Mexemo-nos pouco… e mal. O nosso corpo está concebido para uma variedade e amplitude de movimento que não usamos, nem de perto nem de longe, na sua total capacidade – mesmo quando fazemos regularmente algum exercício. Nas atividades do dia a dia (e até no ginásio) tendemos a fazer sempre os mesmos movimentos, da mesma maneira, e isso vai moldando o corpo de forma incorreta, colocando-o a jeito para toda a sorte de dores e problemas que não se limitam ao sistema músculo-esquelético. O Pilates permite corrigir essa situação.
AS ORIGENS
O método foi criado por Joseph Pilates (1880-1967) na tentativa de escapar à cadeira de rodas que lhe prenunciavam vários problemas de saúde sofridos na infância. Chamou-lhe Contrologia e pô-lo em prática durante a Primeira Guerra Mundial, devolvendo a mobilidade a soldados feridos, graças aos seus exercícios inovadores, com molas e resistências que instalava nas camas das enfermarias. Em 1923, abre em Nova Iorque o seu primeiro estúdio e rapidamente o ‘método Pilates’ começa a ser louvado pelos resultados que permite alcançar em muito pouco tempo. “Em 10 sessões sentirá a diferença, em 20 verá a diferença, e em 30 terá um corpo novo”, dizia Joseph. O sucesso atual deste método em todo o mundo mostra que ele tinha razão. O método evoluiu (embora continuem a existir estúdios onde se pratica o Pilates Clássico original), mas os aparelhos inventados por Joseph (camas com armações onde se penduram molas ou com partes que deslizam, barris em forma de arco e cadeiras com pedais) continuam a ser fulcrais para a sua prática e são uma das coisas que distingue imediatamente um estúdio de Pilates de um ginásio – e esta forma de exercício de todas as outras.
APRENDER A MEXER O CORPO
“O Pilates é, acima de tudo, uma ferramenta para ensinar o bom movimento, para fortalecer e para alongar”, diz Filipa Mayer, ex-bailarina, que trouxe o método para Portugal há 20 anos. Filipa fez Pilates em Londres, quando lhe foi recomendado por fisioterapeutas para recuperar de uma operação a um pé e mais tarde de uma hérnia discal. A recuperação foi total e ter-lhe-ia permitido continuar a dançar, mas decidiu parar, formar-se no método e abrir em Lisboa o seu Estúdio Pilates. “A capacidade de movimento humano é muito maior do que aquela que usamos, as tarefas quotidianas normalmente não implicam movimentos tão longos, que envolvam tanto, como aqueles que são requisitados na prática de exercício físico. Quando fazemos exercício, ativamos um modo diferente de funcionamento que ultrapassa as barreiras do quotidiano. Mas no Pilates isso acontece com umas características especiais. Em primeiro lugar pelos aparelhos, que nos colocam logo em modo de aprendizagem. As máquinas são desafios de percepção, de leitura do espaço e de aprendizagem para todo o sistema neurológico, para depois continuarmos a fazer maravilhosamente aqueles movimentos que já foram reforçados e trabalhados em posições mais favoráveis.”
UM TREINO QUE EXIGE ATENÇÃO TOTAL
Quando se está a fazer Pilates há várias coisas a que temos de dar, simultaneamente, a nossa total atenção: a exatidão do movimento, a sequência do exercício, a forma como movemos o aparelho, a ativação dos músculos abdominais, a força, a resistência, o alongamento, a respiração (que deve ser do diafragma e em sintonia com o trabalho muscular e é um dos segredos do método), a contagem de repetições… Este multifoco não só estimula o nosso sistema neurológico como também acaba por relaxar a mente: como durante a aula não há espaço no cérebro para pensar em mais nada que não seja o que estamos a fazer, é quase uma sessão de mindfulness… “O equipamento é que nos dá esse sistema de leitura, temos essa noção de que é preciso fazer tantas coisas ao mesmo tempo porque estamos a ativar a aprendizagem dos movimentos de um modo cognitivo”, explica Filipa. “Cada vez que fazemos um movimento precisamos primeiro de aprender, cognitivamente, o que estamos a fazer: a minha mão está a ir para baixo, o ombro está a ir para cima, o cotovelo está ali, o estado do pé é aquele… Depois temos de o repetir várias vezes até ele ficar automático e depois já não precisamos de pensar nele. É como quando vamos a guiar e já não temos de pensar se estamos a meter a primeira ou a segunda. Essa aprendizagem vai fazer toda a diferença no modo como depois nos movimentamos na vida real.” A progressão e a evolução fazem-se à medida que o professor vai percebendo que o automatismo está criado e vai dando exercícios mais sofisticados, coisas mais difíceis ou diferentes, “para manter sempre ativo esse modo de consciência, de alerta do que me está a acontecer e do que estou a aprender.”
UM MÉTODO UNIVERSAL
Uma das vantagens do Pilates é o facto de, salvo indicação médica, qualquer pessoa, em qualquer idade e condição, o poder fazer, porque os exercícios podem ser ajustados não só à pessoa e à sua condição física e fragilidades, mas também às suas necessidades em cada momento: uma grávida fará exercícios diferentes consoante o trimestre em que está, uma pessoa que fez uma contratura na véspera fará exercícios que ajudem a aliviá-la, por exemplo. No estúdio de Filipa há apenas 4 alunos por aula, pelo que a professora consegue seguir cada um deles quase como se fosse um personal trainer.
Em relação à frequência das aulas, Filipa diz que “duas vezes por semana é um ótimo trabalho, mas o que interessa é manter, é uma prática de uma vida, por isso mais vale vir uma vez por semana sempre do que dizer que vem 3 ou 4 vezes e depois às tantas desistir ou faltar. Persistência é fundamental”. Saiba mais em estudiopilates.net.