Licenciada em arquitetura na Universidade do Porto, com uma pós-graduação em Design de Joias na Universidade Católica, Luísa Rosas diz que a joalharia faz parte do seu ADN. “Percebi isso já adulta”, diz Luísa. “Sou a quinta geração ligada à joalharia, cresci com pais que trabalhavam juntos na área e, tanto eu como o meu irmão, vivíamos muito tudo o que se passava na David Rosas. Acompanhámos de perto todo o crescimento, viajámos com os nossos pais a visitar feiras, fábricas e passámos uma boa parte do nosso tempo na primeira loja David Rosas, inaugurada em 1984. Era perto do colégio onde estudávamos e do ténis que praticávamos e por isso acabava por ser o centro do nosso dia-a-dia.”
No entanto, talvez por ser maria-rapaz, Luísa nunca achou que iria trabalhar no mundo das joias, e garante nunca ter sido pressionada nesse sentido. “Só muito mais tarde, já com 30 anos, quando fui desafiada pelo meu irmão para desenhar uma coleção de joias, comecei a apaixonar-me por este mundo e percebi que fazia parte de quem era.”
Falámos com a joalheira, a propósito do lançamento da sua nova coleção, SEA.
O que caracteriza a suas peças e distingue a sua marca de outra na área?
Acredito que a minha marca tem uma identidade forte e que materializa bem as histórias que pretende contar nas suas peças. Gosto de pensar que é uma marca com um ponto de vista interessante e que oferece peças que as pessoas gostam de ter por perto todos os dias. A minha inspiração vem da natureza, mas gosto de trabalhar de uma forma mais estruturada e pessoal.
Quais os principais desafios de ser empreendedora nesta área?
Há muitos, mas vou salientar a preocupação constante em ter coleções e peças diferenciadoras, que sejam uma simbiose entre a essência da marca e o que o mercado procura.
Qual a principal lição que aprendeu com a experiência da família nesta área?
Cresci com lições quase diárias, na família em que cresci. Vou salientar o que a minha mãe que me ensinou da sua experiência tão rica, sobre questões ergonómicas, formais e do movimento das peças. Sempre teve uma preocupação e um conhecimento muito profundos nesses temas, e acompanhá-la desde pequena trouxe-me um conhecimento enorme nesta matéria, que uso naturalmente nas minhas joias.
O melhor conselho que já recebeu…
Para pensar e logo existir. (risos)
Quais os principais materiais com que gosta de trabalhar?
Gosto de trabalhar com os clássicos: ouro (de várias tonalidades), diamantes e pedras de cor.
Quais as principais tendências que podemos esperar na joalharia em 2024?
As pulseiras ‘stackable’ têm crescido bastante no mercado das joias. Essa tendência manter-se-á seguramente em 2024.
O que caracteriza a sua nova coleção?
Na coleção SEA, e à semelhança de todas as minhas coleções, a Natureza é a força motriz que lhe dá vida. Resultado da observação meticulosa do mar, da sua geometria tão própria, dos seus padrões únicos, esta coleção nasce como uma expressão intrínseca dessa essência. Esta é uma coleção cujas peças não só refletem a profundidade do mar mas também capturam a sua energia vibrante, os seus reflexos, os seus brilhos e celebram a sua natureza única e imprevisível.
Que ligação tem ao mar e como está isso representado na coleção?
Num país com uma área pequena e uma linha costeira de 832km, acredito que a grande maioria dos portugueses tem uma relação muito particular com o mar. Eu tenho-a seguramente. Vivo no Porto, não muito longe do mar, e é parte intrínseca da minha vida. Milhares de vezes, porque estava contente, porque estava triste, porque me apetecia olhar para ele ou respirá-lo, fui ter com ele. Traz-me de volta pessoas, momentos, ajuda-me a olhar para o passado e para o futuro. Parece demasiado poético, mas tem de facto essa capacidade, na sua calma, na sua força, nos seus movimentos e na sua imensidão.
E é na movimentação destas águas, que surge esta coleção. As texturas polidas refletem a calma do mar, as suas formas côncavas e convexas evocam a sua fluidez e as peças de acabamento escovado revelam o seu lado mais selvagem. Já os diamantes capturam as suas tonalidades. Cada joia torna-se, desta forma, um testemunho da beleza do mar e a sua alma está esculpida em cada detalhe. Esta ligação é, de facto, uma coisa de alma.
Conheça a coleção SEA na fotogaleria abaixo: