Nos últimos anos, o cancro do pulmão assumiu-se como a principal causa de morte por doença oncológica. Em Portugal, a cada ano, são diagnosticadas 5.415 pessoas. A frieza dos números diz que todos os dias morrem 13 pessoas.
Mas, apesar dos números trágicos, também há esperança. Talvez não saiba que A DETEÇÃO precoce pode mudar por completo o rumo desta doença. Assim, neste pequeno texto refletiremos sobre como a doença está a aumentar entre as mulheres, como prevenir, como detetar precocemente através da identificação de “sinais de alarme”, alertando para o impacto do diagnóstico em fases precoces da doença e as iniciativas para fomentar nesse sentido.
Qual a frequência de cancro do pulmão?
O cancro do pulmão é a principal causa de morte por cancro em Portugal, bem como mundialmente.
Em 2020, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) foi a doença responsável por 1,8 milhões de mortes no mundo, assumindo a tendência das últimas décadas. Em 1953, o cancro do pulmão tornou-se a principal causa de morte por doença oncológica nos homens, a nível mundial. Mais tarde, já nos anos 80 (1985) surge como a principal causa de morte por cancro na mulher.
Em Portugal, em 2020, registaram-se 5.415 diagnósticos de cancro do pulmão, dos quais 1.482 em mulheres (27,4%) e 3.933 (72,6%) em homens. Agora não restam dúvidas de que este aumento do diagnóstico de cancro do pulmão na mulher acompanha a tendência do aumento de tabagismo no sexo feminino.
Quais são as manifestações (sinais e sintomas) de cancro do pulmão?
A tosse persistente é o sintoma mais frequente, e como surge em muitas doenças além do cancro, arrisca ser desvalorizada.
Outros sintomas incluem a dor no peito ou no ombro que não desaparece, o aparecimento de sangue na expectoração, dificuldade em respirar ou falta de ar, rouquidão ou diminuição da voz, respiração ruidosa, infeções pulmonares repetidas, bem como o cansaço e a perda de peso.
Quais são os fatores de risco?
Globalmente, estima-se que 80 a 90% dos casos de cancro do pulmão estejam relacionados com o tabaco. Existem outros fatores de risco, como a exposição a rádon, substâncias como o amianto, radiação, doenças pulmonares como a fibrose pulmonar, e também a infeção pelo VIH (Vírus da Imunodeficiência Humana).
Qual é o impacto do diagnóstico em fases precoces da doença?
Na verdade, o que acontece é que no momento do diagnóstico mais de 50% dos doentes apresentam já doença metastizada. Nestas circunstâncias, a taxa de sobrevivência aos 5 anos é cerca de 8 vezes inferior ao verificado na doença localizada. Por essa razão é tão importante estar atento aos sinais de alarme!
Lembre-se sempre que “O Cancro do pulmão não tira férias” e a mensagem desta campanha não deixa esquecer: “respeita os sinais do teu corpo como respeitas a bandeira da praia’”.
Como diagnosticar mais precocemente?
Na presença e na dúvida quanto aos sinais de alarme, não há que hesitar, o primeiro passo é sempre procurar o médico. Sabemos também que a implementação de programas de rastreio de cancro do pulmão com TAC (tomografia computorizada) de baixa dose em populações de risco, nomeadamente de fumadores e ex-fumadores, demonstrou a redução da mortalidade por cancro do pulmão superior a 20%.
Destaco dois estudos, o NLST e o estudo NELSON, que incluíram, respetivamente, 53.454 e 15.789 pessoas. Nesse sentido, perante as evidências, a Comissão Europeia já veio aconselhar a implementação de programas de rastreio de cancro do pulmão com TAC (tomografia computorizada) torácica de baixa dose em populações de risco.
Em Portugal não existe ainda um programa de rastreio de cancro do pulmão de âmbito populacional. A PULMONALE (Associação Portuguesa de Luta Contra o Cancro do Pulmão) elaborou e apresentou recentemente um projeto piloto de rastreio de cancro do pulmão.
Mensagem final
O cancro do pulmão não tira férias, esteja atento(a).
Quando o rastreio de cancro do pulmão estiver disponível, se reunir os critérios, realize os exames.
A prevenção é fundamental e deixar de fumar é o primeiro passo. A atenção aos sinais de alarme é a melhor estratégia para a deteção precoce da doença, por essa razão, em caso de dúvida ou suspeita, consulte sempre o seu médico.
Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a ACTIVA nem espelham o seu posicionamento editorial.