O cancro do pulmão é a principal causa de morte por doença oncológica a nível mundial. Um dos motivos da elevada mortalidade relaciona-se com o diagnóstico tardio, muitas vezes por ausência de sintomas em fases iniciais da doença.
O rastreio ou deteção precoce de cancro do pulmão destina-se a indivíduos sem sintomas, mas considerados de risco: entre 50 e 80 anos, fumadores ou ex-fumadores há menos de 15 anos com uma determinada carga tabágica, ou com exposição profissional, familiares diretos com cancro do pulmão, doença pulmonar obstrutiva crónica, fibrose pulmonar ou antecedentes de radioterapia sobre o tórax.
A deteção precoce, ao diagnosticar o tumor numa fase inicial, proporciona maior probabilidade de uma terapêutica eficaz potencialmente curativa. Deve ser efetuada uma TAC de baixa dose anual em centros com equipa multidisciplinar para avaliação e seguimento de eventuais nódulos pulmonares detetados.
Em Portugal e em vários países da Europa, ainda não está implementado o rastreio de cancro do pulmão de base populacional. A existência de sinais ou sintomas considerados suspeitos deve ser investigada rapidamente, se possível através de uma via verde, de maneira a dar prioridade e permitir um diagnóstico atempado.
Os sintomas de cancro do pulmão podem ser variados, dependendo da sua localização central ou periférica, mas tratando-se de um fumador que tem queixas habituais de tosse e expetoração, deve valorizá-los se as suas características se tornarem mais intensas, como uma tosse mais persistente, expetoração com sangue, uma dor torácica que não desaparece, uma falta de ar e pieira que não tinha, um emagrecimento sem causa aparente, uma rouquidão que permanece, entre outros.
Porque os tumores não são todos iguais, as abordagens de tratamento dependem da histologia, do estádio da doença, das alterações genéticas e das condições médicas do doente. A cirurgia, radioterapia, quimioterapia, terapêutica dirigida a alvos moleculares e imunoterapia podem ser administradas sozinhas ou em modalidades combinadas.
O tratamento curativo através da cirurgia só é possível nas fases precoces da doença, no entanto, nos últimos anos, a terapêutica personalizada dirigida a alvos moleculares e o aparecimento da imunoterapia, alteraram o prognóstico dos doentes com cancro do pulmão, mesmo com doença avançada.
A informação e comunicação médico-doente é presentemente cada vez mais enquadrada no contexto de cancro como doença crónica, o que pressupõe um contacto periódico e prolongado entre médico e doente. É fundamental a participação nas decisões terapêuticas, no sentido de passar a ser detentor de um conhecimento mais ou menos profundo da sua doença, das possibilidades terapêuticas disponíveis e das respetivas consequências, quer fisiológicas quer psicossociais.
Finalmente relembrar que cerca de 80-85% dos casos de cancro do pulmão se relacionam com o tabaco, por isso a melhor maneira de prevenir é deixar de fumar. Nunca é tarde para deixar de fumar, mesmo que tenha sido diagnosticado com cancro do pulmão.
Pessoas diagnosticadas com cancro do pulmão em estádios precoces que deixam de fumar podem duplicar a sobrevivência aos 5 anos quando comparadas com as que continuam a fumar.