À primeira vista, os visuais sem amarras da Schiaparelli parecem fora da caixa. O diretor criativo Daniel Roseberry tende a usar cores mínimas, enfatizando códigos da casa como, por exemplo, acessórios inteligentes, motivos para os olhos e surrealismo. A nova coleção continua a abraçar esse espírito, mas com uma nova abordagem.
“Eu queria criar um guarda-roupa impossível — não por ser impossível usá-lo, mas por ser tão extraordinário”, diz Roseberry nas notas do desfile, que acabou por tornar-se numa “interpretação surrealista do guarda-roupa essencial de uma mulher”.
A coleção mistura peças separadas para explorar um novo sentido de desobediência. Em vez de artigos que parecem fortemente coordenadas, Roseberry quis criar roupas que parecessem “mais orgânicas, mais sensuais, mais improvisadas”. O criador explicou ainda que a maioria dos looks foram ‘montados’ nos dias que antecederam o desfile, em oposição às fórmulas da cabeça aos pés que foram elaboradas por meses.
“Vivemos e criamos moda numa era em que a criatividade, ‘quebrar a Internet’ e as piadas sobre celebridades chegam-nos semanal e diariamente, e, agora, a cada hora. Alguns deles nem foram criados por mãos ou mentes humanas. A maioria deles serão esquecidos amanhã”, explica. “Foi por isso que quis que esta coleção fosse tão agressiva e inconfundivelmente humana — e enraizada em referências artísticas que parecem intemporais. Vestir, decorar e, acima de tudo, criar é tão primitivo como qualquer outro instinto que temos”.