A funcionar desde 2009 na Ria Formosa, Olhão, o RIAS é um hospital de fauna selvagem cujo objetivo é “o tratamento de animais selvagens e a sua posterior devolução à Natureza. Associado a isto estão as componentes de investigação e educação ambiental, através de parcerias com universidades e municípios”, diz-nos Vera Marques, bióloga do departamento de Educação Ambiental e Divulgação. “Recebemos diariamente animais feridos/debilitados, trazidos por particulares ou entregues em postos da GNR, e chegam até nós pelo ICNF ou SEPNA/GNR.”
QUEM SÃO OS PACIENTES
O número de animais a serem tratados muda com frequência (entre internamentos e devoluções). “Recebemos qualquer espécie autóctone de Portugal: aves (gaivotas, águias, pardais, melros, cegonhas), mamíferos (ouriços, texugos, morcegos), répteis (cágados e camaleões) e até anfíbios (sapos, salamandras), entre outros. Com tantos animais acidentados em estado muito grave que lhes chegam às mãos, nem todos sobrevivem, apesar dos esforços da equipa, mas há que recordar as muitas histórias com final feliz, entre elas a de uma águia-cobreira que lhes foi entregue após ter sido eletrocutada (os ferimentos de eletrocussão são muito difíceis de tratar) e a de uma fuinha atropelada com gravidade, que conseguiu recuperar e foi libertada. “É emocionalmente difícil quando o animal não resiste. Mas quando recuperam, o momento em que são devolvidos à Natureza é extremamente gratificante”, revela-nos Vera Marques. Nos casos em que o animal não pode ser devolvido à Natureza, encaminham-no para parques zoológicos.
PARA QUE TUDO FUNCIONE
“Até agora recuperámos mais de 10 mil animais”, um número impressionante de que a equipa do RIAS se pode orgulhar, equipa essa que é constituída por sete pessoas formadas nas áreas de veterinária, auxiliar de veterinária, biologia, ciências ambientais e ecoturismo, e alguns estagiários que colaboram nas diversas tarefas diárias. “Sendo gerido por uma associação sem fins lucrativos, ALDEIA, o RIAS está em constante procura por financiamento. As instalações foram-nos cedidas pelo ICNF e existe uma parceria com a ANA. Vários municípios do Algarve apoiam-nos com uma verba anual e recebemos recentemente apoio do Fundo Ambiental. Outra fonte de financiamento provém de particulares que nos apoiam através do apadrinhamento de um animal (que inclui o convite para assistir à sua libertação); donativos monetários ou em material de limpeza/alimento; ou através da compra do nosso merchandising.”