
Ora mal, esta é uma rubrica de bem-estar, é certo. Mas nenhum compromisso ou projeto a longo prazo vem sem alguns altos e baixos. E este artigo insere-se neste último grupo. Porquê? Porque tenho tido demasiado tempo com os meus pensamentos – o que se traduz em menos tempo dedicado a algo que me faça realmente bem.
Dei por mim a pensar no quanto mudei desde o ano passado. E sei que não sou a única, por algumas conversas que tenho tido. Mas é, de facto, impressionante, como a nossa motivação e atitude perante os desafios pode dar uma volta tão grande em “apenas” 365 dias, mais coisa, menos coisa.
Durante o primeiro confinamento, experimentei receitas novas, consegui a minha melhor rotina e forma física desde há muito tempo, vi séries, vi filmes, li, fiz vídeos para o TikTok (chamem-lhe terapia, se quiserem) e, sobretudo, quase não dei pelo tempo passar. Desta vez, dediquei-me afincadamente a dar conversa ao que a minha mente tem para dizer.
Acreditem, não é extremamente agradável. Se já sou ansiosa por natureza, este segundo confinamento – e a aparente ausência de uma data para podermos voltar a beber um café de máquina – fez-me regredir. Rotina de exercício? Receitas novas? Filmes? Parece que nada é o que era – ou melhor, tudo está igual, menos a minha motivação.
Culpo os dias sem sol, o frio, a tragédia de novos casos de covid-19 a que assistimos no início do ano e culpo-me a mim. Mas não demasiado – afinal, ninguém é de ferro. E está tudo bem em cair de vez em quando, desde que não nos deixemos ficar por lá demasiado tempo.
Para quê todo este discurso? Em parte, para me motivar – afinal, estou a descrever uma pessoa que não reconheço e da qual não gosto assim tanto -, mas também, e sobretudo, para reforçar o facto de termos o direito a não estar bem, a aceitá-lo e, assim que estivermos prontas, a voltar à luta.
Um conselho de amiga: escrevam sobre o que sentem. Eu acabei de o fazer e não poderia ter levado uma maior chapada. Temos de começar por algum lado, quando se trata de qualquer mudança. Um pequeno passo ainda é um passo e deve ser valorizado. Este foi o meu.
Aquilo que vivemos não vai ser alterado da noite para o dia mas, pelo menos, já conseguimos ver uma pequena luz ao fundo do túnel. E se nada mais funcionar, que essa seja a nossa motivação. Que venha a primavera e, com ela, a vontade de sermos melhores para nós, por nós.