A síndrome dos ovários poliquísticos (SOP) e os quistos dos ovários são patologias que estão associadas a muitos dos mesmos sintomas e, como tal, as mulheres tendem a confundi-las. Eu era uma delas, até ter sido diagnosticada com SOP há cerca de dois anos.
“Ah, não te preocupes! Eu também tenho quistos nos ovários e engravidei”, disse-me uma amiga, quando lhe falei sobre o meu diagnóstico. “Sim, a maioria das mulheres tem quistos nos ovários e consegue engravidar”, acrescentou outra. Senti que os meus medos de vir a ser hipertensa ou diabética estavam a ser desvalorizados – os dois cenários foram mencionados pela minha médica -, mas apercebi-me rapidamente de que não estávamos a falar a mesma língua por causa da desinformação.
Na verdade, elas estavam a tentar tranquilizar-me em relação à infertilidade, a única consequência que conheciam e que, por acaso, é um dos pontos em comum entre as duas doenças. Porém, o universo da SOP tem muito que se lhe diga e faz-nos perceber que tomamos as nossas hormonas por garantidas quando elas estão equilibradas.
Com isso em mente, resolvi partilhar um pouco daquilo que aprendi nos últimos tempos sobre estes dois problemas de saúde bastante comuns.
Síndrome dos ovários poliquísticos
A SOP consiste numa endocrinopatia em que os ovários têm um número anormalmente grande de folículos. Esses folículos não são prejudiciais, mas podem causar um desequilíbrio hormonal, resultando muitas vezes em problemas como, por exemplo, menstruação irregular ou amenorreia, aumento de peso, dificuldade em engravidar, excesso de pelos no corpo, queda de cabelo e acne. Regra geral, os sintomas manifestam-se durante a adolescência.
Para que uma mulher seja diagnosticada com esta condição metabólica, deve ter pelo menos dois dos três critérios usados como referências pelos profissionais de saúde:
- Menstruações irregulares;
- Níveis elevados de androgénio;
- Ovários poliquísticos, ou seja, os ovários os ovários estão aumentados e contêm vários sacos cheios de líquido.
Mais da metade das mulheres afetadas não apresenta sintomas, o que significa que pode ser difícil fazer o diagnóstico nos estágios iniciais. Também é importante sublinhar que o nome da doença é enganador: as pacientes que sofrem desta desordem endocrinológica bastante comum não têm mesmo quistos, mas sim folículos ovarianos.
A causa exata da patologia é desconhecida, mas há fatores genéticos e hormonais envolvidos que podem ser agravados pelo estilo de vida. Sabe-se que ocorre uma desordem nos ovários, nas glândulas suprarrenais, na pele e tecido adiposo, e no eixo hipotálamo-hipofisário. Embora a SOP não tenha cura, através de medicação, de ajustes no estilo de vida e do acompanhamento feito por uma equipa multidisciplinar, é possível amenizar os sintomas a ponto de deixarem de interferir com a vida quotidiana.
Quistos do ovário
Os quistos ovários são bolsas cheias de líquido que estão presentes dentro ou sobre os ovários. Eles são quase sempre fisiológicos em mulheres em idade reprodutiva, ou seja, resultam do ciclo menstrual normal. Além disso, são bastante comuns e, como tal, a maioria das mulheres desenvolve-os em algum momento da vida.
Os sintomas são muito semelhantes aos relatados por quem tem SOP, como é o caso de menstruações irregulares ou não existentes, acne e aumento de peso. Outros sintomas incluem dor pélvica, tensão alta, dor no fundo das costas, pressão abdominal e náuseas. A estrutura quística pode der identificada durante uma ultrassonografia e o tratamento, a acontecer, depende de alguns fatores:
- Tamanho e aspeto dos quistos;
- Sintomas da paciente;
- Se a paciente já passou ou não pela menopausa.
Regra geral, os quistos são inofensivos e desaparecem naturalmente por conta própria após alguns meses, sem a necessidade de cuidados médicos. Em casos mais sérios como, por exemplo, se forem grandes ou potencialmente cancerígenos, recorre-se a um procedimento para removê-los cirurgicamente.