Esta é a questão que passa pela cabeça de muitos pais de crianças pequenas e a resposta é mais simples do que parece: “O Pai Natal existe até quando cada criança quiser”. A verdade é que a figura do Pai Natal, o velhinho de barbas brancas vestido de vermelho, faz parte do imaginário coletivo e de um contexto cultural. Muitos de nós recordamo-nos das memórias de infância ligadas à figura do Pai Natal e a maior parte delas estão, com certeza, envoltas na magia natalícia que nos relembra o maravilhoso poder da ingenuidade e fantasia nesse período das nossas vidas.
Deve-se ou não promover esta crença? Aquilo que a maior parte dos especialistas em desenvolvimento infantil sugere é que, contar às crianças histórias sobre o Pai Natal, não as prejudica. Bem pelo contrário, ajuda na construção da fantasia, do faz de conta, da criatividade, que tão importantes são para o desenvolvimento cognitivo e socioemocional desta faixa etária.
Não existe uma idade certa para se revelar aos filhos que as histórias que contamos acerca do Pai Natal, que distribui presentes a todas as crianças do mundo e que entra nas nossas casas sem ser visto, deixando as tão desejadas prendas na chaminé, são apenas histórias e não se trata da realidade. Na verdade, sabe-se que entre os 5 e os 8 anos, com o desenvolvimento do pensamento realista, as crianças vão começar a questionar a veracidade dos factos, confrontando a realidade com a fantasia. Vão começar a duvidar como é que o Pai Natal consegue chegar a todas as crianças do mundo apenas numa noite, ou como é possível deslocar-se num trenó sobrevoando o céu. Este questionamento é muito positivo. É o desenvolvimento cognitivo em ação.
Nesse momento, os pais devem estar preparados para responder às dúvidas dos filhos com verdade. E uma boa hipótese é perceberem quais as suas crenças em relação ao mítico Pai Natal, devolvendo-lhes a pergunta: “E tu, achas que o Pai Natal existe mesmo?”. Podem também contar a história de S. Nicolau, o santo que deu origem à história do Pai Natal, com o seu exemplo de generosidade, bondade e altruísmo.
As reações sobre a descoberta de que o Pai Natal se trata de uma figura do imaginário, podem ser muito diversas. Muitas crianças podem ter sido confrontadas por um amigo, irmão ou primo e podem não estar preparadas para o compreender, reagindo com desilusão ou frustração. Outras, já têm quase a certeza de que as histórias do velhinho de barbas brancas são uma criação dos adultos e, como que cientistas à procura de provas, até reagem com orgulho à descoberta, encarando-a como uma porta para “o mundo dos crescidos”.
No entanto, mesmo aqueles que reagem com desilusão, acabam por compreender que não se trata de uma mentira dos pais, pois não são os únicos a acreditar, nem são apenas os pais que fomentaram esta crença. Muitas vezes, também os educadores na escola e outros familiares e amigos, alimentam o mito do Pai Natal. Será, portanto, uma desilusão que na maior parte das situações, não durará muito tempo.
Cada família tem as suas tradições e muitas delas optam por não cultivar a fantasia do Pai Natal. Naquelas que faz parte do espírito natalício a chegada do Pai Natal, aquilo que os especialistas revelam é que não existe qualquer interferência negativa no desenvolvimento infantil, por se ajudar a criar esta mística. Pelo contrário, as histórias do Pai Natal estão envoltas de fantasia e de valores nobres como a generosidade, o dar sem receber nada em troca e mesmo o respeito pelos mais velhos, transmitindo às crianças algo de positivo.
Muitas vezes, são estas histórias cheias de magia, inocência e ingenuidade que ficam nas nossas memórias e fazem da infância uma idade feliz.