O desenho sempre fez parte da sua vida, e mesmo na arquitetura – a sua formação – era a desenhar que se sentia mais feliz. Hoje, Marta Nunes dedica-se exclusivamente à ilustração, como freelancer, pois ao longo dos anos percebeu que “teria muito mais a dizer/fazer com o desenho/ilustração do que com o desenho arquitetónico”. E tem tido muito a dizer. A coleção de ilustrações ’25 dias para a Liberdade’ é tão bonita quanto marcante… e relevante. Não é por acaso que no futuro a ilustradora gostaria que a lembrassem como “uma pessoa que desenhou a importância da liberdade”.
Marta Nunes considera-se uma mulher ativista. “Um trabalho artístico reflete sempre o espírito do seu tempo e no meu caso sinto que o meu trabalho deve refletir aquilo que precisa de ser falado e o que me inquieta, sendo a minha posição perante os acontecimentos.” Nasceu em 1984, e acredita que “o papel das várias gerações é primeiro conhecer a história desta manhã de Abril para se perceber o que hoje devemos preservar e o que ainda falta fazer. Acho que não devemos ter nada como adquirido pois é um pressuposto de que não há muito mais a fazer, e não há nada mais errado num contexto social. A liberdade não é apenas um direito é também uma responsabilidade de a saber usar, e usar bem”.
Mas há mais a inspirar Marta Nunes, que chama “poética dos dias úteis” à capacidade de no dia a dia vermos a beleza nas pequenas coisas: “Tudo o que faz parte do meu dia a dia é uma potencial fonte de inspiração, desde a poesia às histórias de vida de pessoas desconhecidas, a paisagem de uma caminhada, conhecer o trabalho de um artista, os primeiros desenhos do meu filho ou a sua alegria perante cada nova descoberta, a história, a música, o cinema, o saber-fazer e os ofícios.”
Ultimamente, Marta Nunes tem também usado a sua arte pelo fim do genocídio em Gaza.