz Paris
A casa
de Mademoiselle Chanel
“O Ritz é a minha casa”, afirmava Coco Chanel. Viveu lá mais de 30 anos, embora mantivesse um apartamento por cima da sua loja, que apenas usava para receber amigos. Nos anos 40, o Ritz foi invadido por uma elite de nazis poderosos, um dos quais mantinha um romance com Chanel. Foi o suficiente para, depois da guerra, ser acusada de espionagem. Fechou a Maison e exilou-se na Suíça, mas em 1953, com os ânimos franceses mais calmos, regressou ao Ritz, onde morreu em 71. Hoje, existe uma suite Chanel, recriada em 2016 por Karl Lagerfeld numa homenagem ao estilo da mulher que mudou para sempre a História da moda.
Hotel Stafford
‘O Rato Branco’
Talvez também não saiba quem foi Nancy Wake, mas esta não era uma ‘it girl’. Em 1943, era a pessoa mais procurada pela Gestapo. Nascida na Austrália, quando a Segunda Guerra começou era casada com um francês. Ofereceu–se à Resistência e a sua vida passou a estar em perigo. Os alemães chamavam-lhe ‘White Mouse’ (rato branco) devido à sua habilidade para se escapar. Em 1944, saltou de paraquedas em Auvergne, criando uma ligação entre Londres e a resistência local.
Depois da guerra, descobriu que o marido fora torturado e morto sem nunca revelar o seu paradeiro. Foi muitíssimo condecorada, entrou para a política, tornou a casar-se, e antes de morrer, aos 98 anos, viveu algum tempo no Stafford London Hotel, onde gostava de estar no bar a conversar. O bar do hotel criou mesmo um cocktail em sua honra. Chama-se– adivinhem lá – ‘White Mouse’.
Hotel Figueroa
O primeiro hotel para mulheres
Se há hotel ligado às mulheres é o Figueroa, em Los Angeles. Construído em 1926, foi ideia de um grupo de mulheres que queriam criar um local seguro para viajantes femininas. A YWCA (Associação Cristã de Jovens Mulheres, uma organização orientada para o desenvolvimento de oportunidades) conseguiu um empréstimo de mais de um milhão de dólares e entregou a direção à aviadora e feminista Maude Bouldin, a primeira mulher a dirigir um hotel. Os homens eram admitidos, mas apenas no 3.º e 4.º andares. O hotel passou por períodos conturbados até 2014, quando foi comprado por Brad Hall, que devolveu o edifício à estrutura original e o encheu com fotografias das suas criadoras e referênciasà sua história, homenageando as mulheres que lutaram para dar força e segurança a outras mulheres.