Com os olhos conseguimos distinguir o tempo a passar e as estações do ano a sucederem-se umas às outras. É com eles que vemos as primeiras folhas a cair, as árvores a despirem-se e os dias a ficarem cada vez mais curtos, a anunciar que o outono chegou.
Nesta altura do ano há menos horas de luz natural e com a chegada do frio e da chuva passamos mais tempo em casa e consequentemente em frente da TV, do computador, do tablet e do telemóvel. A utilização excessiva dos meios digitais, e sem a ergonomia visual adequada, tem consequências oculares, ainda que não permanentes, tais como a astenopia (fadiga ocular), ardor e hiperemia (olho vermelho) associadas também à secura ocular pela ausência do pestanejo. Outra razão para uma mais frequente sensação de olho seco no outono é o facto de se estar mais próximo dos aquecedores e lareiras. Para mitigar estes sintomas, recomenda-se postura adequada à mesa/cadeira/ecrã durante o seu uso.
Usar preferencialmente boa iluminação natural, complementada com luz artificial superior, sempre paralela às janelas e paredes, para evitar reflexos nos ecrãs. Devem-se manter limpas as superfícies dos monitores e regular os brilhos para o mínimo, desde que perfeitamente visível, e o contraste para o máximo.
O pestanejo é muito importante na lubrificação ocular, assim como manter o ecrã afastado dos olhos entre 50 a 70cm, com o topo do monitor à altura dos nossos olhos e com uma inclinação de 10 a 20 graus para a frente.
Deve-se zelar para que as condições de temperatura e humidade ambiente sejam as mais confortáveis. Muito importante para reduzir a astenopia é realizar pequenos intervalos, aplicando a regra 20/20/6, isto é, a cada 20 minutos de fixação do ecrã, fazer uma pausa de 20 segundos fixando um objeto a 6 metros.
Muitas vezes surge a pergunta se nesta estação do ano não seria preferível usar lentes de contato por causa da chuva ou óculos por causa das lareiras. A resposta é individual e deve ser recomendada em consulta por um Optometrista. No caso de uso das lentes de contato é imperativo ter cuidado com a sua manutenção de limpeza, validade e tempo de utilização. A utilização diária deve ser de forma a permitir cerca de 2 horas sem porte de lentes de contacto. Nunca utilizar as lentes excessivamente próximo de fontes de calor, tais como lareiras e fogões. No caso de exposição ao ar condicionado pode ser necessário recorrer ao auxílio de lubrificantes oculares dado que são aparelhos que retiram a humidade do ar.
Também é bastante comum a questão se com o fim do Verão já não é necessário usar os óculos de sol. Estes são dispositivos de proteção individual, pelo que é fundamental que sejam utilizados ao longo de todo o ano, pois a radiação ultravioleta continua presente mesmo com o sol encoberto. Deve sempre confirmar que os óculos de sol cumprem com a norma ISO de proteção ultravioleta UVA e UVB, através da marca CE na haste da armação, seguida da indicação da categoria de 0 a 4. As categorias 2 e 3 estão recomendadas para uma utilização com intensidade luminosa média e alta, com permissão de utilização em condução automóvel. A escolha da categoria e cor da lente deve ser adequada à necessidade, ao conforto e a sensibilidade à luz do utente, garantindo uma visão confortável, sem alterar a noção das cores dos objetos observados.
Por fim e não menos importante, manter uma alimentação saudável, aproveitando os alimentos provenientes da época do outono, ricos em carotenos, como cenoura, abóbora, laranja, papaia, diospiro, vegetais verdes, peixe, frutos secos e muita água. A hidratação dos nossos olhos está relacionada com a forma como hidratamos o nosso corpo e, em particular, com a presença de vitamina A em quantidade suficiente.
Vigiar a nossa saúde da visão é assegurar e promover o nosso bem-estar, desenvolvimento e autonomia. É importante a realização de consultas de Optometria anualmente, prevenindo o surgimento de condições oculares evitáveis e irreversíveis.
Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a ACTIVA nem espelham o seu posicionamento editorial.