Nesta quarta-feira, 20 de janeiro, Joe Biden e Kamala Harris juraram a Constituição americana, tornando-se assim o 46º presidente e a primeira vice-presidente de origem afro-indiana, respetivamente, dos Estados Unidos.
Com os olhos do mundo postos em Washington, D.C., algumas das mulheres que marcaram presença na cerimónia usaram a moda como forma de expressão política ao escolherem visuais carregados de simbolismo. Tanto Harris como Michelle Obama apostaram em criações de designers negros para a ocasião, tendo usado peças assinadas pelos estilistas Christopher John Rogers e Sergio Hudson.
Mas foi através de uma cor específica que algumas das maiores mensagens do evento chegaram ao público. Do “look” tom de amora elegido por Obama ao violeta de Kamala e Hillary Clinton, o roxo (nas suas muitas variações), acabou por estar em grande destaque. E o significado desta iniciativa é muito mais profundo do que as tendências do momento. Em primeiro lugar, é a cor da realeza, como sublinha a historiadora Gwendolyn Dubois Shaw, em declarações ao site da revista “Town&Country”.
“A nossa democracia nasceu de uma monarquia e situação colonial. Nunca tivemos a nossa realeza, portanto tendemos a projetar esse desejo”, explicou.
Esta é também a cor do Coração Púrpura, uma condecoração militar americana outorgada em nome do Chefe de Estado a todos os integrantes das Forças Armadas que sejam feridos ou mortos em serviço. Passando à literatura, a tonalidade consta no título do romance vencedor de um Prémio Pulitzer “A Cor Púrpura” (1982), de Alice Walker, que fala sobre temas que ainda marcam a atualidade americana como, por exemplo, a discriminação racial e de género.
O roxo serviu também para prestar tributo às mulheres que fazem parte da História. Segundo a revista “Cosmopolitan”, o visual da nova primeira-dama será uma homenagem a Shirley Chisholm — a primeira mulher a concorrer à Presidência dos Estados Unidos em 1972 — por ser esta a cor que a candidata usou nos panfletos da sua campanha eleitoral. E, claro, a cor evoca também o feminismo, por estar presente na bandeira sufragista.
Por fim, mas não menos importante, a moda foi ainda sinal de união. Isto porque a mistura de vermelho e azul — as cores que representam, respetivamente, os partidos Republicano e Democrata — resulta em roxo. Uma apelo para que os americanos se foquem naquilo que os aproxima, e não no que os separa.