O que é a Bronquiolite?
A bronquiolite aguda é uma inflamação das pequenas vias respiratórias presentes nos pulmões (bronquíolos) que pode acontecer desde o nascimento até aos 2 anos de idade. No entanto, os bebés entre os 3-6 meses são os mais frequentemente e gravemente afetados.
Esta inflamação é causada por diversos vírus, mas o Vírus Sincicial Respiratório (RSV) é o mais comum e o que provoca a doença mais grave. Por esta razão, o RSV é conhecido como “o vírus das bronquiolites”.
O que é o RSV?
O RSV é um vírus que se transmite com extrema facilidade através do simples ato de respirar, podendo afetar não só bebés, mas qualquer pessoa de qualquer idade. Este vírus entra na via aérea e ataca a mucosa, desde o nariz até aos pequenos bronquíolos. Este ciclo de transmissão é, precisamente, o grande problema do RSV:
– Nas crianças mais velhas, adolescentes e adultos, o RSV pode originar uma simples constipação;
– Estas pessoas constipadas deixam os vírus em circulação no ar (principalmente em espaços fechados: casa, café, restaurante, shoppings);
– O RSV que está no ar, ou nas superfícies contaminadas, vai ser inalado pelos bebés que acabam por ficar com os bronquíolos afetados e desenvolver uma bronquiolite.
Assim o RSV é responsável pelo aparecimento, não só de bronquiolites em bebés, mas também de pneumonias víricas, nasofaringites ou crises de asma em qualquer idade. Em Portugal, estima-se que o RSV possa ser responsável por mais 6.500 internamentos por ano, apenas desde o nascimento até aos 5 anos!
O RSV tende a aparecer em força no Outono-Inverno, no entanto, após a pandemia Covid-19, tem-se assistido a uma maior ocorrência de infeções por RSV durante o ano inteiro.
Quais os Sintomas?
A bronquiolite a RSV tem um desenvolvimento muito característico, desde que o vírus infeta o bebé até à resolução da doença.
Assim, os bebés com esta doença começam, habitualmente, com uma constipação que dura 1-3 dias. Entretanto, iniciam um quadro de tosse cada vez mais frequente, altura em que começam os sinais de falta de ar (costelas muito visíveis a respirar; e som característico ao respirar – pieira, chiadeira ou gatinhos). Em metade dos casos pode aparecer febre (geralmente < 39ºC) ou dificuldade em comer.
A bronquiolite a RSV tende a agravar mais nos primeiros 3-5 dias, sendo essa a altura mais crítica em que os pais devem estar atentos. Passando esta fase, habitualmente, os bebés começam a recuperar lentamente. A tosse pode durar 1-2 semanas e a inflamação na via aérea pode permanecer mais tempo ainda, podendo originar uma fragilidade pulmonar que leva ao aparecimento de problemas respiratórios crónicos.
Quais os Sinais de Preocupação?
Na bronquiolite, as seguintes características devem motivar uma avaliação médica num curto espaço de tempo:
– Idade < 3 meses;
– Bebé prematuro;
– Pausas a respirar;
– Bebé difícil de acordar, apático ou cansado;
– Dificuldade a respirar muito intensa (respirar muito rápido, costelas demasiado marcadas);
– Bebé a conseguir comer apenas metade do habitual;
– Bebé com alguma doença crónica;
Como Tratar?
Infelizmente, não existe nenhum tratamento específico para a bronquiolite. No entanto, podem (e devem) fazer-se os seguintes cuidados gerais:
– Limpeza nasal;
– Inclinar a cabeceira do berço a 30º;
– Comer/beber pouco de cada vez e várias vezes durante o dia.
Como Prevenir?
Apesar de não haver tratamento específico para abronquiolite, existem, sim, formas eficazes de prevenção. Neste sentido, especialistas nacionais de diversas áreas reuniram-se nos últimos meses para pensar em soluções futuras (soluções clínicas, sociais, económicas e políticas) para diminuir esta “epidemia pediátrica” em Portugal. Estas reuniões – denominadas ‘RSV Think Tank’ – trouxeram à luz do dia a necessidade de transmitir a toda a população as diferentes medidas para diminuir o impacto desta doença provocada pelo RSV.
MEDIDAS GERAIS NÃO-FARMACOLÓGICAS
– Os adultos que contactam com os bebés devem ter todos os cuidados de higiene e etiqueta respiratória (não colocar as mãos no nariz e boca; lavar as mãos com regularidade; utilizar máscara em caso de constipação ou doença);
– Evitar que os bebés frequentem espaços fechados com muita gente;
– Sempre que possível, evitar a frequência de infantários até aos 2 anos;
– Evitar contacto com pessoas constipadas.
MEDIDAS FARMACOLÓGICAS
Atualmente, em Portugal, apenas está disponível uma “vacina” contra o RSV, aplicada mensalmente entre Outubro-Março, para bebés que nasceram muito prematuros e que tenham problemas de saúde.
Esta é uma proteção essencial para estes bebés de elevado risco, no entanto, estima-se que, em Portugal, 93% dos internamentos por RSV (em enfermaria ou em cuidados intensivos) ocorram em crianças saudáveis e sem qualquer problema ao nascimento (ou seja, não elegíveis para a “vacina” atualmente existente). Por esta razão, espera-se que, brevemente, possa ser introduzida uma nova “vacina” que poderá ser aplicada 1 vez por ano a todos os bebés, protegendo-os contra a Bronquiolite a RSV.
Instagram: O Pediatra | Prof. Dr. Manuel Magalhães
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