*artigo publicado originalmente na revista ACTIVA de junho de 2018
Desde que Coco Chanel pôs o bronzeado na moda, nos anos 20 do século passado, ter uma pele dourada pelo sol passou a ser um símbolo de status, sinónimo de saúde e beleza… Até que se descobriu o lado menos reluzente do bronze: rugas marcadas prematuramente, flacidez acentuada, manchas e, pior do que tudo, um risco acrescido de cancro cutâneo. Os protetores solares vieram dar-nos ‘uma folguinha’, ajudando a minimizar os riscos da exposição solar: desde que associados a algumas regras de bom senso (a relembrar mais à frente). E as suas fórmulas melhoram de ano para ano, tanto em eficácia como em sensorialidade. Mas a forma como nos expomos ao sol também mudou… para pior.
MENOS TEMPO PARA BRONZEAR
Hoje, o bronzeado deixou de ser obrigatório para passar a ser uma escolha e já ninguém olha de lado para quem segue o exemplo das Nicoles Kidmans e Elles Fannings desta vida e prefere manter uma pele diáfana quer chova ou faça sol. Mas para muitas de nós o verão sem a pele bronzeada não tem o mesmo sabor. O problema é que, ao contrário do que acontecia quando éramos crianças e adolescentes, já não temos semanas seguidas para a pele se ir habituando à radiação solar, agora falta-nos o tempo para permitir que o bronzeado se vá desenvolvendo e intensificando de forma gradual e segura. Expomo-nos ao sol de forma intermitente, em raids-relâmpago de meia dúzia de dias de cada vez, e somos tentadas a pôr a pele em risco na ânsia de conseguir bronzear logo tudo o mais rapidamente possível: com exposições demasiado longas e protetores de índice demasiado baixo aplicados em menos quantidade e com menos regularidade do que seria desejável. Resultado: escaldões, pele envelhecida antes do tempo… e um bronzeado que não dura tanto como gostaríamos. Está na hora de recuperar a arte perdida de trabalhar para o bronze.
DEVAGAR SE VAI AO BRONZE
Lembra-se da história da lebre e da tartaruga? Pois ao sol devíamos ser todas tartarugas, ir com calma e a pele bem protegida, seguindo aquelas regras que todas sabemos de cor mas nunca aplicamos. E se este ano fizesse tudo direitinho? O resultado na qualidade da pele, seja qual for o tom que conseguir obter, vai valer a pena.
As regras de ouro da pele dourada a preceito:
– Quando a sua sombra na areia é igual ou menor que a sua altura, saia da torreira: entre as 11h e as 16h o sol não bronzeia, só queima, e uma pele queimada (mesmo quando essa queimadura não é imediatamente visível) além de ser um risco para a saúde nunca vai bronzear com um tom tão bonito como poderia.
– Tente expor-se durante pouco tempo nos dois primeiros dias e vá aumentando gradualmente o tempo de exposição a partir daí.
– Vá alternando cada hora de sol com 15 minutos de sombra, mesmo durante o horário mais seguro, sobretudo se estiver muito calor.
– Não se exponha ao sol sem uma proteção adequada ao seu fototipo. Os raios solares começam a fazer estragos nas estruturas da pele assim que a atingem e meia hora basta para acentuar uma mancha, por exemplo.
– Ao escolher o índice de proteção tenha em conta não só o seu fototipo mas também o sítio para onde vai: uma praia no Minho não é o mesmo que no Algarve ou no Brasil.
– Não faça batota com os índices de proteção: um SPF 50 aplicado uma vez por dia não faz as vezes de um 15 aplicado de hora a hora, ou vice-versa. Um índice alto também não é uma licença para ficar a fritar horas a fio, mesmo que o reaplique religiosamente ao longo do dia.
– E por falar nisso, o protetor solar tem mesmo de ser reaplicado ao longo do dia (pelo menos de duas em duas horas) porque vai perdendo a ‘potência’ e infelizmente a ciência ainda não descobriu fórmulas que mantenham a sua eficácia intacta para lá de um par de horas.
– Seja generosa e diligente ao aplicar o protetor: se aplicar só um bocadinho e mal espalhado não alcançará o índice indicado na embalagem e a pele ficará desprotegida.
– Continue a aplicar protetor mesmo depois de estar bronzeada: a melanina só por si não é proteção suficiente.
– Se nunca fica com a cor que deseja, intensifique o tom com um autobronzeador e/ou escolha um protetor solar que estimule a produção de melanina e acelere o bronzeado (veja as nossas sugestões).
– Hidrate sempre a pele no final de um dia de exposição ao sol, seja com os seus hidratantes de rosto e corpo habituais, seja com produtos específicos pós-solares.
ZONAS DE ALTO RISCO
Toda a pele que está exposta ao sol precisa de proteção, mas a do rosto, decote e costas das mãos merece uma atenção especial. Nestas zonas, que estão expostas à radiação solar ao longo de todo o ano, os danos vão-se acumulando e infelizmente só se revelam alguns anos depois das asneiras cometidas. Quanto mais cedo começar a proteger estas áreas, melhor: é um investimento com retorno garantido para prevenir manchas e flacidez, e evitar que elas se agravem se entretanto já começaram a surgir. Opte por um protetor com índice 50 ou 30, seja qual for o seu fototipo: mesmo que o rosto fique mais claro pode sempre intensificar o tom da tez com um pouco de autobronzeador misturado no creme de dia ou uma maquilhagem ensolarada com pó ou gel bronzeador. E ao aplicar o protetor não esqueça outras zonas suscetíveis a escaldões, como o risco do cabelo, as orelhas e o peito do pé.
O QUE HÁ DE NOVO EM PROTEÇÃO
Três grandes tendências a assinalar, adotadas por cada vez mais marcas: a redução do número de ingredientes incluídos nas fórmulas, para minimizar o risco de alergia e irritações, o alargamento do espectro de filtração para garantir uma proteção não só face aos raios ultravioleta A e B mas também aos infravermelhos e à luz visível, e texturas inovadoras que apetece aplicar.