Depois de uma primeira década dos anos 2000 onde a magreza e os corpos sem formas foram extremamente exultados e eram padrão de beleza almejado pela maioria, criando um crescente número de casos de anorexia e bulimia entre as jovens, houve mudanças palpáveis na publicidade e no mundo da moda, promovendo a imagem de corpos mais reais. A Dove, marca de produtos de higiene pessoal, contribuiu em muito para a mudança de paradigma, já que foi das primeiras a explorar a necessidade de representatividade e da beleza real. Passámos, em poucos anos, do body shaming para a constatação de que é bonito ter curvas e que cada corpo deve ser celebrado. Contudo, parece que estamos a chegar ao fim dessa era, o que tem gerado preocupação em muitas franjas da sociedade.
Marielle Elizabeth, influencer e criadora de conteúdos digitais que usa a sua voz para enaltecer os corpos maiores e mais voluptuosos, já demonstrou a sua preocupação com aquilo que parece ser um retrocesso e que ela identifica o seu início com a perda de peso repentina de Kim Kardashian aquando da Met Gala. Na verdade, Kim foi uma das mulheres que mais contribuiu para a apologia das curvas no corpo feminino, levando muitas pessoas a recorrerem à cirurgia estética para conseguirem formas semelhantes às suas. Porém, parece estar agora no pólo oposto, sendo a sua imagem bastante mais magra aquilo que agora inspira muitas adolescentes.
Além da nova forma física de Kim Kardashian, também as grandes marcas trouxeram um revivalismo dos anos 2000, resgatando as calças de cintura descaída e as saias muito curtas dessa altura. Modelos que apelam a uma silhueta esguia e sem ponta de gordura para que caiam na perfeição. Esta pressão do corpo ideal pode representar um novo fator de risco, sobretudo nas adolescentes, que querem, por norma, atingir os padrões de beleza impostos por quem seguem nas redes sociais. E padrões inatingíveis podem gerar complexos e frustrações preocupantes e uma auto-visão demasiado limitativa.