A história do encerramento da 33º edição do Portugal Fashion foi escrita pelo criador mais internacional do momento: Felipe Oliveira Baptista. Depois de quatro dias intensos de desfiles, em que desabrocharam as energias de jovens criadores no espaço Bloom, e em que se celebrou o aniversário do consagrado Miguel Vieira, coube ao diretor criativo da Lacoste fechar com chave de ouro este evento de moda. A sala de desfiles da Alfândega do Porto encheu se para ver as suas propostas.
Antes do tão aguardado desfile, Felipe Oliveira Baptista juntou sinergias com os jovens talentos e foi o jurado no concurso Porto Fashion Show, onde desfilaram propostas dos finalistas de escolas de moda de Portugal, Espanha, França, Itália e Reino Unido. Na sala do “Espaço Bloom” o criador natural dos Açores, entre muitas solicitações,responde a algumas perguntas sobre a sua carreira. O designer que diz não ser “tão novo quanto isso”, conta que a Lacoste trouxe uma “visibilidade global do seu trabalho”. A sua marca própria é mais ligada a um sector de “nicho no mundo da moda”.
Felipe Oliveira Baptista falou também sobre a exposição no MUDE (Museu do Design e da Moda, em Lisboa) em que estão expostas 130 peças da sua autoria e que é uma retrospetiva dos dez anos de carreira do jovem ambicioso que partiu para estudar em Londres e que vendeu o Honda Civic da família para comprar os tecidos para a coleção que venceria no Festival de Hyéres. “Estive a trabalhar nela um ano, muito intensamente, vi todos os detalhes”. O criador que acompanhou ao pormenor o exercício de exibir roupa num museu, revelou que “passou dez dias antes da abertura a inspecionar todos os detalhes”. Esta exposição foi para o próprio um “desafio que gostava que viajasse para outros países”, acrescenta.
De volta à sala de desfiles da Alfândega, tudo fica a postos para ver as propostas da coleção intitulada “The sheltering sky”. Felipe veio mais uma vez dar provas do seu talento, criou um “guarda-roupa funcional”, segundo próprio, que se uniu a uma sofisticação e a um caráter sensual presente em cada coordenado. A silhueta feminina é revelada por algumas aberturas subtis, que revelam pele das modelos enquanto se movem.
O funcional ganha uma nova dimensão nas propostas para o próximo verão. A versatilidade impôs-se em peças multifuncionais: “o vestido transforma-se numa saia e os casacos em vestidos”. A mulher de Felipe Oliveira Baptista é livre em movimentos, com tecidos fluidos a lembrar uma das inspirações do criador, o povo nómada. Assim surgiram modelos monocromáticos em branco. Nesta viagem aparecem-nos, ainda, as inspirações militares em tons de verde e em vestidos compridos com bolsos, dobras e pregas.
As peças de Oliveira Baptista são feitas para mulheres luminosas e confiantes, sem medo de usar os decotes geométricos ou de enfatizar a cintura com cintos largos. Houve ainda espaço para a vivacidade do azul, do jacquad e padrões abstratos. Os materiais refletem a casualidade da coleção: Felipe elegeu os tecidos naturais e delicados. “Algodão quase sempre misturado com seda. Desde o tecido mais grosso ao mais ultraleve chiffon”, segundo o próprio.
Nesta dinâmica, surgem variações da linha da cintura, alternadamente altas e estreitas ou soltas sobre as ancas.
No final, deu-se a ovação, merecida, pelo trabalho do criador.