Melhor amiga do protetor solar – numa combinação de milhões contra as agressões dos raios UV –, passou do copo de sumo para o seu cosmético de eleição. Seja em agente de limpeza, tónico, sérum ou creme, vale a pena incluir este ingrediente na sua rotina. O seu poder antioxidante está associado a uma pele luminosa e a gritar saúde. Também conhecida por prevenir e atrasar os primeiros sinais de envelhecimento – como rugas e perda de firmeza –, é um imperdível dos cuidados de pele que vale muito a pena integrar.
Mas – não há sempre um ‘mas’? – tudo o que faz muito bem pode fazer muito mal. A vitamina C oxida com facilidade e pode ser irritativa: o que seria da vida sem um pouco de drama?
Falámos com Cátia Vilas Boas, doutorada em Ciências Farmacêuticas, formada em Dermofarmácia e Cosmética e autora do livro ‘O que a skin quer’, que nos contou tudo o que precisa de saber sobre este ingrediente estrela.
O QUE É?
A vitamina C é um dos antioxidantes mais bem estudados de todos os tempos e, por isso, é cada vez mais fácil de encontrar nos mais variados produtos cosméticos. Como ingrediente antioxidante, tem a capacidade de proteger a pele dos efeitos nocivos dos radicais livres, partículas de poluição e radiação solar – responsáveis por danificar o ADN no interior das células e agravar o envelhecimento precoce da pele.
Também conhecida como ácido L-ascórbico, na sua forma mais pura, a vitamina C possui de facto uma forte ação antioxidante. Mas nem tudo são rosas (ou, neste caso, laranjas), porque este enorme potencial é balanceado com a sua elevada instabilidade. É por isso que derivados menos fortes e mais estáveis deste ingrediente ativo têm sido desenvolvidos.
PARA QUE SERVE?
Para além da proteção celular, a vitamina C uniformiza o tom da pele – tem propriedades despigmentantes –, ajuda na produção de colagénio (proteína estrutural que dá firmeza à pele) e também na prevenção e redução dos pontos negros, constituídos por sebo oxidado.
COMO USAR?
Pela sua instabilidade, deve ser das primeiras coisas a ser aplicada, para favorecer a absorção. Principalmente presente em séruns, prefira incluí-la diariamente na rotina da manhã, após a limpeza do rosto e antes do hidratante e protetor solar. Até porque a vitamina C atua em sinergia com o fotoprotetor – que, espero, também já use diariamente. Não é que deixe de ser benéfica se for aplicada na rotina da noite, mas não estará a aproveitar todo o seu potencial.
Este ingrediente antioxidante é também encontrado nos mais variados produtos cosméticos, do gel de limpeza ao sérum, creme hidratante e protetor solar, e geralmente em percentagens entre os 5 e 20%. No entanto, consumidores mais inexperientes devem apostar em percentagens menores deste ingrediente, numa fase inicial. Uma maior concentração não representa obrigatoriamente maior eficácia, uma vez que pode muito bem irritar demasiado a pele.
E PARA PELE SENSÍVEL?
Pele sensível ou sensibilizada pode não tolerar muito bem a vitamina C na sua forma pura. No entanto, a vitamina C pura não é o único antioxidante disponível no mercado. O ácido ferúlico, a vitamina E, a Ubiquinona (Coenzima Q10) e derivados de vitamina C são também bastante eficazes no combate aos radicais livres.
A EVITAR
A combinação da vitamina C com ingredientes com forte ação esfoliante ou antimicrobiana (como o ácido glicólico, ácido salicílico, peróxido de benzoílo ou retinol) deve ser evitada, principalmente em peles sensíveis.
COMO MANTER?
A vitamina C pura é um princípio ativo instável e quando exposta ao ar e à luz a sua eficácia pode ser reduzida e o seu potencial irritativo aumentado. Tanto que, na maioria das vezes, as embalagens são de vidro escuro. É importante deixar o produto cosmético sempre fechado, num lugar abrigado do sol, da humidade e de temperaturas elevadas. Tenha especial atenção à coloração do produto que, muitas vezes, vai amarelando – como uma maçã deixada ao ar. Isso pode significar a perda de eficácia da fórmula. Respeitar sempre as datas de validade do produto é também muito importante (procure um símbolo com uma caixa aberta e com a indicação de em quantos meses o produto deve ser usado depois de aberto).
COM QUE COMBINÁ-LA?
• Outros antioxidantes, como a vitamina E o ácido ferúlico e floretina. Têm uma ação sinérgica, potenciando os efeitos antioxidantes;
• Ácido hialurónico. Traz hidratação ao efeito antioxidante;
• Ativos reparadores: péptidos e ceramidas;
• Ativos despigmentantes, como o ácido tranexâmico, para corrigir e reduzir a intensidade das manchas;
• Melatonina. Atua como antioxidante e previne o envelhecimento cutâneo;
• Niacinamida. Protege do stresse oxidativo;
Para facilitar, muitos produtos cosméticos já contêm uma combinação destes ingredientes nas suas fórmulas, não sendo necessário a utilização de vários produtos em simultâneo.