Já considerou fazer uma cirurgia estética mas hesitou, preocupada com o que os outros iam pensar quando vissem como estava mudada? E se fosse possível fazer um lifting ou uma operação ao nariz sem que os seus colegas de trabalho ou amigos se apercebessem, já equacionava levar para a frente esse desejo? Porque sabemos que a sua resposta provavelmente é ‘sim’, fomos falar com um cirurgião plástico para descobrir se, actualmente, é possível recorrer ao bisturi, mas obtendo um resultado de tal forma natural que o comentário que se tem em troca é: "pareces dez anos mais nova, afinal, qual é o teu segredo?"
Efeito 100% natural
As estrelas de Hollywood perceberam antes de nós que o efeito ‘Pamela Anderson’ já tinha dado o que tinha a dar. Rostos repuxados do dia para a noite, quase sem expressão, ou aumentos de seios de 32 para 38, não só eram demasiado notórios, como o efeito era falso e pouco natural. Daí que, nos últimos anos, nos habituámos a ver algumas celebridades manterem a sua beleza através dos anos, mas nunca temos muito bem a certeza se recorreram ou não à cirurgia estética. O que dizer de Sharon Stone, por exemplo? Ou de Madonna? Ora são esse tipo de resultado que são cada vez mais procurados, como nos explicou o cirurgião plástico António Tavares, do Instituto do Corpo: "Há muitas mulheres que me dizem que querem mudar sem que as pessoas se apercebam do que mudou ou como mudou. Desejam um resultado natural. Isso é uma postura muito normal e aquela que eu encontro mais na minha prática."
Rosto: intervir a tempo é o segredo
Agora a questão é: até que ponto isso é possível quando se fala de combater os efeitos do envelhecimento no nosso rosto? Nada é mais visível do que transformações nessa zona do nosso corpo, mas o especialista na matéria dá-nos boas notícias: "O resultado depende do que o cirurgião plástico faz e daquilo que a pessoa pretende. Não tem muito a ver com a técnica. Quem nos procura e diz que não gosta de certas rugas, pode dizer também que não quer ser esticada e é claro que é possível fazer as coisas dessa maneira, de uma forma natural."
Agora, para obter esse resultado no caso do lifting (ver caixa), há um aspecto muito importante a ter em conta: "é preciso que a pessoa ainda não tenha muitas rugas, o que implica ‘mexer’ pouco nos músculos". Dessa forma, as rugas desaparecem, os outros pensam que a pessoa está diferente, mas não se apercebem do tipo de intervenção a que se submeteu. "Mas é claro que, se fizer uma cirurgia destas a uma mulher com muitas rugas, com sessenta e tal anos, o resultado é muito visível, por isso, o melhor é fazê-lo entre os 40 e os 50 anos." Porém, atenção: não pense que o problema fica ‘arrumado’ para a vida pois, como salienta o especialista, "todas estas intervenções não interrompem o processo de envelhecimento normal, ou seja, vão é corrigir uma situação naquele preciso momento e o processo de envelhecimento vai continuar a dar-se." Por isso, a duração dos resultados depende dos factores genéticos, do estilo de vida e dos cuidados que se tem com a pele, não existindo um limite mínimo ou máximo em caso de querer repetir a operação: "tem tudo a ver com a evolução de cada caso."
Nariz: mudança imperceptível
Aqui vai começar por pensar: impossível! Como é que uma intervenção no nariz pode não ser perceptível a terceiros? Também pensávamos assim, mas António Tavares explicou-nos tudo: "o nariz é possível de transformar de uma forma natural". É claro que se chegar ao consultório com ideias irrealistas, querendo um nariz estilo Barbie, isso é impossível. É necessário ser razoável: "cada nariz tem de estar adequado à face; por isso, começo por perguntar o que é que a pessoa não gosta exactamente no seu nariz; depois, discutimos perante as fotografias aquilo de que não gosta. Esta é daquelas cirurgias que mais exige diálogo: afinal, o nariz é a primeira coisa que vemos quando estamos ao espelho, é a ponta da nossa cara."
E se é verdade que uma pequena intervenção no nariz modifica um rosto por completo, também é possível fazer uma rinoplastia sem que os outros se apercebam. Ou seja, os outros reparam que está diferente, mas não sabem porquê: "É, do meu ponto de vista, o melhor resultado de uma rinoplastia, porque é natural. É um resultado muito característico nas pessoas com nariz em forma de papagaio, em que se diminui a parte de cima do osso; as pessoas notam que há diferença, mas não interiorizam qual é a diferença, porque não andamos habitualmente a estudar os pormenores do rosto dos outros."
Mudar o peito… sem grandes ondas
Fazer uma operação aos seios é o desejo de muitas mulheres, mas quantas de nós não levam o projecto em frente a pensar que toda a gente vai reparar? O desejo é recorrente nomeadamente no caso da mama pós-parto ou pós-emagrecimento, em que os tecidos perdem tonicidade (a mama ‘cai’) ou diminui de volume. Nesse caso, se quiser corrigi-la, pode fazê-lo sem recurso a implantes e sem que ninguém repare. A intervenção chama-se mastoplexia e consiste em ‘puxar’ o peito para cima. "É comum haver, depois do parto e da amamentação, uma atrofia de alguns sectores do peito: ou há uma atrofia muito marcada e o peito cai ou, em mulheres com uma pele muito boa, o que pode acontecer é que parte do tecido tenha diminuindo e o que resta cai para os quadrantes inferiores, ou seja, desaparece o peito na parte superior." Ora, com este tipo de intervenção, recupera-se a firmeza e a tonicidade perdidas, de forma imperceptível a terceiros.
No caso dos implantes mamários, é tudo uma questão de tamanho. "Pode-se optar por um implante que se note ou que não se note, por um resultado natural ou não natural, mas isso depende do volume que se quer e da forma", explica o cirurgião plástico. "Para fazer um tamanho natural, a prótese tem de ser mais pequena do que a largura de glande; ou seja, a glande é projectada, mas o implante ficou para dentro."
Medir os riscos do implante mamário
No caso da mamoplastia de aumento, há certos aspectos que deve ter em conta, mesmo quando se pretende um resultado natural: "uma cirurgia, seja ela qual for, significa sempre que há alterações metabólicas no organismo e esta não é excepção; depois, há os riscos do próprio implante: não podemos esquecer que se trata de um corpo estranho que se está a introduzir no organismo e a verdade é que um implante mamário exige mais vigilância, sobretudo porque diminui a visibilidade na mamografia", reforça António Tavares. Por outro lado, a complicação mais comum é o implante romper, o que acontece em cerca de trinta por cento dos casos. O que implica uma nova cirurgia para retirar o implante e colocar um novo. "A ruptura de um implante, desde que devidamente diagnosticada não implica problema nenhum, até porque o organismo, como o implante é um corpo estranho, faz uma membrana à volta para o tentar combater. Como tal, quando rompe esta membrana aguenta a ruptura, mas é necessária uma nova intervenção cirúrgica."