Há uma nova tendência no TikTok que pode trazer alguns benefícios à saúde. Chama-se silent walking e desafia os utilizadores a fazerem caminhadas sem auscultadores, podcasts, música ou companhia. Simplesmente caminhar em silêncio, sem estímulos, sem distrações.
Os proponentes dizem que o hábito permite que fiquemos sozinhos com os nossos pensamentos; nos sintamos mais relaxados; desfrutemos da natureza; estejamos mais atentos e pensemos com mais clareza. Os especialistas parecem concordar.
Atenção plena
Segundo o Dr. Rael Chan, psiquiatra e neurocientista, a ideia de caminhar silenciosamente na natureza lembra o conceito de mindful walking, que consiste na incorporação da atenção plena durante a caminhada. A prática tira o cérebro do “modo rede padrão” — a capacidade de imaginar o futuro, ruminar sobre experiências passadas ou sonhar acordado —, sendo que este interfere com a consciência plena do momento presente ou do ambiente atual.
Por outro lado, concentrar-se no presente, durante uma sessão de meditação ou caminhada, por exemplo, ajuda a impedir o cérebro de “falar constantemente consigo mesmo”, explica o médico ao site de saúde e bem-estar Health. Além disso, acrescenta, pesquisas comprovaram que caminhar conscientemente na natureza pode melhorar os sintomas de ansiedade e depressão, bem como reduzir a pressão arterial e melhorar o sono.
A arte de perceber
Viver plenamente o momento presente nem sempre é simples. No entanto, o facto de caminhar silenciosamente envolver movimento pode tornar a missão um pouco mais fácil.
“Ao mover o corpo, envolvendo-o, há um engajamento natural com os sentidos que o movimento estimula por si só, mesmo que não saiba nada sobre meditação ou atenção plena”, afirma Cahn. Como resultado, as pessoas recorrem aos sentidos: sentem a brisa, o sol no rosto ou outras sensações naturais enquanto caminham.
Esta “arte de perceber” — expressão rcelebrizada pelo autor Rob Walker — pode ser uma forma de inspirar alegria e criatividade. “Os benefícios daquilo que experimentamos quando realmente prestamos atenção podem ser enormes”, sublinha Susan Evans, especialista na área de terapia cognitivo-comportamental e docente na Faculdade de Medicina da Universidade de Cornell, em Nova Iorque.
A professora de psicologia em psiquiatria clínica propõe ainda um exercício de reflexão: “A sua mente está focada no momento presente? Ou está distraída — não por música ou podcasts, mas por alguma preocupação, planeamento de ruminação e organização?”