São números que falam por si. Um em cada quatro casos de cancro da mama ocorrem em mulheres com menos de 50 anos. Destes, 5% atingem mulheres abaixo dos 35. A C&A quer dar a volta às estatísticas e lança pelo segundo ano consecutivo uma campanha que procura promover a reflexão em torno do tema e apostar na prevenção.
Este ano, a campanha ganha ainda mais sentido. O contexto de pandemia fez com que o número de casos de cancro de mama diagnosticados tenha diminuído desde março.
Neste mês internacional da luta contra o cancro da mama, o objetivo é continuar a sensibilizar as mulheres e a sociedade em geral para a importância de tomarem medidas preventivas. Passos simples mas fundamentais: a atenção a sinais precoces, as visitas regulares ao ginecologista, o autoexame em casa e a manutenção de hábitos para uma vida mais saudável.
1 em cada 8
A informação é essencial. Por isso, durante todo o mês de outubro, 1 em cada 8 peças disponíveis nas lojas, assim como os perfis nas redes sociais e o site da C&A, terão mensagens de prevenção escritas por médicos ginecologistas e oncologistas especializados no tema. Não faltarão também palavras de esperança de pacientes que sobreviveram à doença.
Todas as mensagens foram reunidas numa plataforma que procura ser um repositório de informação e experiência. São testemunhos de quem venceu a luta, conselhos profissionais e informações sobre a doença. Tudo para sublinhar “a importância da deteção atempada como forma de salvar vidas”, conta o diretor ibérico da C&A, Domingos Esteves. “Cada pessoa que conseguimos consciencializar para a prevenção é uma vitória”, garante.
Missão: salvar vidas
Mas a C&A vai ainda mais longe no compromisso pela causa. Através da sua fundação, contribuirá com 44 mil euros para a associação EVITA, que tem como missão salvar vidas e melhorar a qualidade de vida de indivíduos e famílias afetadas pelo cancro hereditário. O montante terá como destino o financiamento de um projeto dedicado a estimar o impacto da implementação de um percurso de cuidados otimizado e multidisciplinar em comparação com o diagnóstico e tratamento tardio do cancro da mama e ovário hereditários.
“A investigação é absolutamente essencial para que possamos obter respostas e também aprofundar questões relacionadas com a prevenção, diagnóstico e tratamento do cancro da mama esporádico e hereditário”, explica Domingos Esteves.
E o projeto procura espelhar a essência da marca. “No ADN da C&A temos uma responsabilidade para com a sociedade de fazer do mundo onde vivemos um lugar melhor; queremos que os nossos clientes se sintam bem não só com o que vestem, mas também consigo mesmos e com a sua saúde”, sublinha o diretor ibérico.
Testemunho de uma lutadora
“Sou a Sandra, tenho 41 anos e fui diagnosticada com cancro da mama pela primeira vez em 2012, tinha acabado de ser mãe. Fui para Santa Maria em 2013 como Coordenadora de Ensaios Clínicos na área do cancro da mama, por isso – e precisamente por conhecer esta doença de trás para a frente – é que senti que era importante falar da minha história e da minha experiência de forma tão aberta e ativa. Inicialmente tinha a expectativa de que pertencia aos 70% dos casos de cancro de mama que encontram cura, mas quando a doença recidivou e percebi que estava no estádio IV, foi muito assustador. Apesar de tudo, dei o meu melhor para me manter positiva. Nunca escondi os meus sentimentos, chorei muito, mas fiz um esforço para sorrir. Digo sempre que se há tratamento, então não há que ter medo, mas sim esperança e muita fé; há que encarar como uma situação que a vida nos oferece para desenvolvermos algumas ferramentas. Posso dizer que depois de 17 tratamentos, e duas mastectomias, é importante que não nos deixemos ser dominados pela doença, é essencial aprendermos a apreciar pequenos e grandes momentos de amor e alegria, e devem ser esses mesmos que nos motivam para avançar. Agradeço todos os dias pela minha família, pela minha filha, pelos meus médicos, e pela minha força – nós somos os protagonistas desta história, a doença não pode assumir o papel principal da nossa vida. O maior desafio foi o medo do amanhã, daí que reforce vezes e vezes sem conta que temos de aprender a atingir um equilíbrio, e aceitar que o nosso corpo vai sofrer mudanças que nos vão acompanhar para o resto da vida, mas que as cicatrizes que ficam para trás contam a nossa história”.
Ao fim de 8 anos a lutar contra o cancro, iniciativas como esta da C&A de sensibilizar a população para a doença e, em simultâneo, apoiar financeiramente a pesquisa científica, dizem-lhe bastante. Em que medida acha importante existirem campanhas de sensibilização para a importância da prevenção?
Acho essenciais. Eu sei que todos ouvimos falar nos números, mas é claro que a relevância da prevenção é extremamente importante. O cancro de mama é uma doença que afeta milhares de mulheres, e cujo timing do diagnóstico é determinante para o sucesso do tratamento; é por esse motivo que acredito na importância da deteção atempada, e é fulcral que as pessoas percebam que isso é algo que salva vidas e que faz mesmo a diferença.
De que forma estas marcas podem fazer a diferença?
Estas marcas têm vários elementos a seu favor, mas acima de tudo têm uma voz ativa e poderosa e a confiança dos seus clientes e equipa, pelo que podem utilizar isso como vantagens para comunicar e amplificar mensagens importantes como esta. Neste caso, a C&A tem sido muito vocal em relação a esta causa e desde o ano passado que se dedica a criar ações que interajam e impactem as vidas das pessoas que conseguem alcançar, e para mim, o interesse, a preocupação, a dedicação da marca na divulgação de informação e na sensibilização contribuem para que se salvem vidas e para que as pessoas tenham mais informação ao seu dispor. A meu ver, não há impacto mais significativo que esse.
A campanha da C&A tem um claim bastante assustador, que diz que “1 em cada 8 mulheres têm a probabilidade de vir a sofrer de cancro da mama ao longo da vida”. A Sandra teve a pouca sorte de fazer parte dessa estatística. No entanto, no video com o seu testemunho de lutadora, confessa-se feliz com a sua vida. Ao dar a cara nesta campanha, ajudando na sensibilização, realiza-se? Por saber que com o seu testemunho está a ajudar outras mulheres (e homens) a enfrentar o mesmo problema, como uma mensagem de esperança?
Dar o rosto por esta campanha foi uma honra e um prazer enorme! Acredito que a consciencialização para a prevenção é fulcral para que a sociedade entenda o seu papel na redução do número de casos. Saber que ao alertar para a importância da doença posso salvar a vida de alguém faz-me sentir realizada, é a forma mais ativa de ajudar mulheres e homens que estejam a lutar contra esta doença, que não a conheçam, que queiram ouvir e perceber o que vai acontecer. Depois de 17 tratamentos, não há nada que não me tenham perguntado, nem nada que eu não tenha visto. Acima de tudo, acredito na esperança, na força interior e na determinação e é isso que espero transmitir.
Sente que a sua história pode inspirar outras mulheres a terem força para enfrentar os obstáculos da doença?
Espero, sinceramente, que sim. A minha missão é esclarecer, informar, sensibilizar, mas, acima de tudo, dar força e esperança a quem precisa. Falo da minha história e das minhas experiências de forma tão natural possível, pois acho que é importante desmistificar muitas questões. Falamos de uma doença cheia de obstáculos, que afeta não só a/o paciente, como os que lhe são mais próximos; é um diagnóstico difícil, um percurso complicado, cheio de altos e baixos, e é importante que não deixemos o medo tomar conta da nossa vida.