
Quando Melissa Blake partilhou um texto que tinha escrito sobre Donald Trump nas redes sociais, o artigo tornou-se viral. Contudo, numa reviravolta desapontante, os milhares de comentários que o artigo de 2019 recebeu não estavam relacionados com política, mas sim com a aparência da autora.
A jornalista freelancer e ativista pelos direitos das pessoas portadoras com deficiência sofre de síndrome de Freeman-Sheldon, um distúrbio genético ósseo e muscular raro, que afeta a boca, rosto, mãos e pés. “Havia comentários de pessoas a chamar-me feia e a dizerem que eu parecia um balão de festas populares”, contou ao site Newsbeat. A gota de água foi uma reação particularmente maldosa, em que o autor sugeriu que Melissa deveria ser impedida de partilhar fotografias suas online. “Pensei que iria fazer o oposto e mostrar-lhes que não vão levar a melhor”.
Assim sendo, como resposta, decidiu partilhar três selfies no Twitter. O post feito a 8 de setembro de 2019 tornou-se viral, sendo que já recebeu quase 328,9 mil ‘gostos’ e foi partilhado quase 32 mil vezes até à data. Melissa já foi submetida a 26 operações para endireitar as articulações, mãos e joelhos, e para tratar a escoliose – uma condição em que a coluna se torce e se curva para o lado.
Em conversa com o Newsbeat, confessa que, por vezes, tem dificuldade em ignorar os comentários cruéis de que é alvo. “Aquilo que superei ajuda-me a colocar as coisas em perspetiva”, revela. Quando questionada sobe que mensagem gostaria de deixar a quem a insulta, apela simplesmente ao bom senso e à empatia.
“Espero que as minhas selfies as ajudem a ver que há um ser humano do outro lado do computador, que estão a insultar. Penso que tudo se resume a tratarmos as pessoas como queremos ser tratados. Eu sei que parece muito simples e um cliché, mas é verdade”.
Quase um ano depois, Melissa foi novamente obrigada a pronunciar-se sobre o bullying online. Desta vez por causa de um desafio viral (e muito ofensivo) no TikTok, em que pais mostravam fotografias de pessoas com deficiências aos filhos e diziam-lhes que aqueles seriam os seus novos professores. As reações das crianças, em geral assustadas, eram filmadas e partilhadas na rede social.
“A brincadeira do TikTok apenas reforçou a importância da representatividade da deficiência”, sublinha. “As pessoas com deficiência não estão aqui para ser ridicularizadas. Não somos piadas. Somos pessoas. A minha esperança é que mais pessoas se juntem a nós nesta luta. Precisamos de todos vocês”.