O QUE É O HPV
. O Vírus do Papiloma Humano (HPV) é um microorganismo que está na origem de uma das infeções sexualmente transmissíveis mais comuns.
. Foi descoberto pelo alemão Harald zur Hausen, em 1983. Em 2008 recebeu o Nobel da Medicina.
. Na sua forma benigna (HPV não oncogénico) provoca verrugas em várias partes do corpo (pele) mas na sua forma maligna (HPV oncogénico) é a causa principal do cancro do colo do útero, nas mulheres, e cabeça e pescoço (língua e amígdalas) nos homens, estando os números deste último a aumentar. O HPV oncogénico pode ainda provocar cancro no ânus, pénis, vulva, vagina.
. A forma de contágio mais frequente é através dos contactos sexuais (relação sexual tradicional, oral e anal) com uma pessoa que esteja infetada, embora também possa ocorrer sem que haja penetração ou apenas o contacto de pele com pele (tocar no pénis, vulva, ânus) de uma pessoa com o vírus.
. É tão comum que cerca 90% das mulheres e homens sexualmente ativos, pelo menos uma vez na vida, já tiveram HPV, muitas vezes sem o saber, só que o seu sistema imunitário conseguiu libertar-se do vírus.
. Todas as pessoas estão em risco desde o momento que iniciam a sua vida sexual.
. Tanto a mulher como o homem podem transmitir o vírus.
. A maior parte das vezes o vírus desaparece sem causar problemas. Mas quando o nosso sistema imunitário não consegue eliminá-lo pode provocar problemas de saúde.
. O HPV em nada tem a ver com o HIV (vírus da imunodeficiência humana), mas uma pessoa com HIV, como tem a imunidade deprimida, pode ter dificuldade em eliminar o vírus.
SINAIS E SINTOMAS
. Uma pessoa pode ter HPV e estar assintomática.
. Há mais de 100 tipos de vírus. Alguns são de baixo risco (não oncogénicos) e não causam cancro. Os de alto risco (oncogénicos), podem dar origem a cancro, ainda que só 30% dos oncogénicos evoluam nesse sentido.. Os vírus de baixo risco têm manifestações ‘feias’ (condilomas ou verrugas) na pele em sítios como as mãos, pénis, grandes lábios. Dão prurido e têm aspetos horríveis.. Os oncogénicos não são visíveis a olho nu e podem surgir
em zonas como o colo do útero, vulva, ânus, pénis ou na orofaringe.
. As manifestações cutâneas, como as verrugas (mãos), não podem provocar lesões na mucosa, (ex. colo do útero) e vice-versa.
PREVENÇÃO, DETEÇÃO E TRATAMENTO
. A melhor prevenção é levar a vacina do HPV antes de iniciar a atividade sexual
. Se já iniciou a sua vida sexual o mais seguro é ter sempre o mesmo parceiro, mas isso é praticamente impossível. “Às pessoas que mudam de parceiro aconselho-as a fazerem exames, dois ou três meses depois de iniciarem um novo relacionamento, para ver se houve aquisição de HPV”, afirma a médica ginecologista Clara Bicho. O problema são as relações extraconjugais desprotegidas. Se mudar frequentemente de parceiro, o melhor é mesmo usar preservativo em todas as ocasiões, até para o sexo oral, embora o preservativo nem sempre seja uma garantia de proteção.
. A vacina do HPV faz parte no Plano Nacional de Vacinação e deve ser administrada a raparigas entre os 10-13-anos. Em relação aos rapazes, foram incluídos no PNV em 2020, sobretudo os que nasceram depois de 2009.
. As mulheres mais velhas podem levar a vacina do HPV, mas devem certificar-se de que não são portadoras do vírus.
. O teste do HPV e a citologia devem ser feitos desde que a mulher inicia a sua vida sexual. Se a citologia vier com alterações, deve contactar o médico. Se tiver HPV oncogénico (alto risco) em Portugal há maior prevalência dos subtipos 16, 33, 31, 51 e 18 faz-se uma colposcopia, para ver se há lesões especiais para fazer biopsia. “Nestas lesões podemos recorrer a mais testes de diagnóstico indicativos do comportamento do vírus. Assim, temos o teste RNA mensageiro ou o Cintec-Plus para ver se o vírus está ativo. Se estes testes forem negativos não se faz nada, mas se for positivo atua-se estimulando o sistema imunitário, (para que o vírus seja libertado ou pelo menos fique numa fase latente). E vigia-se o parceiro também.. Se praticarem sexo oral, convém ser visto por um otorrinolaringologista, para vigiar a zona da orofaringe. O homem também pode fazer uma
peniscopia e fazer a genotipagem do HPV. Mais uma vez, se estiver negativa não se faz nada, se vier positiva estimula-se o sistema imunitário local e geral.”
. Caso tenha sido detetado HPV a um dos membros do casal, convém que sejam os dois a fazer o tratamento.
. Quem tem HPV não sabe se este vai desaparecer ou evoluir para cancro. Sabe-se que todos os cancros do colo do útero são causados por HPV, mas nem todas as mulheres com HPV vão ter cancro do colo do útero. Felizmente, é um cancro que evolui de forma muito lenta, 10-15 anos, daí que a vigilância e o controlo médicos sejam fundamentais.. O HPV não provoca infertilidade nem partos prematuros, embora se tenha verificado que as mulheres que tenham feito conizações (cirurgia ao colo do útero em que é retirado um fragmento em forma de cone do local onde se encontra a lesão) têm mais partos prematuros.
. Cuidado com acusações e desconfianças. Se a alguém for detetado HPV não quer dizer que tenha sido ele o veículo da infeção, pode ter sido o parceiro e nele a carga viral ter desaparecido porque tem um sistema imunitário mais forte que o libertou do vírus. Ou pode ter contraído o vírus anos antes, com outro parceiro, mas a carga viral estar muito baixa e não ter sido detetada pelos exames.