Na passada sexta-feira, Marie-Océane Bourguignon, uma francesa de 18 anos, apresentou queixa por “atentado involuntário contra a pessoa humana” contra a Sanofi-Pasteur, o laboratório farmacêutico que produz o Gardasil. Este medicamento protege contra quatro das 12 estirpes de papiloma vírus humano (HPV) consideradas de alto-risco para cancro do colo do útero.
Marie Bourguignon alega que a vacina, cujas duas primeiras doses foram tomadas em outubro e dezembro de 2010, afetou o seu sistema nervoso, provocando-lhe episódios de vómitos e tonturas, paralisia facial e perdas temporárias da visão e de capacidade de marcha, informa o site do jornal francês Sud Ouest. Marie foi hospitalizada por diversas vezes desde fevereiro de 2011, altura em que começaram a surgir os primeiros sintomas graves. O seu estado de saúde só estabilizou em agosto de 2012.
A comissão de indemnização de acidentes médicos da província francesa da Aquitânia pediu uma perícia dupla relativamente ao caso de Marie-Oceàne, e ambas chegaram às mesmas conclusões, num relatório citado pelo jornal: “Há um nexo de causalidade entre a primeira injeção e a ocorrência de uma reação inflamatória aguda do sistema nervoso central que, após a segunda injeção, descompensou o processo imunitário.”
Marie-Océane não é a única a queixar-se. Três outras jovens francesas afirmam ter sofrido efeitos secundários graves depois da vacinação, nomeadamente dermatose crónica e inflamação da musculatura. Preparam-se para apresentar queixa nos próximos dias.
Em março de 2012 uma comissão de estudos da Assembleia Nacional francesa já se tinha debruçado sobre a eficácia do Gardasil, recomendando pesquisas mais aprofundadas, depois de terem surgido duas queixas contra o fármaco.
Os laboratórios Sanofi-Pasteur contestam a acusação, dizendo que tudo não passa de uma coincidência temporal e afirmam que não existe nenhum estudo científico que prove uma maior incidência destas doenças, provocada pela toma de Gardasil. A vacina é recomendada pela Organização Mundial de Saúde, pela Food and Drug Administration dos EUA, Agência Europeia do Medicamento e pelo Alto Conselho de Saúde Pública francês, lembram ainda os responsáveis.