Atenção: este é um livro que se devora (literalmente, como podem ver pela fotografia). Não é daqueles que se possa ler 4 linhas hoje e mais 5 daqui a uma semana, por isso escolha uma altura em que sabe que vai ter algum tempo e/ou paciência e/ou já tenha visto todas as séries da Netflix e da HBO.
E este é mais um daqueles exemplos de que ainda há boas histórias por contar. Então vamos lá ao princípio: quando faz 25 anos, Libby recebe a carta mais importante da sua vida. Nela lhe dizem quem são os seus pais biológicos, também comunicam que é herdeira de uma mansão em Chelsea.
Claro que, como isto é um policial, adivinhamos rapidamente que a casa vem com ‘presente’ attached. Vem. São descobertos 3 corpos de adultos, e Libby começa, com a ajuda de um jornalista, a investigar o passado da sua família biológica para perceber quem são aquelas pessoas, o que aconteceu ali nas décadas de 70 e 80, e o que aconteceu aos irmãos que até então nem sabia que tinha e que desapareceram sem deixar rasto.
Entramos rapidamente na máquina do tempo a uma viagem ao passado, quando duas famílias resolvem juntar-se para viver numa espécie de comunidade hippie, com filhos à mistura. Claro que a coisa acaba por dar mau resultado. Muito mau resultado. Mesmo muito mau resultado.
Como não gosto de spoilers não vou aqui contar mais, mas apesar do lado negro do enredo, garante-se que tudo acaba bem. O que é sempre animador num livro que começa não com um mas com três mortos de uma assentada.
O que tiramos daqui: o prazer de ler uma boa história que é como um puzzle, com peças que começam a encaixar-se. O livro alterna entre passado e presente, e o nível de fantasia grotesta aumenta até ao ponto em que pensamos que já não vai haver mais supresas. E há sempre.
Boas leituras, não apanhem frio e cuidado se tiverem um cão que também goste de livros.
A família perfeita’ – Lisa Jewell, Ed. Planeta, E15,75