A toma de contracetivos orais pode aumentar ligeiramente o risco de glaucoma, concluiu um estudo recente. Esta doença oftalmológica afeta progressivamente o nervo ótico, podendo levar à perda total da visão. Alguns tratamentos podem atrasar a sua progressão mas não existe ainda cura.
Um estude de saúde pública norte-americano, promovido pelos Centers for Disease Control and Prevention (Centros para o Controlo e Prevenção de Doenças), analisou 3406 mulheres com mais de 40 anos. Aquelas que já tomavam a pílula há três ou mais anos, apresentaram um risco de glaucoma duas vezes superior ao das mulheres que não a tomavam.
Porém, os investigadores lembram que o risco normal de uma mulher desenvolver esta doença, é baixo – 1,86%, de acordo com os dados do CDCP; um aumento para o dobro (4%) continuaria a ser relativamente baixo.
Segundo o responsável pelo estudo, Shaun Lin, da Universidade da Califórnia em S. Francisco, os cientistas acreditam, já há alguns anos, que o estrogénio possa ter um efeito protetor na retina, uma vez que existem recetores para essa hormona nas células do olho. Por isso, em teoria, a toma da pílula, que reduz a exposição da mulher aos picos de estrogénio durante o ciclo menstrual, poderá interferir nesse efeito protetor.
Lin diz que há mais pesquisas a serem feitas para apurar se existe, realmente, uma relação causa-efeito entre a toma da pílula e o ligeiro aumento do risco de glaucoma, ou se tudo não passa de uma coincidência. Estes resultados não significam, por isso, que as mulheres tenham que deixar de a tomar.
No entanto, recomenda exames oftalmológicos mais regulares às mulheres com mais de 40 anos e historial familiar da doença, sobretudo se já tomam o contracetivo oral há muito tempo.