Sandra Ventura fotografada por Isabel Saldanha

Quando Sandra Ventura pegou pela primeira numa máquina fotográfica não sabia que esta lhe ia dar um sentido à vida. Tinha 18 anos, acabado o 12.º ano e com vontade de começar a trabalhar, mas ainda sem ideia do que queria fazer e uma oportunidade surgiu, como assistente do fotógrafo da terra. “Não fazia grande coisa, segurava o flash, ajeitava o véu da noiva, mas fui vendo a forma como ele trabalhava e achei aquilo interessante.” Decidiu começar a fotografar. Na altura, o seu namorado tinha uma empresa que fazia vídeo de eventos e acharam por bem juntar a valência da fotografia, para dar mais profundidade ao projeto, e começaram a ter bastante trabalho. “Olhando para trás, vejo agora como eu não percebia nada de fotografia, mas tinha olho e sensibilidade, era minuciosa, sabia qual era o enquadramento que queria, e tinha atenção ao pormenor, ao detalhe. As coisas estavam a correr bem, João e eu casámos, nasceram os nossos filhos… lembro-me que em 2000 houve imensos casamentos aqui em Samora Correia e em Coruche e nós, como éramos os fotógrafos mais novos da zona, da idade dos noivos e falávamos a mesma linguagem, foi fácil ter trabalho. Nessa altura decidi tirar um curso de fotografia na Oficina da Imagem e aí é que eu vi que não percebia nada de fotografia. Eu fazia tudo em automático, porque não percebia da técnica. Tinha olho e sensibilidade, como me disseram os professores, mas sabia lá eu o que era o ISA, a abertura, a velocidade, regular a luz… ou seja, a estética estava lá e fui finalmente aprender a parte técnica.”

Conheça alguns dos trabalhos fotográficos de Sandra Ventura.

Quando Sandra pegou pela primeira numa máquina fotográfica não sabia que esta lhe ia dar um sentido à vida. Tinha 18 anos, acabado o 12.º ano e com vontade de começar a trabalhar, mas ainda sem ideia do que queria fazer e uma oportunidade surgiu, como assistente do fotógrafo da terra. “Não fazia grande coisa, segurava o flash, ajeitava o véu da noiva, mas fui vendo a forma como ele trabalhava e achei aquilo interessante.” Decidiu começar a fotografar. Na altura, o seu namorado tinha uma empresa que fazia vídeo de eventos e acharam por bem juntar a valência da fotografia, para dar mais profundidade ao projeto, e começaram a ter bastante trabalho. “Olhando para trás, vejo agora como eu não percebia nada de fotografia, mas tinha olho e sensibilidade, era minuciosa, sabia qual era o enquadramento que queria, e tinha atenção ao pormenor, ao detalhe. As coisas estavam a correr bem, João e eu casámos, nasceram os nossos filhos… lembro-me que em 2000 houve imensos casamentos aqui em Samora Correia e em Coruche e nós, como éramos os fotógrafos mais novos da zona, da idade dos noivos e falávamos a mesma linguagem, foi fácil ter trabalho. Nessa altura decidi tirar um curso de fotografia na Oficina da Imagem e aí é que eu vi que não percebia nada de fotografia. Eu fazia tudo em automático, porque não percebia da técnica. Tinha olho e sensibilidade, como me disseram os professores, mas sabia lá eu o que era o ISA, a abertura, a velocidade, regular a luz… ou seja, a estética estava lá e fui finalmente aprender a parte técnica.”

