Animem-se! Está aí mais um Europeu de Futebol (os leões e leoas vão finalmente rugir mais baixo). Já tive aqui oportunidade de dizer que gosto de um bom jogo de futebol, mas há novidades nesta área: é que, entretanto, flexibilizei a adjetivação. Ainda não cheguei ao ponto de um Limianos x Pevidém, mas, se antes limitava-me a ver os jogos da seleção, clássicos e dérbis, nesta época já dei por mim a prestar atenção a um Benfica x Arouca. E, claro, continuo a ouvir comentário desportivo, daquele que analisa toda a dinâmica do plantel, inclusive os dribles de vaca de jogadores como o Bambum. No futebol feminino já fiquei agarrada a um Olympique Lyonnais x Paris num estádio francês a abarrotar e fiz questão de ver o Benfica a conquistar mais uma taça. Mas não é só futebol. No volley feminino descobri o Efanor e no masculino o Pablo Natan. No ténis, estive ao lado de Aryna Sabalenka e ‘chorei’ o fim da entidade Tsitsidosa (parece que voltaram!). E vou parar, pois arrisco-me a afugentar a corajosa claque que me leu até aqui (olha a onda!).
Há várias explicações para esta minha crescente adição pelo desporto. Uma delas uma espécie de feitiço que me lançaram à nascença, naqueles minutos finais em que o meu pai ainda acalentava a esperança do rapaz e em que confirmou não haver duas (meninas) sem três. (Isto na visão clássica e tradicionalmente machista de que o desporto interessa mais aos meninos, pela qual peço desculpa).
No outro dia, encontrei-o em modo zapping, entre os descalabros do Sheffield United e do Tottenham e outros jogos e resumos. Quando estão lá os meus filhos, o meu pai gosta de testar os seus conhecimentos, seja de história, geografia ou outros assuntos. Desta vez o tema foi futebol, na sequência do fracasso benfiquista em conquistar o campeonato e a potencial saída de Schmidt – aquele de olhos arregalados que desconfio ter feito uma Blefaroplastia (ou cirurgia às pálpebras). “Que equipa treina o Abel Ferreira?” E, se a última lição tinha sido sobre o 1.º de Maio, desta vez houve toda uma dissertação sobre o Palmeiras. (Há um desporto em que não acompanho as preferências paternas que é o ciclismo, talvez seja a camisola amarela que me dissuade).
Outra das explicações para esta minha questionável forma de ocupar algum do meu tempo livre (calma, tenho outros hobbies – e hobbits – na minha vida) é claramente o estado do mundo. Está provado há muito tempo que há uma relação entre as notícias e níveis altos de ansiedade, e a frustração que resulta da nossa impotência perante o que está a acontecer em Gaza, na Ucrânia ou mesmo aqui ao lado é facilmente canalizada na catarse desportiva. E também vos digo, ao pé de alguns líderes que nos assombram o futuro, cá e por esse mundo fora, entre o atlético norte e o bode respiratório, ganha o macho da cabra (aquele que não se pode dizer).
Mas falava eu do Europeu, que começou ainda em junho, que já costuma ser uma animação por si só, com arraiais, sardinhas e manjericos. Para quem não gosta de futebol é sempre um excelente pretexto para juntar os amigos, beber uma ‘mines’ e celebrar o golo do Pedro Porro – ai porra, não é português? Mas façam o que fizerem, por favor, já é tempo de toda a gente saber o que é um fora de jogo. Esse até o defesa Nuno Melo sabe.