O mundo da moda sofreu uma grande perda no dia 12 de abril. Roberto Cavalli, designer italiano que deixou um forte legado nas passerelles mundiais e na forma como usamos os padrões naturais, morreu na casa que tinha em Florença aos 83 anos.
“Uma vida vivida com amor. É com grande tristeza que hoje nos despedimos do nosso fundador Roberto Cavalli. De origens humildes, em Florença, Roberto conseguiu tornar-se um nome mundialmente reconhecido, amado e respeitado por todos. Naturalmente talentoso e criativo, Roberto acreditava que todos poderiam descobrir e alimentar o artista dentro de si. O legado de Roberto Cavalli viverá através da sua criatividade, do seu amor pela natureza e da sua família, que adorava.”, dizia o comunicado oficial publicado nas redes sociais oficiais do marca que Cavalli criou na década de 1970.
A agência de notícias italiana ANSA garante que o criador estava doente há algum tempo, com o seu estado de saúde a ter-se agravado nos últimos dias. Contudo, não refere o mal de que padecia nem a causa da morte.
Nascido a 15 de novembro de 1940 em Florença, Roberto Cavalli sempre se interessou por Arte, tendo estudado impressão de tecidos na Escola de Arte da sua cidade natal. Já na altura demonstrava interesse pelas estampagens relacionadas com a natureza e pela forma como a poderia aplicar a diferentes materiais têxteis.
Em 1970 combinou o lado criativo à vertente empreendedora e fundou a sua própria marca. Distinguiu-se pelas estampagens que produzia através de uma técnica patenteada, com os motivos naturais, especialmente os padrões animais, a tornarem-se predominantes nas suas criações.
Cavalli reproduzia imagens da natureza, como é o caso das listas de uma zebra ou das manchas de uma chita, mas também criava padrões novos que surgiam da sua imaginação. O resultado eram tecidos exuberantes e exóticos que exaltavam um lado mais primitivo, sensual, excessivo e luxuoso.
Os tecidos com padrões impressionantes roubavam atenções e eram uma imagem de marca de Cavalli. As criações desta casa de alta-costura contrastavam com a sobriedade ou o minimalismo que eram visões de outras marcas, especialmente na década de 1990.
Ao longo dos anos, foram muitas as celebridades que escolheram usar criações Cavalli em grandes eventos, como foi o caso de Naomi Campbell, Lenny Kravitz, Jennifer Lopez ou Lady Gaga. Mas apesar de a marca ter feito sucesso e ter tido fãs por todo o mundo, muitas vezes as opções do criador criaram controvérsia, especialmente entre organizações de defesa dos direitos dos animais.
Em 2012, durante uma entrevista cedida à ACTIVA na sua fábrica em Florença, Roberto Cavalli admitiu ser um admirador da mulher e de todo o que é feminino: “Eu adoro a feminilidade. Acredito que o homem tem a força e a mulher a inteligência. Sou talvez o único homem a pensar isto (ri-se). Por isso o conselho que eu daria às mulheres é que ponham sempre mais em evidência a sua feminilidade, nunca tentem ser masculinas. Porque a parte feminina de uma mulher é o seu maior poder”.
O legado de Roberto Cavalli é a fantasia e a sedução aplicada à moda. “A minha moda tornou-se um sucesso porque os outros designers tornaram-se muito chatos”, afirmou a certa altura numa entrevista à revista People. De facto, as suas criações nunca foram consideradas aborrecidas e o seu lado mais ousado e criativo é incontornável na história da Moda.