Uma ideia pioneira
Em 2008, o casal separa-se e Sandra decide tomar outro rumo profissional. “Eu era o rosto daquela empresa, quem fazia mais fotografia de casamentos, escolas, em estúdio, sabia que se abrisse outra loja iria tirar clientela ao João, e não queria prejudicá-lo. Andei uns tempos à deriva mas sempre a trabalhar, afinal tinha 2 filhos para criar. Mas nada me enchia as medidas, fui comercial na Elis, agente imobiliária, mas não era a mesma coisa. Às vezes, o João pedia-me para o ajudar.” Foi num desses trabalhos, numa escola, que Sandra se apercebeu das saudades que tinha em ter uma máquina fotográfica nas mãos e que não podia fugir mais da sua paixão. “Aquilo que me atormentava era, não querendo prejudicá-lo, o que iria fazer? Então, em conversa com a minha irmã, que é assistente social num lar em Alverca, surgiu a ideia de fotografar os idosos. Era uma área do negócio que ele não fazia e decidi avançar, apesar de muita gente me dizer que não dava dinheiro. Como os meus avós tiveram 7 filhos cada um e éramos uma família bastante numerosa, pensei ‘se a maioria de nós ficasse com uma fotografia dos seus avós não era mau’. Pesquisou os lares do distrito de Santarém, Lisboa e Setúbal e deu-se conta que eram muitos e daria para se dedicar ao seu projeto sénior durante um ano, depois logo veria se dava certo. Contactou o lar da irmã e um pequenino de Samora e meteu os pés ao caminho. Resultou tão bem que percebeu que se tinha reencontrado. “Foi uma experiência maravilhosa e eles também adoraram, quando se viram nas fotografias, alguns nem acreditavam que eram eles, não viam a sua beleza, e isso é triste.”


O dinheiro não é tudo
E se no início era Sandra quem enviava as propostas aos lares, depois de uma reportagem sobre o seu trabalho na televisão, o telefone não parou e os convites foram surgindo, inclusive um em Tavira. “Até ali tinha fotografado perto de casa, ir ao Algarve implicava gastar do meu bolso, a deslocação, alojamento e alimentação. Como faço este trabalho sem cobrar, só recebo quando os familiares compram as fotos, teria de arriscar mas lá fui, carregada com todo o material no meu pequeno carocha. E assim comecei a percorrer o país de norte a sul. Faço isto porque gosto mesmo de fotografar os idosos, de conversar com eles, abraçá-los, ouvir as suas histórias, de lhes mostrar como são belos, que beleza não tem idade, que as rugas são bonitas, contam histórias, fazem parte da vida.”  O que Sandra não contava era com a indiferença de tantos filhos e netos pelos seus familiares mais velhos. “É triste, todos os anos os pais compram um pack de fotos dos filhos na escola mas muita gente não compra uma única foto dos seus idosos. Felizmente há quem o faça e por isso consigo manter-me neste projeto, mas não é pelo dinheiro, ganho 3-4 vezes menos que com as fotos nas escolas. Mas chegamos aos 40 anos e o que queremos é ser felizes, o dinheiro ajuda, mas não é tudo. Ganhar prémios deixa-me feliz, mas o reconhecimento das pessoas, dos familiares, é mais importante.”

Fotos com vida
São muitas as histórias que Sandra ouve na visita aos lares, e algumas não esquece, como a de uma senhora de Barrancos. “Nesse lar do Alentejo havia uma alentejana linda que me chamou a atenção, estava toda vestida de preto e tinha um lenço, que adoro, faz-me lembrar as minhas avós, mas com um olhar tristíssimo porque o seu único filho tinha falecido. Não queria ser fotografada, e eu não costumo insistir, mas estava fascinada e voltei a pedir-lhe porque sei que depois gostam muito de se ver. Ela dizia que não tinha alegria para o fazer, mas depois perguntou se podia ser fotografada com o filho. Quando lhe disse que sim, foi ao quarto buscar a moldura e tirou a foto sempre a olhar para ele. Emocionei-me bastante com aquele momento. Devia estar mais calejada porque fotografo muita gente enlutada, triste por estar num lar. É algo em que penso muitas vezes e tenho medo de lá chegar, porque vejo casos difíceis.” Mas também há muitas histórias de amor incondicional, como a de uma senhora que veio de França, onde estava emigrada, de propósito para ser fotografada com a mãe; ou a da idosa num lar em Penela cujo filho trabalhava numa empresa de resíduos, e todos os dias de manhã, quando o camião do lixo parava à porta do lar, ia a correr dar um beijinho à mãe; ou a da neta que veio do Montijo, onde vivia, até Louriçal do Campo, Castelo Branco, onde estava a avó, para ser fotografada com ela. “A avó não estava nada à espera e assim que a viu desfez-se em lágrimas, foi maravilhoso!”



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