Dia 30 de Outubro assinala-se o dia Nacional de Prevenção Contra o Cancro da Mama.
O cancro da mama é o segundo tipo de tumor maligno mais comum entre as mulheres. Apesar de não ser dos mais letais, apresenta uma alta incidência e uma alta mortalidade, sobretudo na mulher (uma vez que apenas 1 em cada 100 cancros se desenvolvem no homem). Em Portugal a cada ano são detetados cerca de 6000 novos casos, que representam 11 novos casos por dia, morrendo todos os dias 4 mulheres com esta doença. De facto, apesar de ser um dos cancros de que mais se fala e de toda a informação atualmente disponível acerca do mesmo, por ser frequentemente associado a uma imagem de grande gravidade, a sua componente emocional e forte impacto na autoimagem feminina, faz com que o cancro da mama continue a ser um estigma, “rotulando” negativamente as pessoas que dele padecem. Tratando-se a mama de um órgão cheio de simbolismo, particularmente para a mulher, dada a sua associação à maternidade e à feminilidade, o facto desta doença representar uma agressão, que não raras vezes “rouba” esta parte de si, pode ser psicologicamente devastador.
Quem tem maior risco de cancro da mama?
São conhecidos alguns fatores de risco para o cancro da mama, na sua maioria relacionados com os estilos de vida (má alimentação, consumo de álcool e tabaco, obesidade) e as caraterísticas reprodutivas inerentes à vida moderna. Contudo, o principal fator de risco para o desenvolvimento desta doença é a idade – a incidência do cancro da mama mais que duplica após os 50 anos. Ter história familiar deste tipo de cancro também tem o seu peso, na medida em que entre 5 a 10% dos cancros da mama diagnosticados aparentam caraterísticas genéticas e hereditárias sendo que estes obrigam a um acompanhamento mais precoce e cuidadoso das familiares.
Quais são os sinais e sintomas do cancro da mama?
– Alteração na mama ou no mamilo, quer no aspeto quer na palpação
– Nódulo ou espessamento na mama ou na zona da axila
– Alteração da pele (presença de depressões na superfície, aspeto de “casca de laranja”) ou da sensibilidade da mama, aréola ou mamilo
– Alteração do tamanho ou da forma da mama
– Retração do mamilo (mamilo virado para dentro da mama)
– Corrimento ou perda de líquido pelo mamilo
Se sentir dor na mama ou qualquer outro sintoma que não desapareça, deve consultar o seu médico.
Outubro é efetivamente o mês da luta contra o cancro da mama e deverá servir de mote para a sua prevenção. É essencial que todos participemos nesta luta. Todos os anos inúmeras famílias em todo o mundo são afetadas por esta patologia e contribuir para travar estes números começa pela prevenção e diagnóstico precoce. Sabia que aproximadamente 85% das mulheres que tiveram cancro da mama encontram-se bem cinco anos após a doença?
Assim, o que pode fazer para prevenir o cancro da mama?
Embora existam fatores de risco que não pode alterar (história familiar de cancro da mama), têm sido realizados estudos que comprovam que as mudanças do estilo de vida permitem reduzir o risco de vir a ter esta doença. Deste modo, aconselha-se que:
– Não consuma bebidas alcoólicas (mulheres que bebem três bebidas alcoólicas por semana têm um risco de cancro da mama 15% mais elevado)
– Não fume
– Adote uma alimentação saudável de forma a manter um peso adequado
– Pratique exercício físico (uma caminhada diária de 30 minutos pode fazer a diferença)
– Amamente (a amamentação parece ter um efeito protetor na prevenção do cancro da mama e no cancro do ovário, pelo que deve ser incentivada nas puérperas)
– Faça o autoexame da mama (este deve ser feito uma vez por mês, todos os meses, 3 a 5 dias após o aparecimento da menstruação ou numa data fixa nas mulheres que já não têm menstruação)
Como fazer o autoexame da mama?
– Coloque-se em frente a um espelho e observe a forma, a simetria, a cor e a textura da pele das mamas. Compare-as e veja se observa algum dos sinais de alerta descritos acima.
– Levante os braços, coloque as mãos atrás da cabeça e verifique se aparece alguma assimetria ou “repuxamento”.
– Aperte suavemente os mamilos e veja se sai algum corrimento. A saída de líquido só de um mamilo é um sinal de alerta.
– Deite-se, coloque o braço debaixo da nuca e palpe a mama com a mão oposta. Procure identificar nódulos ou outras alterações preferencialmente através de movimentos circulares. Repita este passo para a outra mama. Também poderá efetuar este exame durante o duche.
Quem deve fazer o rastreio do cancro da mama?
A Direção Geral de Saúde assim como outras entidades nacionais e internacionais recomendam que na mulher sem risco aumentado, este rastreio seja realizado através de mamografia entre os 50 e os 69 anos de idade, de 2 em 2 anos.
Na mulher ou homem com risco elevado, o início do rastreio e a sua frequência devem ser decididos caso a caso.
A realização complementar de outros exames de imagem como, por exemplo, ecografia mamária, também é decidida de acordo com as caraterísticas e padrão mamário.
Em suma, a prevenção é sem sombra de dúvidas, o grande pilar de proteção do nosso “castelo” que é a saúde. Já os nossos antepassados diziam que é importante prevenir para não ter de remediar e cabe-nos a cada um defender o que a nós pertence da maneira mais justa e adequada, de modo a que esta caminhada que é a vida seja feita da forma mais saudável e menos penosa possível.