A evolução da medicina fez com que as doenças cardíacas deixassem de ser uma sentença de morte. Ainda assim, continuam a ser a principal causa de morte em várias zonas, nomeadamente nos Estados Unidos. E se as medidas de prevenção são cada vez mais discutidas, alguns investigadores ficaram surpreendidos com dados analisados recentemente.
O número de hospitalizações na sequência de ataques cardíacos entre 1995 e 2014 aumentou 10% (de 21 para 31%), entre mulheres jovens – dos 35 aos 54 anos. A revelação é de um estudo publicado no passado mês de fevereiro, na Circulation, e surge como um alarme para o facto de as medidas de prevenção não parecerem estar a beneficiar, em particular, mulheres nessa faixa etária.
A causa para este aumento ainda não foi identificada, mas os cientistas têm algumas opções em mente. Isto porque notaram, igualmente, um aumento dos casos de hipertensão e diabetes – tipicamente associados com a obesidade, embora o estudo não tenha tido em conta os índices de massa corporal -, com particular incidência em mulheres jovens negras.
A co-autora da investigação Melissa Caughey, afirma, em conversa com a Health, “Sabemos que há uma epidemia de obesidade nos Estados Unidos, e que as mulheres – especialmente negras – têm tendência a ter maiores taxas de obesidade do que os homens“.
Viola Vaccarino, da Emory University, por sua vez, acredita que as mulheres estão a ser negligenciadas no que toca à prevenção. Isto porque o grupo de jovens do sexo feminino tinha menos probabilidade de ter recebido previamente tratamentos para condições como pressão sanguínea elevada, colesterol, ou ataque cardíaco, quando comparado com o de homens jovens.
“Não houve indicação de que a lacuna nos tratamentos no que toca ao sexo dos doentes tenha melhorado entre 1995 e 2014. Se houve alteração, foi uma pioria no que toca a disparidades ao longo do tempo“, revela, num comentário junto ao estudo. Isto para não falar do facto de os ataques cardíacos em mulheres serem diferentes dos dos homens – desde náuseas, a dores nas costas -, e mais difíceis de identificar, pelo que o tratamento também deveria ser distinto.
Por outro lado, o estudo identificou algumas tendências animadoras: as mulheres jovens tinham menos tendência para fumar, em comparação com os jovens, e maior probabilidade de ter um seguro de saúde. As medidas a tomar? Maior atividade física, dieta saudável, e evitar fumar (mesmo passivamente). Além disso, todos os anos deve ser feito um check-up.